Feliz na China, Hyuri não pensa em retorno: "Salário cai no dia certinho"

Destaque no Guizhou Renhe, meia-atacante planeja cumprir seu contrato de mais dois anos. Ele conta que saída do Botafogo não encerrou sua relação com o clube

Por Rio de Janeiro
Hyuri  Guizhou Renhe (Foto: Divulgação )Hyuri quer cumprir os mais dois anos de contrato que tem com o Guizhou Renhe, da China (Foto: Divulgação )
O meia-atacante Hyuri, de 23 anos, teve uma rápida ascensão em 2013, quando se destacou pelo Audax no Campeonato Carioca e chamou a atenção do Botafogo. No Alvinegro, também fez boas partidas e ajudou na classificação para a Libertadores. Antes de disputar a competição, no entanto, surgiu a oportunidade de jogar do outro lado do mundo, na China. Ele foi. E não se arrepende.

Hyuri teve uma boa temporada no Guizhou Renhe ao mesmo tempo em que viu o Botafogo acumular maus resultados e problemas, principalmente financeiros, que culminaram na queda para a Série B. Com mais dois anos de contrato na China, ele não pensa em retornar ao Brasil agora.

- Paro para olhar a situação do Brasil e, no geral, não é confortável na parte financeira. Não só o Botafogo. Lá na China não é o melhor lugar do mundo, mas o salário e a premiação caem no dia certinho. Isso joga muito a favor para o psicológico do atleta.

O meia-atacante não se desligou completamente do Botafogo. Manteve contato com os ex-companheiros e funcionários do clube neste período e acompanhou todas as dificuldades. No primeiro treino após o rebaixamento, confirmado depois da derrota para o Santos, Hyuri foi até o Engenhão dar apoio aos amigos.

Confira a entrevista com Hyuri:

GloboEsporte.com: Conseguiu, mesmo de longe, acompanhar tudo o que acontecia no Botafogo após sua partida?

Hyuri - Acompanhava, sim. O horário é muito ruim para assistir aos jogos, mas sempre na manhã seguinte olhava os resultados, lia tudo o que estava acontecendo. Sempre por dentro da classificação.
Hyuri no treino do Botafogo (Foto: Fred Huber)Hyuri na visita que fez ao Bota após o rebaixamento (Foto: Fred Huber)
No primeiro treino após a confirmação do rebaixamento, você estava no Brasil e foi ao Engenhão dar apoio aos ex-companheiros. Qual foi o cenário que encontrou?

- Um cenário desanimador. Arrisco a dizer que as rodadas foram passando e viram que era difícil contornar... Foi tomando conta esse clima. Conversei com o pessoal que era mais colocado comigo, como o Dankler, André Bahia, Dedé, Gegê, Sidney, Fabiano... fiz questão de dar um abraço, dividir aquele momento. Mesmo longe, fiquei muito triste com o que aconteceu. Em 2013 era um lugar maravilhoso para se trabalhar, em todos os sentidos. Se a questão financeira fosse resolvida, seria um dos melhores clubes do Rio.

Que avaliação você faz desta primeira temporada no Guizhou Renhe? Foi difícil se adaptar ao futebol chinês?


- Foi menos difícil do que eu pensava, consegui pegar rápido o estilo de jogos deles e fui titular desde o primeiro jogo. De 30 partidas, joguei 27, fiz nove gols e deu cinco assistências. Fico feliz com o meu rendimento, e acho que posso fazer mais ainda. O jeito de trabalhar lá é completamente do que eu me acostumei tanto no Botafogo quanto no Audax.

E sobre o dia a dia, como lidou com as diferenças culturais? Teve problema para se alimentar, para se comunicar?


- Alimentação era só em casa. Evitava comida da rua, que muita vezes não tem um aspecto muito bom. A cultura é bastante diferente. Observei bastante quando cheguei, notei algumas coisas que eles lá não toleram. Sobre horário, tudo... Procurei respeitar e isso me fez adaptar mais rápido. Não criei problemas. Para comunicação, temos dois tradutores. Do chinês para o espanhol e do chinês para o inglês. Comecei a estudar inglês e agora já me garanto.

Mas e dentro de campo, o idioma causou algum tipo de problema?


- Até hoje não deu problema. O tradutor passava para mim tudo o que falavam, e também tinha um português na comissão técnica que me ajudava também. Era ele quem me passava as instruções. Facilitou muito.

Sua ideia é ficar mais tempo na China, voltar ao Brasil...?


- Tenho mais dois anos de contrato ainda, e minha ideia é cumprir até o fim. Se acontecer algo antes, será um acaso. Até tenho vontade de voltar, mas é passageira. Paro para olhar a situação no Brasil e, no geral, não é confortável na parte financeira. Não só o Botafogo. Lá na China não é o melhor lugar do mundo, mas o salário e a premiação caem no dia certinho. Isso joga muito a favor para o psicológico do atleta. Aqui a pressão da torcida é muito pequena, mas o compromisso deles é indiscutível.

Disputar um campeonato de alto nível na Europa está nos seus planos? 


- Claro que também tenho o sonho de jogar na Europa. Ainda penso nisso. Muitas pessoas dizem que me escondi ao aceitar jogar na China, mas estou mostrando meu futebol do lado de lá (oriente). Querem contar comigo e gostam de mim por lá.

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