Com nipo-africano, clube luta pelo acesso no futebol de São Paulo

Filho de pai ganês e mãe japonesa, zagueiro Jun Matsui e outros três asiáticos tentam sorte no Brasil pelo Pirassununguense, que disputa a 2ª divisão do Paulista

Por Pirassununga, SP
O Pirassununguense poderia ser mais um entre tantos clubes pequenos a buscarem um lugar ao sol no futebol brasileiro. Mas, ao contrário dos demais, o CAP, como é conhecido no interior de São Paulo, possui algo que o difere dos outros times, e que chama atenção pela curiosidade. O clube, que disputa o Campeonato Paulista da Segunda Divisão - equivalente à quarta divisão estadual - tem em seu elenco nada menos do que quatro jogadores japoneses.
Jun Matsui, japonês do Pirassununguense-SP (Foto: Felipe Lazzarotto/EPTV)Jun Matsui é filho de pai japonês com mãe africana (Foto: Felipe Lazzarotto/EPTV)
Se não bastasse essa curiosidade, um dos jogadores nascido no país asiático é nipo-africano. Com pai nascido em Gana e a mãe no Japão, Jun Matsui defende a equipe na competição. Como os demais companheiros do país no clube paulista, o zagueiro, que também atua como volante, sonha em se tornar um jogador de futebol famoso, e brinca com a origem pouco comum.
- Quando cheguei aqui (no Brasil) ninguém acreditou que eu fosse japonês por eu ser negro, acho que sou o único, né? - brincou o jogador, que tem como objetivo ganhar experiência no Brasil e retornar ao seu país de origem.
- Eu quero jogar no Japão, mas tenho que aprender mais jogando aqui (no Brasil) - contou Jun.
Japoneses do Pirassununguense-SP (Foto: Felipe Lazzarotto/EPTV)Japoneses defendem o Pirassununguense no Campeonato Paulista da Segunda Divisão (Foto: Felipe Lazzarotto/EPTV)



01
baianês ou português?
A comunicação ainda é um problema para Jun e os demais japoneses do CAP. Além de falar, entender o português também não é tarefa fácil para os asiáticos, ainda mais se o idioma tiver um tempero a mais, como explica o companheiro de time Luiz Muller, baiano de nascimento.
- É um pouco complicado para comunicar com eles [os japoneses] porque o baiano fala muito rápido. O baianês é difícil de entender. E, no calor do jogo, nervoso, o baiano fala mais rápido ainda. Então, a gente tenta dar um jeito e orientar de outras formas, usando a mímica, apontando os lugares que eles têm que ir em campo. Mas eles prestam muita atenção no nosso lábio. Mesmo assim é complicado, porque se nem os jogadores brasileiros entendem direito o jeito de falar do baiano, imagine os japoneses - brincou o colega de equipe.
Japoneses do Pirassununguense-SP (Foto: Felipe Lazzarotto/EPTV)Baiano Luiz Muller explica as dificuldades de comunicação com os japoneses do CAP (Foto: Felipe Lazzarotto/EPTV)





02
malandragem x disciplina
Se o futebol japonês é conhecido pela disciplina tática, o nosso tem um componente incomum aos nipônicos, a malandragem. E se tem uma coisa que os japoneses do Pirassununguense estão aprendendo com os brasileiros é essa malícia. Segundo o volante Akimassa Tamaki, essa é uma parte que eles já conseguiram "pegar".
- A malandragem do brasileiro a gente já pegou. Como usar o braço, gastar o tempo. Isso no Japão a gente não fazia, mas os brasileiros ensinaram pra gente - entregou Tamaki.
Na Segundona do Campeonato Paulista, o CAP garantiu sua vaga à terceira etapa do estadual. Nesta fase, o clube está na Grupo 15, ao lado de Olímpia, União São João e Taboão da Serra.

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