Rival em jogos de bairro, ex-goleiro prestigia homenagem a Garrincha

Botafogo celebra os 80 anos do nascimento do craque com exibição de filme, e torcedores ainda ganham tour pela sala de troféus como presente

Por Rio de Janeiro
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A noite de sexta-feira foi marcada pela nostalgia em General Severiano. Em homenagem à data em que Garrincha celebraria 80 anos caso estivesse vivo, o Botafogo abriu o salão nobre da sede para a exibição de “Garrincha, Alegria do Povo”, filme de 1963, dirigido por Joaquim Pedro de Andrade. E uma presença especial esteve entre os espectadores: um ex-goleiro, adversário dos tempos de Pau Grande, distrito da cidade de Magé, no Rio de Janeiro, onde o Mané nasceu. Tavares, como é conhecido, aproveitou para relembrar uma ocasião em que o talento do jogador fez com que sua equipe tomasse uma goleada histórica, em 1955.
- Ele ainda não era o Garrincha. Jogamos contra o time da fábrica dele, em um campo muito ruim. Eram times de bairros na época. Ele era simples, modesto, mas jogava muito. Sem preparo físico, sem nada, trabalhava em fábrica e gostava das suas farras. Mas tinha uma habilidade espetacular. Pegou o nosso time e arrasou. Tínhamos uma equipe boa, com fama. Chegamos a ficar três anos invictos, mas apanhamos para o time dele por 9 a 3. E não era uma coisa comum eu levar nove gols em um jogo. Mas tomei, não teve jeito – recordou, aos risos.
homenagem Garrincha no Botafogo Tavares, ex-goleiro (Foto: Thiago Benevenutte )Tavares, ex-goleiro rival de Garrincha em Pau Grande, comparece à homenagem (Foto: Thiago Benevenutte )
Logo na entrada do salão, uma imagem em tamanho real do eterno camisa 7, além de suas principais conquistas pelo Botafogo – o Roberto Gomes Pedrosa, de 1962, e a Taça Líder, pela conquista do bicampeonato estadual em 1961 e 1962, puderam ser observadas e fotografadas. Na tela, toda a trajetória de Manuel Francisco do Santos, de sua origem até os momentos mais vitoriosos, como as duas conquistas de Copa do Mundo, em 1958 e 1962.
Sem a presença do presidente Maurício Assumpção – que não pôde comparecer devido a problemas particulares -, o porta-voz do clube foi o vice-presidente administrativo, Daniel Pereira Júnior. O dirigente fez questão de exaltar a história vencedora do craque e elogiar o evento.
- O Garrincha é um ídolo, e o Botafogo sempre reverencia os seus ídolos. Dar esse retorno para a torcida, essa aproximação com o público, sempre é bom. Ele foi gênio, a coisa mais fantástica que o futebol já teve, não tem comparação. É um evento bacana, a gente gosta muito de fazer isso, abrir General Severiano para o nosso torcedor. Pena que a chuva atrapalhou um pouquinho, mas o torcedor com certeza vai gostar de relembrar os bons momentos, de glórias.
homenagem Garrincha no Botafogo  (Foto: Thiago Benevenutte )Filme sobre a vida de Garrincha foi exibido (Foto: Thiago Benevenutte )
O dia do nascimento do maior ídolo da história botafoguense, no entanto, gera alguma controvérsia. De acordo com Ruy Castro, autor da biografia do Anjo das Pernas Tortas, a data deveria ser comemorada dez dias depois, em 28 de outubro. Para o Botafogo, vale o dia 18, e para os torcedores, valeu a noite tão especial.

Alvinegros ganham ‘presente’

Por causa de uma forte chuva, a exibição do filme foi adiada em cerca de meia hora, para que mais torcedores pudessem chegar até General Severiano. Os que chegaram na hora, porém, não ficaram esperando. Um tour gratuito pela sala de troféus foi oferecido. Normalmente, não-sócios têm de pagar para conferir o acervo do Botafogo.
homenagem Garrincha no Botafogo  (Foto: Thiago Benevenutte )Torcedores puderam apreciar os troféus alvinegros na sede de General Severiano (Foto:Thiago Benevenutte )
Quem fez o convite foi o próprio vice-presidente administrativo, que ainda revelou que um projeto de modernização deve ser feito até o ano que vem.
- Vamos digitalizar a sala de troféus do Botafogo, fazendo parecido com o que existe no Museu do Futebol, em São Paulo. Assim, olhando as taças, é tudo muito frio. Com a interatividade, ao poder clicar no troféu e ver como ele foi conquistado, fica bem melhor – revelou Daniel.
E o otimismo dos presentes foi notado com uma pergunta bem-humorada de um dos torcedores.
- O espaço para o troféu da Copa do Brasil já está reservado?
* Thiago Benevenutte, estagiário, sob supervisão de Raphael Roque

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