Elisângela critica postura de clubes, cobra CBV e teme aposentadoria
Atleta apelou a times para alterar ranking e poder defender Osasco na Superliga, mas recebeu vetos de Praia e Pinheiros e abstenção do Sesi-SP: "Faltou humanidade"
Braços cruzados, expressão fechada, mensagens de apoio à jogadora Elisângela e de repúdio ao sistema de ranking de jogadoras da Confederação Brasileira de Vôlei (CBV), que pode abreviar a carreira da atleta, tomaram conta das redes sociais de algumas das principais atletas do voleibol brasileiro nesta sexta-feira. O Osasco, time pelo qual Lili, como é chamada pelas colegas, disputa o Campeonato Paulista, já atingiu a pontuação máxima do ranqueamento - 43 - com seu atual elenco. Para poder disputar a próxima edição da Superliga, a medalhista de bronze de Sydney 2000 teria de zerar sua pontuação. Assim, a atleta apelou para os clubes rivais, mas não adiantou.
Elisângela está na expectativa de uma atitude da CBV (Foto: Livia Laranjeira)
Elisângela entrou em contato com todos os times. A maioria não se opôs em zerar a pontuação da atleta. Ela, que tem 37 anos, possui apenas um ponto no ranking. Teria três, mas perde dois pela idade. Dois dos clubes procurados por ela - Praia Clube e Pinheiros - deram o não como resposta. O Sesi-SP, por sua vez, clube pelo qual a jogadora já atuou, não se manifestou. Por isso, atletas como Camila Brait, Jaqueline, Sheilla, Natália e Fabiana protestaram na internet. Elisângela lamentou a "falta de humanidade" desses adversários, que pode fazer com que ela encerre antecipadamente sua carreira.
- Fui falar com o Radamés (Lattari, diretor de competições de quadra), que me orientou a mandar uma carta para que os clubes abaixassem meus pontos. Enviei emails, contei com a solidariedade deles. Infelizmente, dois clubes disseram não, e um sequer se manifestou. Foi aí que rolou toda essa repercussão. Infelizmente, pode me fazer parar. Ir para fora agora não tem como. É inviável largar meu filho de 10 anos aqui. Tenho 37 anos, e o mercado fica restrito. Não dando certo, vou ter de largar as quadras. Queria continuar, terminar a Superliga em uma grande equipe, fazer uma final, de repente, estar com uma comissão e com pessoas que gosto de trabalhar. Era para encerrar o ciclo e dar o ponto final que acho que mereço - disse a jogadora, lembrando que, nesse caso, ela seria apenas a terceira oposto do Osasco.
- Fui falar com o Radamés (Lattari, diretor de competições de quadra), que me orientou a mandar uma carta para que os clubes abaixassem meus pontos. Enviei emails, contei com a solidariedade deles. Infelizmente, dois clubes disseram não, e um sequer se manifestou. Foi aí que rolou toda essa repercussão. Infelizmente, pode me fazer parar. Ir para fora agora não tem como. É inviável largar meu filho de 10 anos aqui. Tenho 37 anos, e o mercado fica restrito. Não dando certo, vou ter de largar as quadras. Queria continuar, terminar a Superliga em uma grande equipe, fazer uma final, de repente, estar com uma comissão e com pessoas que gosto de trabalhar. Era para encerrar o ciclo e dar o ponto final que acho que mereço - disse a jogadora, lembrando que, nesse caso, ela seria apenas a terceira oposto do Osasco.
O ranking de jogadoras para essa temporada foi divulgado pela CBV em abril (confira aqui). Esse sistema foi implantado em 1992/1993, mas foi sofrendo mudanças ao longo do tempo. Os times têm uma limitação de pontos para a composição de seus elencos. Na atual regra, cada equipe pode ter atletas cuja a soma da pontuação não seja superior a 43 pontos. Além disso, podem ter, no máximo, duas jogadoras com pontuação máxima, ou seja, sete pontos. Dani Lins, Fabiana Claudino, Fernanda Garay, Jaqueline, Natália, Sheilla, Tandara e Thaisa são atletas ranqueadas com sete pontos, por exemplo.
Elisângela em ação no Campeonato Paulista pelo Osasco (Foto: Divulgação / Osasco)
A CBV emitiu uma nota oficial sobre o assunto, dizendo que "as regras de ranking dos atletas para a Superliga seguem critérios estabelecidos pelos clubes disputantes da competição, visando ao equilíbrio". E, "segundo a decisão, tomada unanimemente pelos clubes em reunião realizada em 1 de abril de 2015, em São Paulo, as regras de ranking são válidas para as edições 2015/16 e 2016/17". A entidade esclareceu ainda que "a pontuação individual dos atletas é de responsabilidade dos clubes participantes". Elisângela agora torce para que a entidade reveja o conceito do ranqueamento diante da insatisfação das atletas.
- A CBV pode tomar uma atitude. Se eles vão, não sei, mas podem. Que isso sirva de exemplo para a futura geração. É o que eu mais espero. A CBV pode falar com os clubes. Eu já falei e não posso mudar o pensamento de ninguém. O ranking não é decidido em unanimidade, e acho que a CBV tem que rever. Três clubes querem me barrar de estar em quadra? Acho que antes de mais nada as jogadoras têm de ser ouvidas. Nós somos as donas do espetáculo. Não está legal assim, as jogadoras não estão apoiando e irão atrás de seus direitos - acrescentou.
