Água Santa reforma estádio e contrata diretor alemão para elite do Paulistão
Com 20 anos no Bayer Leverkusen, Thomas Federspiel será o responsável pelo futebol do time de Diadema, que amplia estádio para receber os grandes
O Água Santa inovou em seu planejamento para disputar, pela primeira vez em sua sua história, a primeira divisão do Campeonato Paulista em 2016. O caçula do Estadual anunciou o alemão Thomas Federspiel como o novo diretor de futebol. Além disso, iniciou as obras para ampliar o Estádio Municipal José Batista Pereira Fernandes, conhecido como Distrital do Inamar, e viabilizar todas as partidas como mandante na competição em Diadema.
Thomas Federspiel trabalhou por quase 20 anos no Bayer Leverkusen. Depois de comandar as equipes sub-17 e sub-19 da equipe alemã, passou a exercer a função de olheiro do clube na América do Sul. A atividade culminou nas transferências de jogadores conhecidos, como o zagueiro Lúcio, o lateral Zé Roberto, o volante Emerson e o meia Renato Augusto.
Thomas Federspiel, à esquerda, é a aposta do presidente Paulo Sirqueira (Foto: Yan Resende)
O diretor permaneceu no Brasil por onze anos, período em que fez amizade com Wilson Faria, atual diretor de base do Água Santa. Thomas ainda foi transferido para o Japão em 2013, quando o mercado asiático despertou o interesse do futebol alemão, mas decidiu abandonar a função depois de receber a proposta do clube de Diadema.
– Eu venho para cá porque eu estava incomodado vendo muitos clubes jogando talento fora. Há tantos talentos naturais para serem trabalhados, mas, por causa de brigas políticas, os clubes não levam isso para frente. Pelo o que foi apresentado aqui, temos a grande chance de ser um clube diferenciado. Tenho a chance de acrescentar ideias para formação do jogador, começar desde o zero – explicou Thomas.
O primeiro contato do alemão com os diretores do Água Santa foi há três meses. Wilson convidou Thomas para conhecer a estrutura do Netuno – que vem sendo ampliada para a disputa do Campeonato Paulista de 2016.
– Foi uma negociação tranquila. Tivemos aspectos discutidos, como moradia, adequação salarial, mas foi fácil. Está dentro da realidade brasileira. Não é que o Água Santa está com dinheiro sobrando. Pelo contrário, o orçamento é bem mais baixo do que geralmente se paga a diretores no futebol brasileiro – revelou o presidente Paulo Sirqueira.
De acordo com o mandatário, a chegada de Thomas não tem qualquer relação com o título mundial da Alemanha – e a goleada sobre o Brasil na semifinal. O diretor chega para implantar uma nova filosofia de trabalho no clube, principalmente nas categorias de base.
– O talento brasileiro, na minha opinião, nunca vai acabar, mas, nos últimos dez ou quinze anos, é muito mal explorado. Qual clube forma novos jogadores ano após ano? Santos, Grêmio, Inter... Aí você já tem que pensar mais para buscar algum time. Sempre me incomodou ver a diretoria muito mais torcedora do que apaixonada pelo clube, agindo muito mais pela emoção do que pela razão. Esse já foi um ponto diferente que eu encontrei aqui – contou o alemão.
– O Brasil se acomodou na formação de jogadores. “A gente foi cinco vezes campeão do mundo, está tudo certo, não precisamos mudar nossa metodologia de trabalho”. Aí começa o erro. Fui contratado para acrescentar algumas ideias novas que já deram certo em outros lugares – acrescentou o novo dirigente.
Pela primeira vez na elite estadual, o Água Santa já começou a montar o seu elenco. O primeiro reforço apresentado pelo clube foi o goleiro Roberto, que já atuou por Vasco e Ponte Preta. Após três acessos consecutivos, o Netuno também trabalha bastante fora das quatro linhas para não fazer feio na primeira divisão.
Estado atual das obras de ampliação do estádio do Água Santa, em Diadema (Foto: Yan Resende)
Ampliação do Distrital do Inamar
Para receber um jogo de primeira divisão, o Estádio Municipal José Batista Pereira Fernandes precisa ter capacidade para receber 10 mil torcedores. O Água Santa não abre mão de disputar os seus jogos em Diadema, ao lado a torcida que acompanhou na íntegra a ascensão meteórica da equipe. Assim, o clube já iniciou as obras de ampliação.
O local, que estava praticamente lotado em todos os jogos da equipe nos últimos três anos, tinha capacidade para 6.500 torcedores até o primeiro semestre deste ano. As obras, que estão sendo executadas pela construtora responsável pela Arena Capivari, mudarão completamente a estrutura do estádio.
Os vestiários, que antes ficavam atrás de um dos gols, serão deslocados para debaixo da arquibancada em uma das laterais. No outro lado, o projeto prevê a construção de um restaurante, cerca de 1600 cadeiras, 28 camarotes e a área para imprensa. O gramado seguirá os padrões da Fifa (105m x 68m). A ampliação será dividida em duas etapas.
Arquibancada que está sendo reformada para receber 28 camarotes e área para imprensa (Foto: Yan Resende)
– Finalizamos os 10 mil lugares em dezembro, até no máximo 10 de janeiro. Quando terminar o campeonato em maio, vamos voltar a aumentar capacidade, construir mais um anel de arquibancada e também um restaurante. Do restaurante, a pessoa vai ter uma vista privilegiada dos jogos. No final, teremos um estádio para 16 mil torcedores – esclareceu Paulo Sirqueira.
Com todas as novidades, o Água Santa já traçou as suas projeções para a próxima temporada. A prioridade é se manter na elite, já que a missão é mais complicada com o novo regulamento: seis equipes serão rebaixadas no Paulistão de 2016. Ainda assim, o clube que acumula três acessos consecutivos tem sonhos mais ousados.
– O objetivo principal é permanecer na A-1. Depois, queremos chegar à Série D do Brasileiro. Se isso acontecer, vamos implantar o mesmo projeto que nos levou da quarta à primeira divisão do Paulistão – projetou o presidente.
Para chegar à competição nacional, o Água Santa precisa ter uma das duas melhores campanhas entre os times que não disputam as Séries A, B e C do Brasileiro.
*Colaborou sob a supervisão de Leandro Canônico
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