Só estádio se salva em centenário decepcionante do Palmeiras
Alívio foi o melhor sentimento que o palmeirense sentiu no centenário. A temporada de 2014 escancarou erros da diretoria que acabaram minimizados no ano anterior pela fácil disputa na Série B. O Verdão terminou o Brasileiro escapando do rebaixamento só porque o Vitória não venceu o Santos, em celebração misturada à raiva exposta no único motivo de orgulho: o Palestra Itália.
A reinauguração do estádio após quase quatro anos e meio em reformas deu ao torcedor a alegria de chamar de casa uma das arenas mais bonitas do mundo. Mas o jogo da reabertura indicou que a construtora WTorre fez a sua parte ao entregar um estádio, confirmando, porém, Paulo Nobre como um vilão ao não preparar um time.
O Verdão estragou a festa ao perder por 2 a 0 para o Sport. Na segunda partida em casa, nova atuação fraquíssima, no nível do elenco montado para o centenário, empate com o Atlético-PR graças a pênalti duvidoso, fuga da segunda divisão por tropeço do Vitória e xingamentos ao “time sem vergonha”, como gritaram os presentes no estádio, dedicando palavrões ao presidente do clube – mesmo assim, Nobre foi reeleito e segue no poder até dezembro de 2016.
Fernando Dantas/Gazeta Press
O
final do ano foi, claramente, o fruto de quem tentou espalhar sementes
sem saber plantar. Campeão da Série B em 2013, Gilson Kleina só iniciou
2014 na equipe por falta de opção, já que o argentino Marcelo Bielsa
pediu salários altos demais e a diretoria não se acertou com os outros
seis técnicos que consultou antes de renovar com Kleina. O elenco da
última temporada também foi desmontado.Na reformulação, Nobre,
o diretor executivo José Carlos Brunoro e o gerente de futebol Omar
Feitosa criaram o primeiro empecilho: o contrato por produtividade, com
salário menor e bônus maior de acordo com metas atingidas. Assim, à
exceção do zagueiro Lúcio e dos R$ 8 milhões gastos para ficar com o
atacante Leandro, não conseguiram nenhum reforço destacado e apostaram
na quantidade.
A WTorre entregou um dos mais bonitos estádios do mundo, e a diretoria foi incapaz de montar um time à altura
Fora o pentacampeão Lúcio, chegaram nove jogadores para o Paulistão (o zagueiro Victorino, os volantes França, Josimar e Bruninho, os laterais William Matheus e Paulo Henrique, os meias Bruno César e Marquinhos Gabriel e o atacante Diogo). Nenhum deu certo. O time chegou às semifinais baseado no que sobrou da Série B: as defesas de Fernando Prass, a dinâmica de Wesley, a qualidade de Valdivia e os gols de Alan Kardec.
Djalma Vassão/Gazeta Press
A
eliminação na semifinal do Estadual, para o Ituano, motivou nova
remontagem, que piorou o time. Kleina acabou demitido quatro jogos
depois, Nobre não foi capaz de segurar Kardec, perdendo-o para o São
Paulo, liberou Valdivia mais cedo para se preparar para a Copa do Mundo,
e Fernando Prass operou o cotovelo direito. Mesmo assim, a equipe
chegou ao G-4 do Brasileiro sob comando interino do auxiliar Alberto
Valentim e com os gols de Henrique, que seria opção a Kardec e virou
solução.Nobre se desgastou ao perder Kardec e resolveu se
dedicar à sua reeleição. Antes disso, porém, apostou em Ricardo Gareca. O
técnico argentino tem currículo recheado de títulos em cinco anos com o
Vélez Sarsfield, mas não se esforçou para dar certo no Brasil.
Manteve-se distante do elenco a ponto de se apresentar à imprensa antes
de falar com seus comandados e assustou até os jogadores por diminuir o
ritmo de treinos em meio às derrotas. Parecia mais preocupado com as
visitas semanais a Buenos Aires, sempre dizendo à imprensa do seu país
que pediria demissão.
Nobre não abriu mão de suas convicções, apostou em contrato de produtividade e quase caiu. Mas foi reeleito.
De nada adiantou Nobre atendê-lo com a contratação de quatro compatriotas, o zagueiro Tobio, o meia Allione e os atacantes Mouche e Cristaldo. Após 13 jogos, quatro vitórias, um empate e oito derrotas, Gareca foi demitido. Pegou um time perto da zona de classificação para a Libertadores e chegou a deixá-lo na lanterna, somando só quatro dos 27 pontos que disputou no Brasileiro. Em meio ao desastre argentino, Valdivia só continuou no Palmeiras porque não se acertou com o Al Fujairah, dos Emirados Árabes Unidos – mesmo assim, passou um mês incomunicável no Oriente Médio e na Disney antes de voltar e se machucar com menos de 15 minutos em campo.
