Qual o torcedor que deve mais no futebol brasileiro?
Calma,
não se preocupe, a pergunta do título nada vai impactar sua vida
financeira nesses tempos que prometem ser dos mais bicudos.
Se, hipoteticamente, cada torcedor, sem exceção,
pudesse ou tivesse que pagar a dívida de seu clube do coração (entre os
18 maiores), qual seria esse valor?
É o que mostra esse estudo preparado pela Pluri
Consultoria e que complementa o anterior, sobre as receitas, disponível
no último post. Ainda em linha com o que esse OCE vem publicando, o
penúltimo post mostra a análise dos profissionais do Itaú BBA sobre as
dívidas de nossos clubes (nesse caso de 23 clubes).
Esses dois estudos da Pluri dão um colorido
especial e uma boa complementação para a próxima sequência de posts, que
mostrarão, um a um, a análise financeira dos 23 clubes abordados pelo
pessoal do mercado financeiro.
Tal como no estudo anterior, a base para os
cálculos foi a pesquisa Pluri Stochos, com seus percentuais de torcidas
aplicados sobre as estimativas do IBGE para a população brasileira. Pelo
lado financeiro, o estudo baseou-se, naturalmente, nos balanços dos
clubes.
Então, prepare o bolso e vamos aos números, precedidos por comentários dos autores desse trabalho.
Dívidas por torcedor crescem 78% nos últimos 5 anos
Imagine se os torcedores de cada clube decidissem
se reunir e pagar as dívidas de seu time do coração, quanto seria a
contribuição necessária de cada um deles?
Claro que essa é uma possibilidade inexistente, mas
sabemos que os torcedores são fonte fundamental de receitas para os
clubes, portanto o tamanho das dívidas de um clube não pode ser avaliado
isoladamente, devendo ser considerado o tamanho de cada torcida para
uma análise mais adequada. Imagine dois clubes com dívidas de R$ 100
milhões, mas um deles com 1 milhão de torcedores e o outro com 10
milhões. É claro que os dois terão capacidades de pagamento diferentes,
dado o potencial de arrecadação do clube de maior torcida ser maior do
que o outro. Por outro lado, se você disser que um clube com 1 milhão de
torcedores tem receitas semelhantes a um com 10 milhões, é certo que
haverá uma diferença na qualidade da gestão entre estes clubes, em favor
do primeiro.
Olhar as Dívidas de acordo com o número de
torcedores traz uma nova perspectiva sobre a questão. Clubes com dívidas
totais elevadas podem não parecer em situação tão ruim quando
comparados com a capacidade de seu mercado consumidor. Outros, porém,
terão que ser muito mais eficientes na capacidade de arrecadação de
recursos junto a seu público alvo. Mas de nada adianta ter grande
torcida e não gerir os recursos eficientemente, afinal, até mesmo o
bolso do torcedor mais apaixonado tem limites.
A relação entre as dívidas totais dos 18 clubes de maior torcida e o seu número estimado de torcedores subiu 78% nos últimos 5 anos, passando de R$ 20,25 em 2009 para R$ 36,04 em 2013.
O Corinthians aparece como o clube com a menor relação entre as dívidas e o número estimado de torcedores: R$ 7,38,
valor 80% inferior à média dos 18 maiores clubes. O Sport vem em
segundo lugar com R$ 7,51 e o Vitória em terceiro, com R$ 10,43.
No outro extremo o Botafogo aparece com a maior relação entre o endividamento líquido e o número de torcedores - R$ 240,40. Em seguida aparece o Coritiba, com R$ 153,90 e o Fluminense com R$ 146,00.
Os clubes que mais avançaram neste quesito nos últimos 5 anos foram Atlético Paranaense, com impressionantes 8.508%, Vitória com 597% e Bahia com 428% de aumento nas dívidas entre 2009 e 2013.
Por outro lado, os melhores resultados foram do Sport, com uma redução de 56%, o Atlético Mineiro com menos 15% e o Fluminense com um aumento de apenas 24%.
Vale destacar que o Corinthians não tem lançado
nesse balanço as dívidas referentes ao seu estádio, enquanto no caso do
Atlético Paranaense ao menos uma parte pode já estar incorporada.
Somente no próximo ano, em maio, já de posse dos balanços referentes a
2014, teremos uma base mais sólida e coerente com a realidade de hoje.
Veja no post anterior a relação Receitas/Torcedor.
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