Teliana espera tranquila o Aberto da Austrália após melhor ano da carreira
A pernambucana Teliana Pereira teve mais a comemorar do que esperava na temporada de 2013 do circuito mundial de tênis. Ela conquistou cinco títulos de torneios da ITF, foi a primeira representante nacional na chave de um WTA desde 2005 e quebrou um jejum de 23 anos sem tenistas brasileiras entre as 100 melhores do ranking mundial.
Ainda no top-100 da lista da WTA, ela agora espera com expectativa contida os últimos descartes de pontos do ranking de 2013 para ver se entra na chave do Aberto da Austrália de 2014 para coroar uma temporada com que nem sonhava no início do ano. Ocupando a 92ª posição, ela nunca teve tantas chances de participar de um torneio de Grand Slam, mas tenta manter a tranquilidade depois da decepção de não conseguir vaga em Roland Garros e no Aberto dos Estados Unidos deste ano.
Os primeiros grandes feito de Teliana em 2013 ocorreram na Colômbia, onde participou do WTA de Cali, tornando-se a primeira atleta nacional na chave principal de um torneio de alto escalão desde 2005. Na semana seguinte, chegou à semifinal do WTA de Bogotá, resultado que lhe deu confiança para evoluir ainda mais no circuito, como contou em entrevista exclusiva à Gazeta Esportiva.net.
A pernambucana também sofreu com oscilações. Foi eliminada na estreia do WTA de Florianópolis, apenas uma semana depois da semifinal na Colômbia, e enfrentou uma sequência de resultados negativos. Mas em julho fez o Brasil ter uma tenista entre as 100 melhores do mundo, o que não ocorria desde 16 de abril 1990, quando Andréa Vieira atingiu o feito.
Teliana chegou a deixar o top-100 do ranking mundial. Uma sequência de 19 vitórias e três títulos consecutivos em torneios ITFs ao fim da temporada, no entanto, a fez atingir a 87ª colocação da lista da WTA, a melhor de sua carreira. O feito a aproximou do Aberto da Austrália, torneio que deve divulgar nas próximas semanas sua lista de jogadoras na chave principal.
Divulgação
Gazeta Esportiva: Você teve uma temporada com os títulos dos ITFs de Perigueux, Denain, Mont-de-Marsan, Saint Malo e Sevilla, além de ter entrado pela primeira vez em um torneio WTA, atingido a semifinal do WTA de Bogotá e o top-100 do ranking mundial. É o melhor ano da sua carreira?
Teliana Pereira: Com certeza. Obtive meus melhores resultados e também senti que progredi bastante, cresci. E o fato de ter voltado a jogar sem lesões também me deixou bastante empolgada. A gente tem ali uma dorzinha ou outra, mas consegui fazer o ano inteiro sem parar, fazia tempo que eu não tinha essa sequência.
Teliana Pereira: Com certeza. Obtive meus melhores resultados e também senti que progredi bastante, cresci. E o fato de ter voltado a jogar sem lesões também me deixou bastante empolgada. A gente tem ali uma dorzinha ou outra, mas consegui fazer o ano inteiro sem parar, fazia tempo que eu não tinha essa sequência.
Gazeta Esportiva: E a que você atribui essa melhora significativa no seu desempenho em quadra e nos resultados?
Teliana: Uma coisa puxa a outra, na verdade. Estando bem fisicamente, você melhora mentalmente e seu jogo cresce. No geral, melhorei em todos os sentidos. Consegui jogar os torneios grandes, estar no meio das meninas e acabei evoluindo por estar ali nesse ambiente. Hoje tenho mais confiança.
Teliana: Uma coisa puxa a outra, na verdade. Estando bem fisicamente, você melhora mentalmente e seu jogo cresce. No geral, melhorei em todos os sentidos. Consegui jogar os torneios grandes, estar no meio das meninas e acabei evoluindo por estar ali nesse ambiente. Hoje tenho mais confiança.
