Rivais têm dois reforços por mês, e Timão contrata melhor que Tricolor
Clubes se equivalem em número de contratações desde 2009, mas Corinthians tem índice de acertos maior do que o rival deste domingo
139 comentários
Corinthians e São Paulo poucas vezes estiveram em momentos tão distantes num clássico como o deste domingo, às 16h, no Pacaembu. A tabela do Campeonato Brasileiro nem reflete o abismo que separa os clubes. O Timão é o 14º, com dez pontos, e o Tricolor, que tem dois jogos a mais, mas dois pontos a menos, amanheceu na incômoda zona de rebaixamento. Mas é nítido que o atual campeão mundial vai superar essa fase tranquilamente. Já o rival...
Muitas razões explicam a ascensão alvinegra e a queda tricolor. Uma delas é a escolha de novos jogadores. Em quantidade, eles se equivalem. Desde janeiro de 2009, quando o São Paulo havia acabado de conquistar o tricampeonato brasileiro, e o Corinthians venceu a Série B e retornou à elite, os clubes contrataram mais de um reforço por mês: 58 desembarcaram no Morumbi, enquanto 66 chegaram ao Timão, que leva ampla vantagem na qualidade.
A base da equipe campeã brasileira, da Libertadores e mundial foi construída nesse período. Jogadores como Danilo, Paulinho, Fábio Santos, Cássio, Ralf e Leandro Castán chegaram e foram essenciais na sequência de conquistas. Mas o patamar corintiano começou a mudar com a chegada de Ronaldo, logo no início de 2009.
O Fenômeno levou investimento e exposição ao clube, que construiu seu centro de treinamento, conseguiu patrocínios milionários e está, finalmente, concluindo o seu estádio. Em campo, rendeu um Paulista e uma Copa do Brasil.
É claro que entre tanta gente também houve erros da diretoria de futebol do Corinthians. Com estrangeiros, por exemplo, ela não se deu bem. O goleiro Bobadilla, os defensores Escudero e Balbuena e o meia Defederico passaram despercebidos. Tal fenômeno se repetiu no rival com os laterais Adrián Gonzalez e Piris e o meia Cañete, este que atua por empréstimo na Portuguesa.
Há ainda espaço para a categoria "estrangeiros inusitados". Caso do chinês Zizao, que chegou ao Timão com o pretexto de abrir mercado na China, mas praticamente não jogou, e está esquecido à essa altura. No São Paulo, o posto foi ocupado pelo chileno Saavedra, apresentado com status de já ter passado uma semana treinando no Real Madrid, mas que foi embora sem atuar um minuto sequer.
O Tricolor vive uma crise aparentemente sem solução. Trocou recentemente Ney Franco por Paulo Autuori, mas o time segue com derrotas seguidas - já são oito, num total de 12 jogos sem vencer. O diretor de futebol Adalberto Baptista pediu demissão, e jogadores consagrados como Lúcio perderam espaço. Há também a guerra política entre Juvenal Juvêncio e seus aliados contra Marco Aurélio Cunha, antigo membro da situação, mas principal nome da oposição para a eleição do ano que vem.
Nesse contexto, o departamento de futebol será reformulado. Um outro diretor será nomeado, escolhido entre sócios e conselheiros do São Paulo, que também vai contratar um gerente remunerado. A expectativa é melhorar o relacionamento com os jogadores e diminuir os erros que vêm sendo cometidos há mais de quatro anos.
Além de contratar mal, a equipe se desfaz muito rapidamente dos seus jogadores. Caso, por exemplo, de Arouca, que foi trocado por Rodrigo Souto à revelia do então técnico Ricardo Gomes depois de apenas uma temporada no Morumbi. Outros reforços naufragaram, casos de Cicinho e Marcelinho Paraíba, que retornaram; Cleber Santana, Léo Lima, e, pelo menos até agora, Paulo Henrique Ganso, que custou R$ 23,9 milhões no ano passado e não tem sequer passado perto das grandes atuações pelo Santos entre 2010 e 2011.
É difícil falar de quem prosperou. Jadson é o nome mais unânime. Destaque no título da Sul-Americana do ano passado, voltou à seleção brasileira e disputou a Copa das Confederações. Washington foi o artilheiro do time que brigou até a última rodada pelo Brasileirão em 2009. Luis Fabiano fez gols, ajudou na classificação para a Libertadores deste ano, mas por muitas vezes deixou a equipe na mão com cartões e lesões.
Ninguém no São Paulo fala publicamente, até pelo momento político, mas a administração do futebol corintiano se tornou modelo. Há quem diga que os alvinegros não contratam ninguém antes de observar por diversas vezes ao vivo, no estádio, enquanto o Tricolor negociou com muitos reforços sem conhecimento do que poderiam render.
Outra reclamação recente era que o ex-diretor de futebol Adalberto Baptista não ouvia a comissão na hora de montar o elenco, e contratava por razões mais comerciais do que técnicas. Com a chegada de um gerente, a estrutura será semelhante à do Corinthians, que tem Roberto de Andrade na vice-presidência, Duílio Monteiro Alves na diretoria e Edu Gaspar, que curiosamente foi contratado em 2009 para jogar, no cargo remunerado.
Comentários
Postar um comentário