Presidente chora, e Santos vai à Fifa por indenização no caso Neymar
Modesto Roma Jr. compareceu à sala de imprensa da Vila Belmiro nesta sexta-feira para comunicar oficialmente a primeira medida judicial do clube referente à transferência de Neymar ao Barcelona, consolidada em 31 de maio de 2013. Ao lado de todo o departamento jurídico do Peixe e de membros do alto escalão da diretoria, o mandatário segurou o choro logo no início de seu pronunciamento, mas, de forma contundente, avisou que o Santos já acionou a Fifa com o intuito de obter uma parte maior dos valores envolvidos na transação, indenização por danos e pelas despesas com o caso.
No processo encaminhado à Fifa na última quinta, o Santos se inclui como parte e protesta contra Barcelona, Neymar, Neymar pai e a empresa Neymar Sport e Marketing. O clube espanhol deve ser notificado nos próximos dias e, a partir disso, terá 20 dias para se manifestar.
Na sequência, a Fifa inicia o processo de colheita de provas antes de decidir se abrirá audiência ou se externará o veredicto diretamente. Serão 24 membros da corte arbitral da Fifa que vão julgar o caso, porém um espanhol e um brasileiro devem ser substituídos ou apenas excluídos extraordinariamente.
Independente de quem seja ‘derrotado’ na ação, cabe recurso no Tribunal Arbitral do Esporte (TAS). E aí o processo praticamente recomeça, com 20 dias de prazo para manifestações, mais colheita de provas para, enfim, chegar a uma resolução, desta vez, definitiva, sem acesso a recursos. No TAS, são apenas três membros que julgam o caso.
"O Santos Futebol Clube respeita e idolatra todos os seus ídolos e com relação a eles teremos todos como bem maior do Santos. O que vamos falar hoje não é sobre ídolo, mas sim sobre relações comerciais e de negócios do clube", disse o presidente. "Temos o Santos como sendo maior que suas partes. Respeitamos a todos e as suas imagens, mas precisamos ressarcir os prejuízos causados ao clube. A obrigação do Santos é com a entidade e, se essa transferência não for muito bem analisada, causará prejuízos sérios ao futebol mundial. Desmoronará todo o mecanismo de transferência no ambiente Fifa", completou Modesto Roma Jr.
Ricardo Saibun/Santos FC
Entenda o caso No momento do anúncio da contratação de Neymar, em 2013, o Barcelona revelou o pagamento de € 57,3 milhões. Deste valor, o Peixe, dono de 55% dos direitos econômicos do atleta à época, recebeu € 17,1 milhões, mas teve de repassar € 6,8 milhões ao grupo Sonda e € 800 mil ao grupo Teisa, por normas contratuais.
Porém, a Audiência Nacional da Espanha, que funciona como Ministério Público do país europeu, descobriu que ao menos € 83 milhões foram envolvidos na transação do brasileiro.
O Santos, então, entende que tem direito a diferença de € 57,3 milhões, valor declarado inicialmente, e os € 83 milhões, a quantia descoberta pela Justiça espanhola. Vale lembrar, no entanto, que dos € 26 milhões ‘ocultos’, o clube teria direito a 55%, fatia referente aos direitos econômicos do time da Vila Belmiro antes da venda ser concretizada.
Mesmo diante dos fatos contratuais, o valor pretendido pelo Peixe com a ação ainda não pode ser calculado, pois se somam indenizações por danos, com juros corrigidos, e despesas com o caso.
O prazo para uma definição também é impreciso, e a advogada contratada pelo clube, Fátima Bucker, adiantou que não espera uma resolução em menos de seis meses.
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