Cinco meses de Kaká empurram São Paulo ao vice brasileiro
"Ô, o Kaká voltou, o Kaká voltou", gritaram os torcedores são-paulinos antes de cada jogo, nos últimos cinco meses da temporada. Onze anos depois de deixar o Brasil para ser eleito o melhor jogador do mundo na Europa, o meia revelado pelo São Paulo retornou ao clube de coração em 2014 para jogar pouco tempo, mas o suficiente para refazer a imagem de sua saída e recolocar o time chefiado por Muricy Ramalho em outro patamar, ao lado de outras estrelas.
Em 30 de novembro, após ter feito sua última partida, o camisa 8 resumiu bem sua passagem nem um pouco discreta. "O que ficou e que eu realmente gostaria que ficasse é que futebol não é só bola. Meus números ficaram abaixo dos que eu tive em todos os lugares por onde passei, mas acho que realmente agreguei alguma coisa muito boa ao São Paulo. Foi uma troca de valores, porque o São Paulo também foi importante para mim", disse.
Embora tenha anotado somente três gols, Kaká impulsionou uma equipe que havia sido eliminada nas quartas de final do Campeonato Paulista e fazia um Campeonato Brasileiro bastante irregular antes de sua chegada. Foi importante técnica e taticamente, mas também servindo de exemplo aos jogadores mais jovens e menos consagrados ao ser um dos que mais corriam em todas as partidas. Se os números individuais não eram os melhores, o aproveitamento com o meia de 32 anos em campo havia se tornado muito superior.
O São Paulo de 2014, vice-campeão brasileiro e novamente perto de uma final de Copa Sul-americana, não foi só Kaká, no entanto. Além dele, chegaram outras peças importantes na metade do ano – já na gestão de Carlos Miguel Aidar, eleito em abril sucessor de Juvenal Juvêncio na presidência – para levantar o rendimento do time. A diretoria tirou o atacante Alan Kardec do Palmeiras (em negociação que fez os presidentes rivais cortarem relações), contratou o polivalente Michel Bastos (utilizado ora na lateral esquerda, ora no meio-campo) e chamou de volta o zagueiro Rafael Toloi (em grande fase depois do empréstimo de seis meses à Roma).
Dos contratados no início da temporada, a principal exceção foi Souza, volante que rapidamente ganhou a titularidade. Já o atacante Alexandre Pato, trazido pelo São Paulo em troca que levou ao Corinthians o meia Jadson, teve altos e baixos. Melhorou consideravelmente justamente com a chegada de Kaká, seu companheiro nos tempos de Milan, porém terminou a temporada em baixa, ao mesmo tempo em que Luis Fabiano se recuperou, depois de dois meses lesionado, para liderar mais uma vez a artilharia e fomentar esperança para 2015, temporada em que o goleiro será novamente Rogério Ceni.
CAMPEONATO PAULISTA
Sergio Barzaghi/Gazeta Press
Fatalidade de Rodrigo Caio na disputa de pênaltis contra o Penapolense causou primeira eliminação do ano
Com uma fórmula nova – uma fase inicial, de grupos, em que não se enfrentam times da mesma chave –, o São Paulo estreou sendo derrotado pelo Bragantino. Mas a fragilidade do grupo A permitiu que a classificação em primeiro lugar fosse conquistada com folga (ou 11 pontos de vantagem para o terceiro colocado) mesmo com quatro reveses ao todo, um deles no clássico para o Palmeiras.
O time contava com dois estrangeiros recém-chegados (o lateral esquerdo uruguaio Álvaro Pereira e o atacante colombiano Pabon), porém não podia usar Pato. Como já havia excedido pelo Corinthians o limite de jogos permitido para defender outra equipe na competição, o atacante só veio a estrear com a camisa tricolor na Copa do Brasil – no rival, Jadson começou antes, já que havia sido pouco usado por Muricy.
Mas não foi Pato o culpado pela queda precoce no Estadual. Apesar de a eliminação ter vindo nos pênaltis – fundamento que virou trauma para o ex-corintiano na Copa do Brasil de 2013 –, o vilão foi outro. Após empatar sem gol em jogo único com o Penapolense, segundo da chave, o São Paulo caiu em pleno Morumbi devido a uma cobrança errada de Rodrigo Caio.
