Para Parreira, mérito de Dunga é usar filosofia implantada por Zagallo
Carlos Alberto Parreira não acredita que Dunga tenha feito uma grande inovação na Seleção Brasileira vitoriosa nos oito amistosos realizados após a Copa do Mundo. Para o braço direito de Luiz Felipe Scolari no vexame do Mundial disputado em casa, o grande mérito do sucessor é recorrer a uma filosofia de mais de 40 anos.
“É um conceito muito concreto: quando o futebol brasileiro aprende a jogar sem a bola, fica quase imbatível. Esse é o desafio de um técnico da Seleção. Quando isso acontece, você está muito próximo do resultado positivo. Aprendi isso em 1970, com o Zagallo”, comentou Parreira, preparador físico na conquista daquele tricampeonato mundial, em entrevista à Rádio Globo.
O técnico de Dunga no tetracampeonato de 1994 ainda apontou a vitória por 1 a 0 sobre o Chile deste domingo como uma comprovação do seu ponto de vista. Em Londres, o Brasil poupou titulares e jogou mal, mas chegou ao resultado com um gol marcado pelo atacante Roberto Firmino.
“O Dunga está implantando esse conceito com muito sucesso. É a afirmação de algo que sempre deu certo nas Seleções campeãs do mundo. Hoje, bastou um lance para o Brasil decidir. Não fez um jogo maravilhoso, mas soube se defender e decidir em uma jogada. Até porque, com a bola, temos jogadores que fazem a diferença”, comentou Parreira.
Fernando Dantas/Gazeta Press
O antigo coordenador da Seleção Brasileira considera que a sua teoria seja ainda mais indispensável atualmente. Afinal, como ficou provado na última Copa, o país pentacampeão mundial já não tem conseguido destoar positivamente de seus rivais.
“No passado, o Brasil criou tendências porque tinha craques. No momento em que não contamos com jogadores desse nível há muito tempo, até porque o futebol se globalizou, temos que igualar as armas. É preciso que sejamos competitivos, aplicados sem a bola. Assim, a nossa maior capacidade de improvisação fará diferença em alguma hora”, argumentou.
Mesmo crítico em relação aos atletas brasileiros, Parreira avaliou que o Brasil possui bom nível técnico – e só o atacante Neymar como “fora de série”. Boa parte do elenco de Dunga, inclusive, foi comandada por Felipão no último Mundial.
“Os jogadores são os mesmos, mais experientes depois de uma Copa do Mundo. Mas não vamos comparar. Amistosos são bem diferentes de jogos de Copa”, afirmou Parreira, que se incomoda quando lembra a humilhante goleada de 7 a 1 sofrida para a Alemanha. “É uma derrota marcada para sempre na história do futebol brasileiro, e acabou. Faz parte. Não vamos apagar nunca. Mas já passou, e que sirva de lição. Vamos pensar na próxima Copa.”
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