Djalma Vassão/Gazeta Press
Com
medo de cair, a diretoria contratou Dorival Júnior, entrevistado e
descartado no processo de escolha de Gareca. Filho do ex-volante Dudu,
um dos maiores ídolos da história do Verdão, e jogador do Palmeiras nos
anos 1990, o técnico pegou o time já eliminado nas oitavas de final da
Copa do Brasil e tinha 20 jogos para evitar um vexatório terceiro
descenso, ainda mais no ano do centenário.O treinador assumiu
uma equipe que sofria com as falhas do goleiro Fábio e logo preferiu dar
chance a Deola, que voltou de empréstimo do Atlético Sorocaba e só
estava treinando por não ter onde jogar. Acabou sendo titular no pior
resultado da história do Palmeiras em Brasileiros: 6 a 0 para o Goiás,
igualando derrota sofrida para o Inter, em 1981, quando Dudu, tio de
Dorival, era o técnico.
Valdivia seguiu tendo lesões, chegou a ser vendido, se sentiu em férias na Disney e terminou ano como capitão
Mas o time se reergueu com a recuperação de Prass e a volta de Valdivia, que voltou a sofrer com problemas musculares como em todas as outras temporadas nesta passagem pelo Verdão. Henrique retomou a rotina de gols e a equipe alcançou uma sequência de resultados positivos que deu a ilusão de fim de ano tranquilo. Até acumular cinco derrotas consecutivas, empatar com o Atlético-PR e terminar o ano comemorando um gol do Santos, que ganhou do Vitória e evitou a queda alviverde. Não à toa, o centenário acabou com os gritos de “vergonha”. A torcida do clube com mais títulos nacionais na história do futebol brasileiro esperava bem mais.
CAMPEONATO PAULISTA
Fernando Dantas/Gazeta Press
O
centenário começou com vitória complicada sobre o Linense, no Pacaembu,
graças a gol de Alan Kardec. Sofrimento que expôs o que seria a
temporada e também um dos heróis no único torneio com momentos de
tranquilidade do clube em 2014. A equipe venceu nas seis primeiras
rodadas, ficou invicta em nove e só não teve a melhor campanha da
primeira fase por ficar um ponto abaixo do Santos.A difícil
vitória para eliminar o Bragantino nas quartas de final teve como preço
um inchaço no tornozelo direito de Valdivia. Como é costume, o chileno
não apresentou condições físicas de ser titular em jogo decisivo e ficou
no banco na semifinal contra o Ituano. A partida, porém, ainda teve
Alan Kardec e Fernando Prass saindo por lesão, Wesley, Juninho e Bruno
César atuando mesmo machucados. Problemas que culminaram no gol de
Marcinho, aos 38 do segundo tempo, sentenciando a derrota por 1 a 0 em
Pacaembu lotado e encerrando o único real ânimo alviverde em 2014.
Kleina teve sequência positiva no Paulista, mas não remontou o time após perder do Ituano e foi demitido
COPA DO BRASIL
Fernando Dantas/Gazeta Press
O
Palmeiras não teve a competição como prioridade em nenhum momento, e
passou sufoco nas duas primeiras fases. Estreou batendo o Vilhena por 1 a
0, em acanhado estádio de Rondônia, e chegou a temer uma
desclassificação no Pacaembu, no jogo seguinte à queda no Paulista, até
Bruno César definir vitória por 2 a 0. Depois, a derrota por 2 a 1 para o
Sampaio Corrêa, no Maranhão, custou o emprego de Kleina e deixou os
palmeirenses apreensivos até os gols saírem no segundo tempo, em casa,
no triunfo por 3 a 0.Pela terceira fase, Gareca vive seu único
momento de paz no clube, sem grandes problemas para, mesmo poupando
titulares, bater o Avaí em Santa Catarina e em São Paulo. Nas oitavas de
final, no dia seguinte à celebração do centésimo aniversário do clube, o
argentino precisou de milagres do goleiro Fábio para não perder de mais
de 1 a 0 do Atlético-MG, no Pacaembu. No jogo de volta, já com Alberto
interinamente no banco de novo, previsível derrota por 2 a 0 no
Independência, com novas falhas de Fábio. Mas, naquele momento, o foco
já era não cair no Brasileiro.
