Blatter cita humilhação e sombras para se afastar de escândalo

O presidente da Fifa, Joseph Blatter, adotou tom de lamentação para falar sobre o escândalo de corrupção que resultou na prisão de sete dirigentes da entidade internacional, entre eles o brasileiro José Maria Marin. O mandatário suíço se eximiu de culpa pelos ocorridos e disse que os casos descobertos pelo FBI são uma sombra e representam humilhação na história do futebol.
Sete membros da Fifa foram presos na manhã de quarta-feira pelas autoridades suíças a pedido do departamento de justiça dos Estados Unidos por casos de corrupção em acordos de marketing, venda de direitos de transmissão de eventos e na escolha de sedes da Copa do Mundo.
“Os eventos de ontem causaram uma grande sombra sobre o futebol. Ações de indivíduos trouxeram vergonha e humilhação para o futebol e exigem ações imediatas de todos e não podemos deixar que a reputação da Fifa seja manchada”, disse o suíço em seu pronunciamento na abertura do 65º congresso da entidade internacional, nesta quinta-feira.
As prisões ocorreram na manhã de quarta, véspera da abertura da assembleia da Fifa que definirá o próximo presidente da entidade. No cargo desde 1998, Joseph Blatter tenta seu quinto mandato e terá como único adversário o príncipe jordaniano Ali bin al-Hussein, que ganhou força para o pleito de sexta-feira após o escândalo de corrupção.
AFP
Joseph Blatter discursou na abertura do congresso da Fifa tentando se afastar de escândalo
Antes da abertura do congresso da Fifa, representantes da Uefa, associação europeia de futebol, reuniram-se e decidiram apoiar o príncipe jordaniano na eleição. Seu presidente, Michel Platini, pediu expressamente que Blatter desistisse de sua candidatura. Do lado de fora do prédio da entidade, manifestantes pediram a renúncia e prisão do suíço.
Por isso, Blatter tentou afastar sua imagem do escândalo de corrupção, atribuindo os casos a ações individuais em vez de um esquema instaurado na Fifa e em suas filiadas. Na tarde de quarta-feira, a entidade decidiu banir de seus quadros os dirigentes envolvidos no caso.
“Sei que muitas pessoas me consideram responsável pelos problemas da comunidade global do futebol, mas não posso monitorar a todos o tempo todo. Não podemos permitir que a ação de alguns destrua o trabalho duro e árduo de muitos, a maioria que trabalhou tão forte e intensamente pelo futebol. Esses culpados pela corrupção no futebol são minoria”, afirmou.
Foram presos em Zurique José Maria Marin, vice-presidente da CBF, o presidente da Concacaf e vice-presidente da Fifa, Jeffrey Webb; o presidente da Federação da Costa Rica, Eduardo Li; ex-funcionário da Federação da Nicarágua, Julio Rocha; o ex-vice presidente da Conmebol e antigo mandatário da Federação Uruguaia, Eugenio Figueredo; o presidente da Federação Venezuelana de Futebol, Rafael Esquivel; e o ex-dirigente da Federação das Ilhas Cayman Costas Takkas.
Jack Warner, ex-presidente da Concacaf e ex-vice presidente da FIFA, entregou-se às autoridades na noite de quarta-feira. Os outros indiciados pela justiça norte-americana são Nicolás Leoz, ex-presidente da Conmebol, e os empresários Aaron Davidson, Alejandro Burzaco, Hugo e Marianko Jinkis e José Margulies.
O brasileiro José Hawilla, dono da empresa de marketing esportivo Traffic, foi indiciado em dezembro passado por conspiração de fraude eletrônica, lavagem de dinheiro e obstrução de justiça na investigação norte-americana. Considerado culpado, ele concordou em devolver mais de US$ 150 milhões

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