Com briga, Conselho referenda rescisão de contrato de obra

Conselheiros discutem sobre General Severiano e opositor atinge vice geral do Botafogo com caderno na cabeça. Grupo adversário pede que presidente pague

Por Rio de Janeiro
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Em reunião extraordinária do Conselho Deliberativo, ocorrida na noite desta terça-feira, o presidente Maurício Assumpção confirmou a rescisão do contrato com as duas empresas que seriam responsáveis por reformar e transformar a área do atual campo de General Severiano em quadras de grama sintética e área de lazer. Os conselheiros referendaram o fim do vínculo assinado em 25 de março e, segundo o presidente, a decisão será formalizada em cerca de dez dias. Mas apesar da votação por unanimidade, a tranquilidade passou longe do ginásio do clube, que está a sete meses das eleições presidenciais. Ao fim do encontro, Antônio Carlos Mantuano, da oposição, atingiu o vice-presidente geral do Alvinegro, Paulo Mendes.
Briga Conselho Botafogo (Foto: Gustavo Rotstein)Mantuano, com o caderno que atingiu a cabeça de Paulo Mendes, é contido por aliados (Foto: Gustavo Rotstein)

Após uma rápida discussão acalorada, pouco depois do fim da reunião de cerca de duas horas, Mantuano e Paulo Mendes discutiram asperamente. Então, o opositor, que foi vice geral no primeiro mandato de Maurício Assumpção (2009 a 2011), atingiu o atual ocupante do cargo na cabeça com um caderno que estava à sua mão.
Em seu discurso, Maurício Assumpção afirmou que a enorme discussão sobre o assunto fez com que a diretoria optasse pela rescisão do contrato. No entanto, afirmou que o projeto – e, portanto, a obra – está mantido, agora custeado pelo clube. Segundo ele, a intenção é aumentar o espaço das escolinhas num local que, segundo ele, é pouco aproveitado pelo futebol profissional.
Maurício Assumpção reunião conselho Botafogo (Foto: Gustavo Rotstein)Maurício Assumpção, presidente do clube, discursa durante reunião (Foto: Gustavo Rotstein)
A partir de então, a maior parte dos conselheiros usou a palavra para criticar a decisão do presidente. Sem mostrar contentamento somente com a rescisão, alguns questionaram os custos de uma possível multa rescisória ao Botafogo. Um dos conselheiros acusou o contrato distribuído internamente de não constar supostos R$ 850 mil ao clube para a implementação do projeto.
- O presidente assinou um contrato indevidamente e está prevista uma multa rescisória. Quem vai pagar essa conta? O Botafogo ou o presidente? - questionou Anderson Simões, outro integrante da oposição, que foi vice de administração nos primeiros seis meses de Assumpção no clube.
Enquanto os discursos inflamados – que em maior parte citavam o passado – se revezavam com análises mais técnicas, o presidente observava ao lado de seus aliados, ora sentado, ora de pé, nos fundos do ginásio onde ocorreu a reunião. O conselheiro Cláudio Good, apontado como possível candidato à presidência, chegou a propor que os conselheiros votassem naquele momento o destino do campo de General Severiano, mas a ideia foi rechaçada pela mesa do Conselho Deliberativo.
O presidente do Conselho Deliberativo, José Luiz Rolim, afirmou que somente depois de apresentado o contrato de rescisão será convocada uma nova reunião para serem discutidos os valores financeiros e o grau de responsabilidade dos envolvidos no acordo inicialmente firmado, que tinha validade de cinco anos. Uma ação na Justiça movida por conselheiros e beneméritos obriga o presidente e o conselho diretor a se manifestarem em no máximo 72 horas sobre os termos do contrato.
Ex-presidente do Botafogo, Carlos Augusto Montenegro fez um discurso voltado a provocar reflexão nos conselheiros sobre o próprio clube.
- O Botafogo está igual há 20 anos. Nós temos tudo e não temos nada. Isso vale para Caio Martins, Marechal Hermes e o Engenhão. Nós temos um terreno para a construção de um CT, mas não há recursos para fazê-lo. Em relação a General Severiano, uns gostam e outros, não. A verdade é que Garrincha e Nilton Santos nunca jogaram em cima de um shopping. Esse é um local que ninguém frequenta. Respeito quem é saudosista, mas eu acho que não há conselho que vai obrigar o time a treinar ou concentrar em algum lugar. Isso é prerrogativa do presidente e da comissão técnica. Mas claro que é um tema polêmico. Estamos a poucos meses da eleição. Então, minha proposta é fazer um plebiscito junto aos sócios e saber o que eles querem. Se querem um museu ou um espaço para uso. Não podemos viver só de história.

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