COPA DO BRASIL
Djalma Vassão/Gazeta Press
O
torneio mata-mata foi o cenário da estreia de Pato, que ficou muito
tempo apenas treinando por não poder atuar no Paulista. Logo no primeiro
jogo, o atacante participou da jogada do gol da vitória sobre o CSA. No
duelo de volta, no Morumbi, balançou a rede pela primeira vez com a
camisa tricolor – a primeira das 12 ao longo da temporada – e ajudou a
carimbar a vaga.
Segunda queda precoce veio em noite ruim de Rogério Ceni, que foi mal nos três gols feitos pelo Bragantino
Na fase seguinte, diante de outro adversário de Maceió, o CRB, um susto. A equipe alagoana fez boa partida em casa e venceu por 2 a 1. No segundo confronto, entretanto, os comandados de Muricy não deram chance ao azar, venceram por 3 a 0 e avançaram mais uma vez na competição que era tida como o caminho mais curto para se garantir na disputa da Copa Libertadores de 2015.
Chegou apenas à terceira fase, o sonho. Frente ao Bragantino, dono de campanha sofrível na Série B do Campeonato Brasileiro, o São Paulo venceu o jogo de ida por 2 a 1, em Ribeirão Preto, porém teve atuação irreconhecível como mandante. Chegou a abrir o placar aos seis minutos, mas levou três gols em uma noite ruim de Rogério Ceni. O goleiro aceitou um chute fraco no empate e saiu mal em duas cobranças de escanteio, decretando o adeus mais cedo.
A parte boa de não ter avançado às oitavas de final foi ser transferido automaticamente para a Copa Sul-americana, onde Muricy poderia ter Kardec (impossibilitado de jogar na Copa do Brasil por já ter defendido o Palmeiras no torneio) e não corria o risco de ficar sem Pato em um eventual encontro com o Corinthians. A suposição de ter entregado o resultado revoltou o treinador e o recém-eleito presidente, Carlos Miguel Aidar.
CAMPEONATO BRASILEIRO
Rubens Chiri/www.saopaulofc.net
A
irregularidade do São Paulo ficou clara não na derrota por 5 a 2 para o
Fluminense, no Maracanã, em duelo da sexta rodada, mas sim nos tropeços
em sequência para Bahia, Chapecoense e Goiás. O revés para o time
goiano, a propósito, foi a estreia de Kaká. O meia, que voltava a
defender o clube depois de mais de uma década, fez um gol, mas não
evitou aquela que seria a última derrota antes de uma série de nove
rodadas de invencibilidade.
Último jogo de Kaká (empate com o Figueirense) selou o vice brasileiro com uma rodada de antecedência
Com o camisa 8, o aproveitamento melhorou muito. O time somou vitórias importantes, incluindo os clássicos contra Palmeiras e Santos, até ter um confronto direto com o Cruzeiro, que figurava como forte candidato ao bicampeonato, com larga vantagem na ponta da tabela. Após empatarem em Belo Horizonte no primeiro turno, os dois mediram forças no Morumbi, e o São Paulo deu prova de que seria o principal perseguidor do líder, vencendo e diminuindo a distância para quatro pontos.
A previsão, contudo, foi deixada de lado momentaneamente. Logo depois de derrotar o atual campeão e primeiro colocado, o São Paulo somou apenas um ponto nas quatro partidas seguintes do campeonato, sequência em que sofreu 11 gols. Na opinião de Muricy, muito em função da fragilidade defensiva pelo lado direito da defesa, onde vinha apostando em Auro, garoto formado nas divisões de base. A solução foi improvisar ora o zagueiro Paulo Miranda, ora o volante Hudson.
Em decorrência ou não da mudança, a equipe ficou nove rodadas sem perder. A próxima e última derrota foi exatamente na rodada derradeira, quando o Cruzeiro já era campeão com antecedência. O concorrente mineiro foi dado como vencedor bem antes, quando o São Paulo teve jogo contra o Internacional antecipado em virtude da disputa da Sul-americana e não passou de empate em casa. A partir dali, estava óbvio para a comissão técnica que a chance de título era por outro meio.
COPA SUL-AMERICANA
Djalma Vassão/Gazeta Press
A
insinuação de que a eliminação na Copa do Brasil tinha sido proposital
não fazia mesmo sentido, como demonstraram as dificuldades na
Sul-americana. No primeiro compromisso, frente a um Criciúma igualmente
reserva, o São Paulo foi derrotado por 2 a 1. A vaga veio com formação
completa no Morumbi e um 2 a 0, com gol de Kaká, poupado em Santa
Catarina.
