Mudanças de nome e jogadores soldados marcam história do Dnipro

Mudanças de nome, anos no amadorismo, interrupção das atividades durante a Segunda Guerra Mundial, redenção na década de 80. Essas são algumas páginas da história do FC Dnipro Dnipropetrovsk. Nesta quarta-feira, às 15h45 (de Brasília), diante do Sevilla em Varsóvia, capital da Polônia, o a equipe ucraniana pode escrever a maior glória de sua longa história de 97 anos, conquistando o título da Liga Europa.
O Dnipro, hoje assim chamado, foi fundado em 1918 e representado nos primeiros anos por funcionários de uma fábrica metalúrgica de Dnipropetrovsk, antiga Ekaterinoslav. A equipe amadora, antes chamada de BRIT, teria ainda mais cinco nomes: Petrovets, Stal, Metaluhr e Dnepr, que tornou-se Dnipro após a queda da URSS em 1991.
O time, que fechou durante a Segunda Guerra Mundial e viu alguns dos seus jogadores lutarem no conflito, tem como maiores conquistas os títulos da Liga Soviética de 1983 e 1988. Hoje, após anos apagado no cenário ucraniano, vive a euforia de chegar pela primeira vez a uma final continental, ainda mais depois de desbancar tradicionais clubes como Napoli e Ajax. Confira a história do finalista da Liga Europa.
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Nos anos 80, Dnipro chegou às maiores glórias de sua história, conquistando o bicampeonato soviético
Os primeiros anos
A história do Dnipro remonta aos primeiros anos pós-Revolução Bolchevique no Império Russo. O time foi fundado em 1918 pela fábrica metalúrgica Petrovsky, com o nome de BRIT. Na agremiação ainda amadora, jogavam funcionários da indústria, principalmente belgas e franceses. Anos depois, em 1925, a Petrovsky se desenvolveu e se tornou uma das principais indústrias de ferro da União Soviética. Com isso, a empresa pôde criar um clube desportivo oficial: o Petrovec, que ficaria conhecido como Petrovets.
No início da década de 1930, o futebol foi ganhando cada vez mais adeptos no Leste Europeu e, em 1936, acontecia a primeira competição entre clubes da URSS. As vagas no torneio eram restritas a três grandes cidades soviéticas: Kiev, Leningrado e Moscou. Com isso, o Dínamo de Kiev seria o único ucraniano do torneio, o que levou o Petrovec, com um novo nome, Stal, ter de disputar o Campeonato Ucraniano, de viés amador.
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Clube foi fundado em 1918 por funcionários de uma indústria metalúrgica
Fim das atividades na Segunda Guerra Mundial e ressurgimento
No dia 22 de junho de 1941, as tropas da Alemanha Nazista invadiam a Ucrânica, dando início à “Grande Guerra Patriótica”, nome pelo qual a Segunda Guerra Mundial ficou conhecida para os soviéticos. O rebuliço causado pelo conflito levou muitos times de futebol do país a paralisarem suas atividades. Com o Stal, não foi diferente: muitos jogadores do time tiveram de servir ao Exército Vermelho na Guerra.
A equipe retornaria às atividades em 1945, em um país devastado pelo conflito. As lembranças do primeiro treinamento do Stal após o conflito estão transcritas no site oficial do clube. O então treinador Ivan Lukin, que também foi soldado na Guerra, fala sobre o primeiro treino da volta do Stal.
“Treze jogadores vieram no primeiro treino. Suas aparências deixavam a desejar, porém nos olhos de cada um brilhava a vontade de jogar futebol. Os garotos correram duas voltas e ficaram exaustos. Pararam e esperaram por instruções, mas ninguém reclamava. Estava claro: eles tinham se esgotado até o limite. Tive que parar o treino e dar a eles dois dias de folga”, relatou.
Quatro anos depois, o time passaria a se chamar Metallurg. Após algum tempo amargando a as divisões inferiores do futebol soviético, a equipe chegou à maior glória de sua história até então em 1954, disputando as semifinais da Copa da URSS, quando perdeu por 4 a 0 para o Spartak Yerevan, forte time armênio na época. Porém, a campanha comandada pelo centroavante e ídolo Mikhail Didevich foi marcante. Pela primeira vez, o Metallurg deixava o papel de coadjuvante no mundo soviético.
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Clube ressurgiu em 1945, após o fim da Segunda Guerra Mundial
Novo nome, e era de ouro na década de 80
Ao final de 1961, o Metallurg mudou de administração e, mais uma vez de nome: agora, o time se chamaria Dnepr. Cinco anos depois, inaugurou o Estádio Meteor, onde jogou até 2008, quando se mudou para a moderna Dnipro Arena, sua atual casa.
E foi no Meteor transbordando de torcedores que, em 1983, o Dnipro chegaria ao maior feito da sua história. Dois pontos à frente do Spartak Moscou na liderança da Liga na ocasião, o time de Dnipropetrovsk precisava de um empate simples na última rodada para evitar um segundo jogo para decidir a taça, e conseguiu vencer por 3 a 2. O feito seria repetido em 1988, com mais um título soviético.
Fim da URSS, nova casa e final da Liga Europa 
Com a queda da União Soviética em 1991, o Dnepr passaria a ser conhecido pela forma ucraniana do seu nome: Dnipro. Ao lado do Dínamo de Kiev, a equipe era protagonista no novo futebol ucraniano, agora independente da URSS.
Dois anos depois, uma empolgante geração do time comandada pelo técnico Mykola Pavlov ficou com o vice-campeonato, perdendo para o Dínamo por conta do saldo de gols. Bater na trave, aliás, é especialidade da equipe desde o bicampeonato soviético. De lá para cá, o Dnipro amarga três vice-campeonatos da Copa da Ucrânia, em 1995, 1997 e em 2004, além de cinco terceiros lugares na Liga Nacional.
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Dnipro Arena é a casa da equipe desde 2008, substituindo o antigo Estádio Meteor
Outra página importante da história do clube foi escrita em 2005, quando a diretoria firmou acordo com uma empresa ucraniana para a construção de uma arena moderna em Dnipropetrovsk. A Dnipro Arena seria inaugurada depois de três anos, em 2008, com capacidade para 31 mil torcedores, substituindo o antigo Estádio Meteor.
Entretanto, o estádio é restrito às competições nacionais, já que a UEFA obriga todos os clubes ucranianos a mandarem suas partidas continentais em Kiev desde a explosão dos conflitos do país com a Rússia, em 2014. Mesmo jogando longe dos seus domínios, o Dnipro superou as adversidades e chegou ao maior feito da sua história: a final da Liga Europa, após passar por times como Olympiacos, Ajax, Club Brugge e Napoli. Até então ofuscado por Dínamo de Kiev e Shakhtar Donetsk, o até então coadjuvante na Ucrânia vai dando suas caras no cenário europeu.

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