Gazeta Esportiva: O que essa vivência com algumas das melhores jogadoras do mundo adicionou a seu jogo?
Teliana: Antes de jogar um torneio WTA, tudo parecia ser muito distante porque eu não conhecia as meninas. Como não estava vivendo com elas, achava que era tudo muito difícil. Com o passar do tempo, a gente vai convivendo e vê que todas passam pela mesma situação, mesmas dificuldades até fora da quadra. Você enxerga com outros olhos. Vi que as coisas não são tão difíceis. Todo mundo está jogando, mas uma está em um dia melhor ou pior e isso muda o resultado.
Teliana: Antes de jogar um torneio WTA, tudo parecia ser muito distante porque eu não conhecia as meninas. Como não estava vivendo com elas, achava que era tudo muito difícil. Com o passar do tempo, a gente vai convivendo e vê que todas passam pela mesma situação, mesmas dificuldades até fora da quadra. Você enxerga com outros olhos. Vi que as coisas não são tão difíceis. Todo mundo está jogando, mas uma está em um dia melhor ou pior e isso muda o resultado.
Gazeta Esportiva: E o fato de ter conseguido entrar em alguns torneios da WTA e ter atingido bons resultados muda a forma como as adversárias te enxergam?
Teliana: Com certeza. Estar entre elas e tendo bons resultados faz com que todas te olhem mais. Quando você chega ali e ninguém te conhece, elas não sabem o que você pode, o que você faz. Estar ali jogando contra elas facilita.
Teliana: Com certeza. Estar entre elas e tendo bons resultados faz com que todas te olhem mais. Quando você chega ali e ninguém te conhece, elas não sabem o que você pode, o que você faz. Estar ali jogando contra elas facilita.
Gazeta Esportiva: Você passa o ano inteiro viajando e a cada semana tem um torneio. No meio dessa rotina, dá para ter uma noção da importância dos feitos que você atingiu?
Teliana: Na verdade foi tudo um pouco rápido. Até quando cheguei à semifinal em Bogotá, perdi e fui direto para o WTA de Florianópolis, lá não joguei bem e falei ‘nossa, como passou rápido’. Você tem que saber a grandeza das coisas, mas eu tento pensar que estou colhendo frutos. Trabalhei duro demais para isso, passei por momentos difíceis quando me machuquei. Penso em toda a história que tenho, tudo que consegui superar e simplesmente penso em continuar trabalhando duro.
Teliana: Na verdade foi tudo um pouco rápido. Até quando cheguei à semifinal em Bogotá, perdi e fui direto para o WTA de Florianópolis, lá não joguei bem e falei ‘nossa, como passou rápido’. Você tem que saber a grandeza das coisas, mas eu tento pensar que estou colhendo frutos. Trabalhei duro demais para isso, passei por momentos difíceis quando me machuquei. Penso em toda a história que tenho, tudo que consegui superar e simplesmente penso em continuar trabalhando duro.
Reprodução/Instagram
Gazeta Esportiva: Você atingiu a 87ª colocação do ranking mundial em outubro, a melhor de sua carreira. Mesmo caindo um pouco por não ter jogado nas últimas semanas, ainda está próxima de entrar no Aberto da Austrália, quebrando um jejum de 21 anos do Brasil sem representantes em torneios de Grand Slam. Como está a espera pela lista?
Teliana: Para ser sincera estou bem tranquila. Criei bastante expectativa este ano em relação ao Aberto dos Estados Unidos e até a Roland Garros, em que fiquei perto da chave porque perdi na última rodada do qualifying, e aprendi bastante sobre essa ansiedade. Não adianta ficar sofrendo por antecipação. Se acontecer, ótimo. Se não, vou para o quali sem nenhum problema também.