Apesar de não alcançar também a final da Sul-americana, Rogério Ceni prorrogou seu contrato até 2015
Nas oitavas de final, o primeiro jogo foi como mandante: 1 a 0 sobre o Huachipato, no Morumbi. O adversário chileno não facilitou em casa, porém. O São Paulo precisou superar dois gols sofridos e uma expulsão para, exausto, ganhar por 3 a 2. Contra o equatoriano Emelec, não foi diferente. Depois de sair vitorioso do Morumbi por 4 a 2, Rogério Ceni falhou, mas também salvou sua equipe com grandes defesas e selou a vaga ao evitar derrota maior do que 3 a 2.
Como em 2013, um dos piores anos da história do clube, o São Paulo conseguiu alcançar a semifinal do secundário torneio continental. Se a dificuldade já havia sido grande nas fases anteriores, o Atlético Nacional, candidato ao título colombiano, prometia brigar de igual para igual para ser finalista. Foi assim mesmo. Sob comando de Juan Carlos Osorio, a equipe alviverde abriu vantagem vencendo o primeiro jogo por 1 a 0.
Mesmo diante de mais de mais de 45 mil torcedores, Ceni e seus companheiros conseguiram apenas devolver o placar, e a decisão foi para os pênaltis. O goleiro até converteu sua cobrança, a segunda da fila são-paulina, mas não fez nenhuma defesa, o que culminou com mais um vexame em casa, graças a erros de Alan Kardec e de Rafael Toloi. Mais do que a classificação para a Libertadores, que veio através do Brasileiro, a derrota além do tempo normal impediu que Kaká coroasse com título seus cinco meses de São Paulo.
ESTATÍSTICAS
Jogos: 69 jogos
Vitórias: 37 vitórias
Empates: 15
Derrota: 17 derrotas
Gols Pró: 112
Gols Contra: 71
Saldo: +41
ARTILHEIROS
Luis Fabiano: 20 gols
Pato: 12
Alan Kardec: 10
Rogério Ceni: 10
Ganso: 9
Antônio Carlos: 7
Ademilson: 5
Edson Silva: 5
Michel Bastos: 4
Osvaldo: 4
Souza: 4
Kaká: 3
Boschilia: 2
Douglas: 2
Lucão: 2
Pabon: 2
Álvaro Pereira: 1
Ewandro: 1
Hudson: 1
Lucas Evangelista: 1
Luis Ricardo: 1
Maicon: 1
Paulo Miranda: 1
Rafael Toloi: 1
Rodrigo Caio: 1
Contra: 2
CAMPEONATO PAULISTA
19/01 - Bragantino 2 x 0 São Paulo
22/01 - São Paulo 4 x 0 Mogi Mirim (Osvaldo, Luis Fabiano, Ademilson e Douglas)
26/01 - São Paulo 2 x 1 Oeste (Antônio Carlos [2])
29/01 - São Paulo 6 x 3 Rio Claro (Luis Fabiano [3], Ademilson, Ewandro e Antônio Carlos)
02/02 - Palmeiras 2 x 0 São Paulo
06/02 - São Paulo 2 x 0 Paulista (Antônio Carlos e Luis Fabiano)
09/02 - Ponte Preta 2 x 1 São Paulo (Rogério Ceni)
15/02 - São Paulo 0 x 0 Portuguesa
20/02 - São Bernardo 1 x 1 São Paulo (Álvaro Pereira)
23/02 - São Paulo 0 x 0 Santos
26/02 - XV De Piracicaba 1 x 3 São Paulo (Luis Ricardo, Luis Fabiano e Pabon)
05/03 - São Paulo 4 x 0 Audax (Luis Fabiano [2], Osvaldo e Souza)
09/03 - Corinthians 2 x 3 São Paulo (Ganso, Luis Fabiano e Rodrigo Caio)
16/03 - São Paulo 0 x 1 Ituano
23/03 - Botafogo 0 x 2 São Paulo (Lucas Evangelista e Ademilson)
26/03 - São Paulo 0 x 0 Penapolense