De acordo com a atleta, o fato de a reunião para o ranqueamento acontecer em março (as pontuações foram divulgadas em abril. Confira aqui), e o início da Superliga só acontecer em novembro é um problema. Ela explica que, em um espaço de tempo tão grande, podem ocorrer situações como lesões ou até mesmo a gravidez de alguma atleta. Em seu caso especificamente, Elisângela diz que pensou que a história pesaria. Mas não foi bem do jeito que esperava.
Achei que fossem ter uma flexibilidade pela minha história. Contribuí para a evolução do voleibol, e o lado da humanidade não foi visto
Elisângela
- Achei que os clubes fossem ter uma flexibilidade pela minha história. Contribuí de alguma forma para a evolução do voleibol, e o lado da humanidade não foi visto... O primeiro clube que me enviou a resposta foi o Rio de Janeiro. Se fosse partir para o lado da rivalidade, sem avaliar o lado do ser humano... Se um time como o Rio de Janeiro disse que, independente de rivalidade, não veria problema, por que não esses outros times também? Acho que isso foi o grande erro, uma falta de compreensão e humanidade desses clubes - opinou.
Por fim, Elisângela fez questão de agradecer a movimentação das atletas pelas redes sociais nesta sexta-feira.
Por fim, Elisângela fez questão de agradecer a movimentação das atletas pelas redes sociais nesta sexta-feira.
- Sou extremamente grata e tenho carinho por elas. Vi todas essas meninas que compartilharam sendo formadas, vi chegarem aos clubes como juvenis e se tornarem campeãs olímpicas - finalizou a jogadora de 37 anos.
"VIRAMOS UM PRODUTO", LAMENTA THAÍSA
Thaísa, companheira de Elisângela no Osasco no Campeonato Paulista, foi uma das jogadoras que participaram do protesto através das redes sociais. À tarde, esteve em um evento da equipe de São Paulo nesta sexta-feira, e comentou toda a polêmica. Em alguns anos, afirma, ela e outras jogadoras, como Fabiana, do Sesi-SP, poderão viver a mesma situação de Lili.
- Me coloco no lugar dela. A gente dedica tanto tempo, o joelho, as costas, para, no final da carreira, receber isso em troca. Você ser privado de trabalhar no próprio país por causa de uma regra que os clubes criaram? Chega a ser maldade. Falo em prol de todas as atletas. A Fernanda Garay, por exemplo, está indo para fora porque não tem espaço para ela jogar aqui (possui sete pontos). O time que cabe não tem orçamento para pagá-la, e o que tem orçamento já está cheio pela pontuação. Se parar de pensar no bem-estar da atleta e começar a pensar em clubismo, está errado. Está melhorando o nível da Superliga com várias medalhistas indo para fora? Acho que até um certo momento ajudou, equilibrou, mas você está privando um trabalhador de estar em uma empresa que quer contratá-lo e onde ele quer estar. Em vez de fazer mais bonito o espetáculo no Brasil, vai ficar bonito lá fora. Viramos um produto - opinou a atleta, cobrando também uma atitude da CBV a favor das jogadoras.
Thaísa lamenta situação vivida por Elisângela e entra no protesto (Foto: Reprodução)
Outras atletas também postaram a foto com os braços cruzados, de expressão fechada, e ainda replicaram uma mensagem postada inicialmente pela líbero Camila Brait no Instagram.
- Hoje resolvi falar sobre uma questão que há tempos vem me incomodando. Essa questão de ranking da CBV precisa ser repensada. Um dos casos é com a nossa querida Elisângela, que após o Paulista vai se ver sem equipe pra jogar! A Lili tem uma questão muito simples de resolver, mas a CBV e alguns clubes não me parecem dispostos a dialogar e serem sensatos. A atleta tem 37 anos, não seria de forma alguma uma ameaça a quem quer que seja. O Osasco já se propôs a ficar com ela, mas alguns clubes não querem ser razoáveis. Isso que está acontecendo é um absurdo! Ela é uma jogadora que serviu a seleção por muito tempo e merece respeito por tudo que abriu mão na vida pelo país. Assim, ela vai ser obrigada a encerrar a carreira. Nós atletas deveríamos saber a hora de parar e não sermos obrigados por forças externas a sermos aposentados! Essa situação é lamentável e inaceitável! Precisamos fazer alguma coisa. Os atletas precisam ter mais voz ativa nas decisões, afinal, nós somos as estrelas da companhia! Merecemos mais respeito! Isso precisa mudar! E não estou sozinha nesse pensamento. Nenhum atleta merece ser encostado à força por ninguém! O que será de nós daqui a um tempo? Serei obrigada a parar? Os anos que me dediquei à seleção e clubes não me servem de nada? Não há no Brasil respeito pelos atletas, enquanto servimos, ótimo! Depois...a memória encurta.
Camila Brait também protestou (Foto: Reprodução / Instagram)
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