Teliana: Para ser sincera estou bem tranquila. Criei bastante expectativa este ano em relação ao Aberto dos Estados Unidos e até a Roland Garros, em que fiquei perto da chave porque perdi na última rodada do qualifying, e aprendi bastante sobre essa ansiedade. Não adianta ficar sofrendo por antecipação. Se acontecer, ótimo. Se não, vou para o quali sem nenhum problema também.
Gazeta Esportiva: Tudo o que você alcançou em 2013 te deixa mais pressionada para a próxima temporada?
Teliana: Com certeza acaba criando uma expectativa. Porque você está em 87 do mundo e cai para 120, as pessoas acham que você está regredindo porque muitos não sabem como funciona direito o ranking. O patrocínio está ali também e quer ter ver no auge, na mídia. Com certeza tem mais cobrança, mas é gostoso porque é sinal de que estão acreditando no seu potencial. Você só tem que saber lidar com isso para não pegar pelo lado negativo.
Teliana: Com certeza acaba criando uma expectativa. Porque você está em 87 do mundo e cai para 120, as pessoas acham que você está regredindo porque muitos não sabem como funciona direito o ranking. O patrocínio está ali também e quer ter ver no auge, na mídia. Com certeza tem mais cobrança, mas é gostoso porque é sinal de que estão acreditando no seu potencial. Você só tem que saber lidar com isso para não pegar pelo lado negativo.
Gazeta Esportiva: O tênis é um esporte individual e que o desempenho do atleta está sujeito a muitas variáveis. Você também tem uma autocobrança para continuar evoluindo?
Teliana: Eu me cobro bastante, mas não pode ser o tempo todo em relação a resultado. Às vezes você joga seu melhor tênis contra uma menina que também jogou o melhor tênis dela e no momento ela é melhor do que você. Aí você fala ‘como fui perder esse jogo?’. Essa é a pior coisa que você pode fazer. O que me cobro é todo dia estar em quadra, fazer meu melhor treino, estar bem. Deveria até ser mais tolerante comigo mesma em relação a isso, mas acho que o atleta se pressiona, é normal.
Teliana: Eu me cobro bastante, mas não pode ser o tempo todo em relação a resultado. Às vezes você joga seu melhor tênis contra uma menina que também jogou o melhor tênis dela e no momento ela é melhor do que você. Aí você fala ‘como fui perder esse jogo?’. Essa é a pior coisa que você pode fazer. O que me cobro é todo dia estar em quadra, fazer meu melhor treino, estar bem. Deveria até ser mais tolerante comigo mesma em relação a isso, mas acho que o atleta se pressiona, é normal.
Gazeta Esportiva: Você alcançou o top-100 do ranking e se aproximou da vaga no Aberto da Austrália principalmente com bons resultados consecutivos em torneios ITF. Para tentar se manter neste grupo vai continuar neste nível ou começa a jogar WTAs com mais regularidade em 2014?
Teliana: A gente continuará mesclando. Não dá para atacar só um, a não ser que esteja entre as 30 ou 40 do mundo, aí pode jogar só WTA. Mas por enquanto vamos continuar mesclando. É importante continuar jogando ITF porque se você der azar no WTA e em cinco torneios seguidos, pegar cinco jogos duríssimos e perder, já se complica um pouco.
Teliana: A gente continuará mesclando. Não dá para atacar só um, a não ser que esteja entre as 30 ou 40 do mundo, aí pode jogar só WTA. Mas por enquanto vamos continuar mesclando. É importante continuar jogando ITF porque se você der azar no WTA e em cinco torneios seguidos, pegar cinco jogos duríssimos e perder, já se complica um pouco.
Gazeta Esportiva: E já há uma meta, sobretudo para os torneios maiores, em 2014?
Teliana: Tenho boas expectativas, mas a gente tem que estar sempre preparada porque às vezes você passa por momentos ruins, perde alguns jogos seguidos. Nunca perdi muitas partidas em sequência, acho que três no máximo, mas tenho que estar preparada. Cair no ranking é normal, o atleta cai, mas é claro que a gente sempre tenta melhorar. Você tem que se preparar para quando as coisas acontecerem, como foi este ano, para progredir, mas também para não ficar na neura quando cair.