COPA DO BRASIL
12/03 - CSA 0 x 1 São Paulo (Osvaldo)
09/04 - São Paulo 3 x 0 CSA (Pato e Luis Fabiano [2])
23/04 - CRB 2 x 1 São Paulo (Ademilson)
07/05 - São Paulo 3 x 0 CRB (Osvaldo, Lucão e Rogério Ceni)
30/07 - Bragantino 1 x 2 São Paulo (Bruno Recife [contra] e Pato)
13/08 - São Paulo 1 x 3 Bragantino (Paulo Miranda)
AMISTOSO
20/06 - Orlando City 0 x 0 São Paulo
COPA SUL-AMERICANA
28/08 - Criciúma 2 x 1 São Paulo (Pato)
04/09 - São Paulo 2 x 0 Criciúma (Edson Silva e Kaká)
30/09 - São Paulo 1 x 0 Huachipato (Michel Bastos)
15/10 - Huachipato 2 x 3 São Paulo (Michel Bastos, Ganso e Boschilia)
30/10 - São Paulo 4 x 2 Emelec (Michel Bastos, Hudson, Alan Kardec e Antônio Carlos)
05/11 - Emelec 3 x 2 São Paulo (Alan Kardec e Ganso)
19/11 - Atlético Nacional 1 x 0 São Paulo
26/11 - São Paulo 1 x 0 Atlético Nacional (Ganso)
CAMPEONATO BRASILEIRO
20/04 - São Paulo 3 x 0 Botafogo (Antônio Carlos, Douglas e Luis Fabiano)
27/04 - Cruzeiro 1 x 1 São Paulo (Antônio Carlos)
03/05 - São Paulo 2 x 2 Coritiba (Pato e Ademilson)
11/05 - São Paulo 1 x 1 Corinthians (Luis Fabiano)
18/05 - Flamengo 0 x 2 São Paulo (Ganso [2])
21/05 - Fluminense 5 x 2 São Paulo (Rogério Ceni e Pato)
24/05 - São Paulo 1 x 0 Grêmio (Lucão)
28/05 - Atlético-PR 2 x 2 São Paulo (Rogério Ceni e Luis Fabiano)
31/05 - São Paulo 2 x 1 Atlético-MG (Luis Fabiano e Pabon)
16/07 - Bahia 0 x 2 São Paulo (Rogério Ceni e Alan Kardec)
19/07 - São Paulo 0 x 1 Chapecoense
27/07 - Goiás 2 x 1 São Paulo (Kaká)
02/08 - São Paulo 1 x 1 Criciúma (Alan Kardec)
10/08 - São Paulo 3 x 1 Vitória (Pato, Alan Kardec e Pato)
17/08 - Palmeiras 1 x 2 São Paulo (Pato e Alan Kardec)
20/08 - Internacional 0 x 1 São Paulo (Ganso)
24/08 - São Paulo 2 x 1 Santos (Ganso e Pato)
31/08 - Figueirense 1 x 1 São Paulo (Rogério Ceni)
07/09 - São Paulo 2 x 0 Sport (Rithely [contra] e Pato)
10/09 - Botafogo 2 x 4 São Paulo (Alan Kardec, Souza [2] e Pato)
14/09 - São Paulo 2 x 0 Cruzeiro (Rogério Ceni e Alan Kardec)
17/09 - Coritiba 3 x 1 São Paulo (Michel Bastos)
21/09 - Corinthians 3 x 2 São Paulo (Souza e Edson Silva)
24/09 - São Paulo 2 x 2 Flamengo (Rogério Ceni e Luis Fabiano)
27/09 - São Paulo 1 x 3 Fluminense (Pato)
04/10 - Grêmio 0 x 1 São Paulo (Rogério Ceni)
08/10 - São Paulo 1 x 0 Atlético-PR (Maicon)
12/10 - Atlético-MG 1 x 0 São Paulo
18/10 - São Paulo 2 x 1 Bahia (Rogério Ceni e Ganso)
22/10 - Chapecoense 0 x 0 São Paulo
27/10 - São Paulo 3 x 0 Goiás (Edson Silva, Luis Fabiano e Alan Kardec)
02/11 - Criciúma 1 x 2 São Paulo (Edson Silva e Alan Kardec)
09/11 - Vitória 1 x 2 São Paulo (Luis Fabiano e Kaká)
12/11 - São Paulo 1 x 1 Internacional (Luis Fabiano)
16/11 - São Paulo 2 x 0 Palmeiras (Luis Fabiano e Rafael Toloi)
23/11 - Santos 0 x 1 São Paulo (Boschilia)
30/11 - São Paulo 1 x 1 Figueirense (Edson Silva)
07/12 - Sport 1 x 0 São Paulo
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