Fábio fez milagres contra Galo na Copa do Brasil, mas ficou marcado por incrível sequência de falhas diferentes
CAMPEONATO BRASILEIRO
Djalma Vassão/Gazeta Press
Para
disputar a primeira divisão, o Palmeiras montou um time mais fraco do
que quando conquistou a Série B, no ano anterior. Não à toa, foi o único
dos quatro que subiram que lutou contra o rebaixamento até a última
rodada, safando-se porque o Vitória não venceu o Santos no Barradão, em
Salvador.O Verdão escapou de cair com 40 pontos, a menor
pontuação entre os clubes que sobreviveram na vergonhosa disputa para
ficar na elite nacional. Em 2014, o grupo trabalhou com três técnicos
(Gilson Kleina, Ricardo Gareca e Dorival Júnior), mas teve seu melhor
momento sob o comando interino de Alberto Valentim, que alcançou três
vitórias, um empate e duas derrotas no torneio, chegando a deixar o time
entre os quatro primeiros.
Mais preocupado em folgar na Argentina, Gareca pouco se esforçou e só somou quatro pontos no Brasileiro
O único destaque positivo da campanha é Henrique, que veio para ser reserva de Alan Kardec ou disputar vaga no ataque, mas teve a boa fase do time aliada diretamente aos seus gols e era o artilheiro do Brasileiro até a penúltima rodada. Terminou a competição tendo balançado as redes 16 vezes, duas a menos que Fred, do Fluminense. O torcedor, porém, tende a lembrar mais deste Brasileiro pela luta para não cair e a derrota por 6 a 0 para o Goiás, a pior da história do time na competição.
COPA EUROAMERICANA
Sergio Barzaghi/Gazeta Press
O
torneio promoveu amistosos entre clubes das Américas e europeus, e o
Palmeiras se aproveitou dele para receber a Fiorentina no Pacaembu, em
30 de julho, como parte das celebrações de seu centenário. Em
pré-temporada, a equipe italiana não foi capaz de vencer os reservas
escalados por Gareca e, com a vitória por 2 a 1, o Verdão ergueu o
Troféu Julinho Botelho, ex-ponta dos dois times que recebeu a homenagem.
Alguns torcedores chegaram a gritar “é campeão”. Foi a única vez que
fizeram isso na temporada.ESTATÍSTICAS
Time ergue Taça Julinho Botelho após vencer Fiorentina em amistoso: torcida chegou a gritar "é campeão!"
Jogos: 64
Vitórias: 29
Empates: 9
Derrotas: 26
Gols Pró: 75
Gols Contra: 79
Saldo: -4
ARTILHEIROS
Henrique: 18
Alan Kardec: 10
Wesley: 5
Juninho: 4
Leandro: 4
Valdivia: 4
Felipe Menezes: 3
Mendieta: 3
Mouche: 3
Bruno César: 2
Cristaldo: 2
Lúcio: 2
Marquinhos Gabriel: 2
Mazinho: 2
Victor Luis: 2
Diogo: 1
Eguren: 1
França: 1
João Pedro: 1
Miguel: 1
Patrick Vieira: 1
Renato: 1
Tobio: 1
William Matheus: 1
CAMPEONATO PAULISTA
18/01 – Pacaembu – Palmeiras 2 x 1 Linense (Mazinho e Alan Kardec)
23/01 – Palma Travassos – Comercial 0 x 2 Palmeiras (Juninho e Wesley)
26/01 – Walter Ribeiro – Atlético Sorocaba 1 x 4 Palmeiras (Valdivia, Leandro, Juninho e Wesley)
30/01 – Pacaembu – Palmeiras 1 x 0 Penapolense (Marquinhos Gabriel)
02/02 – Pacaembu – Palmeiras 2 x 0 São Paulo (Valdivia e Alan Kardec)
05/02 – Barão de Serra Negra – XV de Piracicaba 1 x 2 Palmeiras (Alan Kardec e França)
09/02 – Pacaembu – Palmeiras 1 x 1 Audax (Mendieta)
16/02 – Pacaembu – Corinthians 1 x 1 Palmeiras (Alan Kardec)
19/02 – Pacaembu – Palmeiras 1 x 0 Ituano (Alan Kardec)
23/02 – Santa Cruz – Botafogo-SP 3 x 1 Palmeiras (Valdivia)
