Deixa que eu deixo: sem diálogo, final carioca perde chance de ter tecnologia
Após admitir usar recurso antes do Carioca, Ferj não propõe ideia a clubes. Finalistas, Botafogo e Vasco seriam a favor. Estadual já teve quatro casos de bola dentro ou fora
Pioneira em usar os árbitros adicionais de linha de fundo - extintos pela CBF no final do ano passado -, a Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (Ferj) poderia ser também a primeira do país a utilizar a tecnologia da linha do gol (GLT, sigla em inglês para "Goal Line Technology"), legado deixado pela Fifa nos 12 estádios da Copa do Mundo no Brasil. Só que ainda não vai ser desta vez. Não por falta de vontade, mas de comunicação. Antes de começar o atual Campeonato Carioca, Rubens Lopes, presidente da entidade que comanda o futebol no estado,admitiu em entrevista ao GloboEsporte.com que poderia adotar o recurso desde que fosse só para as finais, de modo a não deixar outras equipes sem o mesmo direito, em partidas fora do Maracanã, durante a fase de classificação. Porém, a ideia não foi proposta aos clubes. Finalistas do estadual, Botafogo e Vasco seriam a favor.
Campeonato Carioca 2015 já teve quatro lances de bola dentro ou fora que deixaram dúvidas na torcida (Foto: infoesporte)
Agora, por meio de sua assessoria de imprensa, Rubens Lopes alegou que não competia a ele propor algo que traria mais custos aos clubes e, por isso, a ideia deveria partir deles. O custo de operação por jogo na Copa foi de US$ 3,9 mil, aproximadamente R$ 11,5 mil - por exemplo, 0,47% da renda de R$ 2.420.610,00 da bilheteria de Flamengo x Vasco, semifinal de maior público no Maracanã, com 48.221 pagantes. Procurados pelo GloboEsporte.com, Carlos Eduardo Pereira e Eurico Miranda, presidentes de Botafogo e Vasco, respectivamente, foram pegos de surpresa sobre o tema, mas alegaram que esse valor não seria empecilho.
- A gente não tinha essa informação. Eu seria a favor. E até bom para colocarmos isso em pauta no futuro - disse o mandatário alvinegro.
Também favorável à medida, Eurico lembrou que em nenhum arbitral da federação foi abordado o assunto e que, por isso, não aceitaria se a proposta tivesse sido feita às vésperas da decisão.
- Eu sou contra tudo que for aprovado em cima da hora. Isso não é algo para dois resolverem, se fosse aprovado por todos, desde o início.. Mas não quer dizer que sou contra - afirmou, garantindo que votaria pelo uso da tecnologia se o tema fosse colocado em pauta antes do Carioca - Claro. Aí mostraria que aquela bola (defesa de Paulo Victor em cabeçada de Rafael Silva) entrou, não é verdade? (risos).
O episódio citado por Eurico, na semifinal entre Flamengo e Vasco, foi o último de quatro lances de bola dentro ou fora que aconteceram neste estadual. Veja todos abaixo:
- A gente não tinha essa informação. Eu seria a favor. E até bom para colocarmos isso em pauta no futuro - disse o mandatário alvinegro.
Também favorável à medida, Eurico lembrou que em nenhum arbitral da federação foi abordado o assunto e que, por isso, não aceitaria se a proposta tivesse sido feita às vésperas da decisão.
- Eu sou contra tudo que for aprovado em cima da hora. Isso não é algo para dois resolverem, se fosse aprovado por todos, desde o início.. Mas não quer dizer que sou contra - afirmou, garantindo que votaria pelo uso da tecnologia se o tema fosse colocado em pauta antes do Carioca - Claro. Aí mostraria que aquela bola (defesa de Paulo Victor em cabeçada de Rafael Silva) entrou, não é verdade? (risos).
O episódio citado por Eurico, na semifinal entre Flamengo e Vasco, foi o último de quatro lances de bola dentro ou fora que aconteceram neste estadual. Veja todos abaixo:
BRESSAN - MADUREIRA 1 X 1 FLAMENGO
Na 6ª rodada, o Flamengo perdia para o Madureira por 1 a 0 no Raulino de Oliveira quando Bressan, após escanteio, empatou aos 29 minutos do segundo tempo, mas num lance que gerou muita reclamação por parte dos jogadores do Tricolor Suburbano. O goleiro Jonathan Ribeiro chegou a espalmar, mas o árbitro Wagner Nascimento do Magalhães deu gol.
GIOVANNI - RESENDE 0 X 1 FLUMINENSE
Na 7ª rodada, o Fluminense empatava sem gols com o Resende, também no Raulino de Oliveira, quando Giovanni, ao tentar cruzar, mandou direto para a meta do goleiro Arthur, aos 10 minutos de jogo. A bola bateu no travessão e quicou no solo antes de voltar na direção dos jogadores. O árbitro Pathrice Wallace Correa Maia não deu gol, o lance prosseguiu, e os atletas tricolores não chegaram a reclamar.
PAULO HENRIQUE - NOVA IGUAÇU 0 X 0 FLAMENGO
Na 15ª rodada, o Nova Iguaçu empatava sem gols com o Flamengo no Moacyrzão quando Paulo Henrique soltou uma bomba de longe e viu Paulo Victor se atrapalhar sozinho aos três minutos do segundo tempo. O goleiro rubro-negro deixou a bola escapar na queda e espalmou antes de ela quicar no gramado, completando a defesa na sequência. Os jogadores da Laranja da Baixada pediram gol, mas o árbitro Grazianni Maciel Rocha não deu.
RAFAEL SILVA - FLAMENGO 0 X 1 VASCO
O lance citado por Eurico Miranda aconteceu no Flamengo x Vasco do último domingo, pelo segundo jogo da semifinal. O Clássico dos Milhões seguia com placar em branco quando Madson cobrou falta na área aos sete minutos do segundo tempo. Em meio aos zagueiros, Rafael Silva ganhou pelo alto e cabeceou forte em direção a Paulo Victor, que teve dificuldades para encaixar. Os jogadores do Vasco pediram gol, mas o árbitro Rodrigo Nunes de Sá não deu.
Além do Maracanã, a tecnologia da linha do gol está presente no Mineirão, Mané Garrincha, Arena Corinthians, Beira-Rio, Fonte Nova, Castelão, Arena Pernambuco, Arena da Baixada, Arena das Dunas, Arena da Amazônia e Arena Pantanal. O recurso funciona com 14 câmeras de alta resolução, sete em cada gol, que juntas fazem um monitoramento em três dimensões da área das traves. Sempre que a bola cruza a linha, as câmeras identificam, e um aviso é transmitido aos relógios usados pelos árbitros do jogo quase instantaneamente. O primeiro gol validado com o auxílio da ferramenta foi do francês Benzema, no jogo entre França e Honduras, na fase de grupos da Copa do Mundo. O árbitro da partida, o brasileiro Sandro Meira Ricci, depois disse ao GloboEsporte.com que "seria impossível a olho nu" confirmar que a bola havia ultrapassado a linha e recomendou a adoção do procedimento no Brasil.
Sistema GLT usa sete câmeras em cada gol, mas só está disponível nos estádios da Copa do Mundo de 2014 (Foto: EFE)
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