Parreira contraria pessimismo e declara Brasil favorito ao título no Chile
Poucos profissionais do futebol entendem mais de Seleção Brasileira que Carlos Alberto Parreira. Tetracampeão mundial em 1994 e comandante brazuca na Copa de 2006, o técnico decidiu pela aposentadoria após o vexame brasileiro no Mundial do ano passado, quando foi coordenador técnico do Brasil.
Hoje dedicando-se a “projetos pessoais”, Parreira garantiu à reportagem da Gazeta Esportiva.Net que vem acompanhando quase todas as partidas da Copa América. E, apesar da grande desconfiança que o torcedor brasileiro vem mostrando em relação à Seleção de Dunga, o técnico do tetra mantém o otimismo com a atual geração canarinha. Para ele, favorita a vencer o torneio no Chile.
“O Brasil tem história, bagagem, camisa. Não temos muitos craques, mas o nível técnico da equipe é bom. William é titular no Chelsea, Daniel Alves no Barça, Miranda no Atlético de Madrid, David Luiz e Thiago Silva no PSG... Todos são estrelas em grandes clubes do futebol mundial. O brasileiro é muito exigente. É evidente que não temos grandes gênios, como Pelé, Garrincha, Tostão, mas o nível técnico do time é bom. Estando motivados como parecem estar e mantendo a organização que o Dunga vem dando ao time, a Seleção Brasileira é favorita sim”, avaliou Parreira.
Fernando Dantas/Gazeta Press
Argentina e Chile: possíveis “pedras no sapato”
Além do Brasil, o ex-técnico destacou duas seleções como possíveis pedras no sapato brasileiro nesta reta final de Copa América: Argentina e Chile. Este, pelo fator casa e pela boa geração do seu futebol. Aquela, por manter a base do vice-campeonato mundial em 2014. Além disso, Parreira destacou o elevado nível da Copa América.
“Houve uma coisa recorrente, a globalização. As distâncias entre os países diminuíram, o nível técnico está muito bom. Temos jogadores bons, titulares e expoentes em suas equipes. Além do Brasil, tem a Argentina, um time já formado há mais tempo, que manteve a base da Copa. O nosso time está em formação, eles mantiveram a base. E tem também o Chile, time da casa, não só por ser mandante, mas pela sua atual geração”, avaliou.
AFP
Geração 94 x Geração 2015
Dez jogadores bons, um fora de série. Em 1994, Romário. Em 2015, Neymar. Comparações entre a atual geração do futebol brasileiro e a campeã mundial nos Estados Unidos chegam a ser inevitáveis, especialmente entre os mais otimistas torcedores. Não para Parreira. Segundo o ex-técnico, tentar relacionar duas épocas distintas é algo impossível, e não só no futebol.
“Eu aprendi que não se compara épocas. Seja no futebol na vida, na música ou nas artes. É muito subjetivo. Não há parâmetros racionais para se fazer isso”, disse Parreira.
“A seleção de 94 tinha bons jogadores, não tenha dúvidas. Taffarel, Aldair, Jorginho, Branco, Dunga, Raí, Romário. Era um time muito bom. Além do Romário e do Bebeto, tinha o Viola, o Muller e o Ronaldo no banco. A Seleção do Dunga é um time que está sendo formado agora, com muitos jogadores jovens, como o Firmino, que ainda estão procurando seu espaço”, completou.
Para o comandante do tetra, a disciplina tática é o que pode levar o time de Dunga ao mesmo sucesso que a geração de 20 anos atrás. “O Dunga tem uma filosofia como nós tínhamos também. Um time que sabe se defender, bem organizado sem a bola. Hoje em dia, ganha quem aprende a jogar com e sem a bola. E ele tem procurado fazer isso no Brasil”, avaliou.
Acervo/Gazeta Press
“Robinho pode desequilibrar”
Para Parreira, a ausência do maior craque do futebol brasileiro na atualidade pode abrir espaço para outros atacantes brilharem no Chile: Robinho, representando a experiência, e Firmino, a juventude. “Robinho pode ser útil pela experiência, versatilidade. O Firmino vale a pena ficar de olho. É um jogador que ainda não desabrochou, mas que nos momentos decisivos vai lá e decide”, destacou.
Firmino em 2014?
Recém-contratado pelo Liverpool pela bagatela de R$ 140,5 milhões, tornando-se o segundo reforço mais caro da história dos Reds, Firmino é a esperança de gols do Brasil para o restante da temporada. O alagoano, que deu seus primeiros passos no futebol nas categorias de base do CRB, chamou a atenção de diversos gigantes do futebol europeu depois de ótimas temporadas com a camisa do Hoffenheim, da Alemanha.
No modesto clube do sudoeste do país desde 2011, atingiu seu ápice na temporada de 2013/2014, quando fez 16 gols e deu 11 assistências no Campeonato Alemão. Justamente a temporada anterior à convocação final para a Copa do Mundo de 2014. Então coordenador técnico da Seleção, Parreira admitiu que chegou a observar o atacante, mas que chamá-lo seria inviável devido à inexperiência.
“O Firmino não estava maduro para ir a uma Copa. Era complicado pegar um jogador sem nenhuma experiência na Seleção e levá-lo para uma Copa do Mundo. Se ele tivesse experiência em Eliminatórias, Copa das Confederações, aí sim poderíamos pensar. Não se faz teste em Copa do Mundo”, comentou Parreira.
AFP
Para deixar de lado a má impressão deixada pelo futebol apresentado na primeira fase da Copa América e confirmar a tese de Carlos Alberto Parreira, o Brasil entra em campo neste sábado, às 18h30 (de Brasília), contra o Paraguai, buscando uma vaga nas semifinais da competição. O jogo acontece no Estádio Mundial de Concepción (Chile).
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