27/02 – Pacaembu – Palmeiras 2 x 0 São Bernardo (Alan Kardec e Valdivia)
06/03 – Pacaembu – Palmeiras 1 x 0 Portuguesa (Juninho)
09/03 – Jaime Cintra – Paulista 1 x 3 Palmeiras (William Matheus, Miguel e Patrick Vieira)
15/03 – Pacaembu – Palmeiras 3 x 2 Ponte Preta (Eguren, Alan Kardec e Mendieta)
23/03 – Vila Belmiro – Santos 2 x 1 Palmeiras (Alan Kardec)
27/03 – Pacaembu – Palmeiras 2 x 0 Bragantino (Alan Kardec e Wesley)
30/03 – Pacaembu – Palmeiras 0 x 1 Ituano
CAMPEONATO BRASILEIRO
20/04 – Heriberto Hulse – Criciúma 1 x 2 Palmeiras (Leandro e Alan Kardec)
26/04 – Pacaembu – Palmeiras 0 x 1 Fluminense
04/05 – Maracanã – Flamengo 4 x 2 Palmeiras (Wesley e Henrique)
10/05 – Pacaembu – Palmeiras 2 x 0 Goiás (Lúcio e Henrique)
18/05 – Pituaçu – Vitória 0 x 1 Palmeiras (Marquinhos Gabriel)
22/05 – Fonte Luminosa – Palmeiras 1 x 0 Figueirense (Henrique)
25/05 – Arena Condá – Chapecoense 2 x 0 Palmeiras
28/05 – Prudentão – Palmeiras 0 x 2 Botafogo
01/06 – Alfredo Jaconi – Grêmio 0 x 0 Palmeiras
17/07 – Vila Belmiro – Santos 2 x 0 Palmeiras
20/07 – Pacaembu – Palmeiras 1 x 2 Cruzeiro (Tobio)
27/07 – Itaquera – Corinthians 2 x 0 Palmeiras
03/08 – Pacaembu – Palmeiras 1 x 1 Bahia (Henrique)
10/08 – Independência – Atlético-MG 2 x 1 Palmeiras (Henrique)
17/08 – Pacaembu – Palmeiras 1 x 2 São Paulo (Henrique)
20/08 – Arena Pernambuco – Sport 2 x 1 Palmeiras (Henrique)
23/08 – Pacaembu – Palmeiras 1 x 0 Coritiba (Juninho)
30/08 – Pacaembu – Palmeiras 0 x 1 Internacional
07/09 – Arena da Baixada – Atlético-PR 1 x 1 Palmeiras (Henrique)
10/09 – Pacaembu – Palmeiras 1 x 0 Criciúma (Cristaldo)
13/09 – Maracanã – Fluminense 3 x 0 Palmeiras
17/09 – Pacaembu – Palmeiras 2 x 2 Flamengo (Diogo e Victor Luis)
21/09 – Serra Dourada – Goiás 6 x 0 Palmeiras
25/09 – Pacaembu – Palmeiras 2 x 0 Vitória (Lúcio e Henrique)
28/09 – Orlando Scarpelli – Figueirense 3 x 1 Palmeiras (Cristaldo)
02/10 – Pacaembu – Palmeiras 4 x 2 Chapecoense (Wesley e Henrique-3)
08/10 – Maracanã – Botafogo 0 x 1 Palmeiras (Henrique)
11/10 – Pacaembu – Palmeiras 2 x 1 Grêmio (Mouche e João Pedro)
19/10 – Pacaembu – Palmeiras 1 x 3 Santos (Henrique)
22/10 – Mineirão – Cruzeiro 1 x 1 Palmeiras (Mouche)
25/10 – Pacaembu – Palmeiras 1 x 1 Corinthians (Henrique)
02/11 – Fonte Nova – Bahia 0 x 1 Palmeiras (Mazinho)
08/11 – Pacaembu – Palmeiras 0 x 2 Atlético-MG
16/11 – Morumbi – São Paulo 2 x 0 Palmeiras
19/11 – Palestra Itália – Palmeiras 0 x 2 Sport
23/11 – Couto Pereira – Coritiba 2 x 0 Palmeiras
29/11 – Beira-Rio – Internacional 3 x 1 Palmeiras (Renato)
07/12 – Palestra Itália – Palmeiras 1 x 1 Atlético-PR (Henrique)
COPA DO BRASIL
12/03 – Portal da Amazônia – Vilhena-RO 0 x 1 Palmeiras (Leandro)
02/04 – Pacaembu – Palmeiras 2 x 0 Vilhena-RO (Bruno César-2)
07/05 – Castelão – Sampaio Corrêa 2 x 1 Palmeiras (Henrique)
14/05 – Pacaembu – Palmeiras 3 x 0 Sampaio Corrêa (Mendieta, Henrique e Felipe Menezes)
23/07 – Ressacada – Avaí 0 x 2 Palmeiras (Felipe Menezes-2)
06/08 – Pacaembu – Palmeiras 1 x 0 Avaí (Mouche)
27/08 – Pacaembu – Palmeiras 0 x 1 Atlético-MG
04/09 – Independência – Atlético-MG 2 x 0 Palmeiras
COPA EUROAMERICANA
30/07 – Pacaembu – Palmeiras 2 x 1 Fiorentina (Victor Luis e Leandro)
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