Teliana: Tenho boas expectativas, mas a gente tem que estar sempre preparada porque às vezes você passa por momentos ruins, perde alguns jogos seguidos. Nunca perdi muitas partidas em sequência, acho que três no máximo, mas tenho que estar preparada. Cair no ranking é normal, o atleta cai, mas é claro que a gente sempre tenta melhorar. Você tem que se preparar para quando as coisas acontecerem, como foi este ano, para progredir, mas também para não ficar na neura quando cair.
Gazeta Esportiva: Além do nível das jogadoras e da premiação, quais as diferenças entre os torneios grandes e os menores?
Teliana: A diferença é gigantesca: a estrutura, a organização, a parte das jogadoras, a médica. São dois mundos completamente diferentes, mas tem que passar pelos dois, não tem jeito. O que eu mais sinto diferença é a parte médica. No WTA tem toda uma estrutura com vários fisioterapeutas e no ITF você tem normalmente um, dificilmente consegue ser atendida pelo médico. São dois mundos distintos.
Teliana: A diferença é gigantesca: a estrutura, a organização, a parte das jogadoras, a médica. São dois mundos completamente diferentes, mas tem que passar pelos dois, não tem jeito. O que eu mais sinto diferença é a parte médica. No WTA tem toda uma estrutura com vários fisioterapeutas e no ITF você tem normalmente um, dificilmente consegue ser atendida pelo médico. São dois mundos distintos.
Gazeta Esportiva: Quando você está em um torneio da WTA tem alguma regalia em relação ao ITF?
Teliana: Você tem mais quadras para treinar, por exemplo. No ITF você está sempre dividindo e às vezes quer fazer um trabalho técnico que precisaria da quadra inteira e não consegue. Tem sempre carro para te buscar. No WTA se torna tudo muito mais fácil, mas em compensação o nível de jogo já é outro. Na primeira rodada, sua adversária já é uma menina duríssima. Isso muda.
Teliana: Você tem mais quadras para treinar, por exemplo. No ITF você está sempre dividindo e às vezes quer fazer um trabalho técnico que precisaria da quadra inteira e não consegue. Tem sempre carro para te buscar. No WTA se torna tudo muito mais fácil, mas em compensação o nível de jogo já é outro. Na primeira rodada, sua adversária já é uma menina duríssima. Isso muda.
Gazeta Esportiva: O Brasil voltou ao calendário do circuito mundial este ano com o WTA de Florianópolis e no ano que vem o País organizará também o WTA do Rio de Janeiro. Imagino que sua expectativa seja entrar na chave em ambos...
Teliana: Espero jogar os dois e ter bons resultados. Isso é muito importante. No começo do ano falei que era muito importante o Brasil ter esses torneios, estar de novo no meio dos outros países. O público está acostumado a ver só o masculino e isso faz com que ele esteja um pouco acima hoje no País. Se as pessoas começam a acompanhar as meninas, elas se sentem mais confiantes. É muito importante também as brasileiras poderem competir vendo o que se precisa fazer no dia a dia. Nos torneios, você vê outras treinando, assiste aos jogos e acaba prestando atenção. Esses torneios ajudam muito a divulgação do tênis feminino.
Teliana: Espero jogar os dois e ter bons resultados. Isso é muito importante. No começo do ano falei que era muito importante o Brasil ter esses torneios, estar de novo no meio dos outros países. O público está acostumado a ver só o masculino e isso faz com que ele esteja um pouco acima hoje no País. Se as pessoas começam a acompanhar as meninas, elas se sentem mais confiantes. É muito importante também as brasileiras poderem competir vendo o que se precisa fazer no dia a dia. Nos torneios, você vê outras treinando, assiste aos jogos e acaba prestando atenção. Esses torneios ajudam muito a divulgação do tênis feminino.
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