Brasileiro fala em mobilização por Dnipro, guerra e saída de Egídio
A Ucrânia é um dos países europeus que mais possuem jogadores brasileiros em seu futebol. No Dnipro, clube do país que escreve a página mais importante de sua história nesta quarta-feira, na final da Liga Europa diante do Sevilla, não é diferente. O elenco da equipe conta com três brazucas: o lateral Leo Matos, o atacante Matheus e o zagueiro Douglas.
Em entrevista à Gazeta Esportiva.Net, o ex-defensor vascaíno contou um pouco sobre o impacto dos conflitos com a Rússia, além da sua chegada ao clube e da paixão que o povo ucraniano nutre pelo esporte.
“O povo ucraniano adora futebol. Nossa equipe é a única da cidade, então, os torcedores são apaixonados pelo time, sempre comparecem em bom numero na maioria dos jogos. Esse momento está sendo maravilhoso pra ele”, comentou.
Divulgação/Facebook
O zagueiro começou a carreira em 2009, vestindo a camisa do Juventude. Um ano depois, após uma curta passagem pelo América-RN, Douglas chegou ao Vasco, onde ficou até 2012, quando se mudou para a Ucrânia. Já adaptado às condições de vida do país, o atleta de 25 anos relembrou as dificuldades especialmente em aprender o idioma. Segundo ele, o difícil período foi amenizado pela presença de dois compatriotas em especial: o meia Giuliano, hoje no Grêmio, e o atacante Matheus.
“Foi uma mudança muito grande sair do Brasil e vir pra Ucrânia, levei alguns meses pra me adaptar ao estilo de vida totalmente diferente ao qual estava acostumado, ao clima e à língua, uma das maiores dificuldades. Mas hoje me sinto muito bem adaptado”, disse. “O Matheus e o Giuliano foram meus anjos da guarda quando eu cheguei. Foram as pessoas que mais me ajudaram desde minha chegada”, revelou.
Conflito com a Rússia
Em 2014, a queda do presidente Viktor Yanukovych, os conflitos entre separatistas e adeptos à União Europeia, além da crescente onda separatista na Crimeia, levaram a Ucrânia a uma das maiores crises de sua história. A guerra contra a Rússia, que chegou às vias de fato com bombardeios em diversas cidades do país, teve seus reflexos também no futebol. Em Donetsk, o estádio do Shakhtar chegou a sofrer um ataque aéreo, o que levou seis jogadores brasileiros a não se apresentarem ao clube após o período de férias.
Porém, em Dnipropetrovsk, a situação foi bem diferente. A cidade, que fica a 250 km de Donetsk, foi pouco afetada pelo conflito, que se concentrou na região leste do país. Segundo Douglas, apesar do temor, a ausência de incidentes graves na terra do Dnipro o fez permanecer na Ucrânia.
“Nunca imaginava passar por uma situação dessa (de conflito). Felizmente, aqui na cidade, desde o inicio dos conflitos, nunca aconteceu nada sério. Dnipropetrovsk sempre viveu um bom clima, obviamente sentindo a tensão com o que vinha acontecendo e acompanhando os noticiários, mas todos procuraram levar sua vida. Estava preocupado, não nego, mas o que me deixava tranquilo era a cidade. Se algo mais grave acontecesse, é claro que daria prioridade à minha vida e me mudaria, mas até então não precisei tomar nenhuma medida mais radical”, lembrou o zagueiro.
Divulgação/Facebook
Douglas acredita que a presença do Dnipro na final da Liga Europa pode ser um meio de levar alegria à população do país e restaurar o sentimento de patriotismo. Segundo ele, toda a Ucrânia está na torcida pelo time.
“Tenho certeza que não só os torcedores do Dnipro, mas todo o povo ucraniano está contente com o momento que a nossa equipe vem vivendo. Nesse momento, através do futebol, estamos conseguindo trazer um pouco de alegria a esse povo que vem sofrendo a alguns meses. Graças ao futebol, podemos trazer um pouco de alegria ao povo ucraniano”, disse. Para isso, o defensor deverá parar um ataque que marcou 26 vezes em 14 jogos pela competição.
Egídio
Em janeiro deste ano, o lateral esquerdo Egídio chegava a Dnipropetrovsk após se destacar na campanha que rendeu o bicampeonato brasileiro ao Cruzeiro em 2014. Entretanto, a estadia do jogador em solo ucraniano durou somente três meses. Em março, o atleta deixou o Dnipro alegando não-pagamento de salários e pouco tempo depois acertou com o Palmeiras.
Apesar de admitir certo atraso nos pagamentos, Douglas garantiu que o problema era exclusivo do jogador, garantindo que nenhum atleta do clube tem problemas com falta de salários.
“O caso do Egídio é uma situação à parte do que nós jogadores estamos vivendo. O Egídio chegou, teve suas razões pra fazer o que fez, mas é algo particular dele. Não posso afirmar que recebemos em dia, mas também não temos grandes problemas. Ele chegou e acredito que ele teve as razões dele pra fazer isso, mas talvez não tenha cumprido com o que tinha acordado. Mas não posso dizer aqui quem está certo e quem está errado”, declarou.
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