R10 no Flu: treinos rápidos, vontade de largar o futebol e hábitos estranhos
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Ronaldinho foi com a delegação para o Maracanã, mas nem ficou até o fim. A postura do jogador incomodou Fred, que estava vetado pelo departamento médico mas permaneceu no estádio e, inclusive, deu um forte sermão na equipe no vestiário após a derrota. No discurso, o capitão disse que quem tivesse comprometimento com o clube deveria remar junto com o ele para a recuperação no Brasileiro.
Na rodada seguinte, contra o Coritiba, no Couto Pereira, Fred ainda não tinha condições de atuar. Mas, para dar o exemplo, viajou com a delegação e ficou no banco de reservas para ser um "auxiliar" de Enderson Moreira.
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Em 80 dias no Tricolor, Ronaldinho Gaúcho não rende em campo, fica insatisfeito com banco, pensa até em sair antes, e amigos dizem que camisa 10 quer se aposentar
Euforia, agitação, desconfiança e insatisfação. Do Fluminense, da torcida, do próprio Ronaldinho Gaúcho. Os 80 dias em que o craque pertenceu ao Tricolor, desde que assinou o contrato em julho, não foram suficientes para o meia convencer que queria realmente voltar a jogar após sua saída do mexicano Querétaro. A rescisão, na noite de segunda-feira, decidida na casa do jogador, junto ao vice de futebol Mário Bittencourt e ao agente e irmão de R10, Roberto Assis, define o fim de uma passagem apagada e frustrante do camisa 10 nas Laranjeiras, que poderia ter durado até menos. Nos bastidores, a vontade de Ronaldinho era de já ter deixado o Flu, mas Assis o convenceu a ficar.
Amigos de Ronaldinho vão além: o camisa 10 "quer largar o futebol" e não aguenta mais jogar. Na análise dos companheiros, que temem uma interferência de Assis na vontade do craque, "uma história linda não podia ser manchada dessa forma". O irmão, além de agente, é uma espécie de pai, de protetor para R10, e por isso a influência sobre o meia é grande.
Ronaldinho já queria ter deixado o Fluminense, mas Assis o convenceu a ficar (Foto: Nelson Perez / Fluminense F.C.)
A palavra usada no Fluminense foi a de que Ronaldinho foi "digno" ao expressar sua vontade de deixar o clube, reconhecendo seu baixo rendimento em campo. As últimas partidas foram determinantes para a escolha de R10. Ele ficou no banco - e nem saiu dele - na derrota por 4 a 1 para o Palmeiras, quando Enderson Moreira foi demitido; e foi reserva, mas entrou, diante da Ponte Preta e do Grêmio, já sob o comando de Eduardo Baptista. A condição de suplente o incomodou.
Ronaldinho ficou irritado com o fato de o novo técnico o deixar no banco de reservas, e a vontade de jogar foi diminuindo ainda mais. No início de sua passagem, quando realizou o primeiro treinamento no dia 27 de julho e estreou cinco dias depois, contra o Grêmio, R10 ficou desgostoso com o pouco tempo que o deixaram realizando atividades até a estreia. Ao defender o irmão há quase duas semanas, Assis chegou a falar sobre a forte cobrança sobre o meia, e que o período foi curto até sua primeira partida, mas sem mencionar o desconforto do jogador.
De lá até agora, a euforia da torcida deu lugar à insatisfação. Na vitória sobre o Goiás, no Maracanã, torcedores oscilaram entre aplaudir, como forma de incentivo, e vaiar - o que predominou - o craque. Fred pediu aplausos para Ronaldinho e disse que torcia para que ele fizesse o gol da classificação sobre o Grêmio, na próxima quarta-feira. O que não será possível...
Ronaldinho foi banco em três partidas consecutivas: contra o Palmeiras, nem entrou. A foto é do jogo com o Grêmio, pela Copa do Brasil (Foto: André Durão)
Outra situação que incomodou Ronaldinho foi o fato de as pessoas relacionarem a fase ruim do time no Campeonato Brasileiro com sua chegada ao Tricolor. A pressão constante começou a deixá-lo desgastado e com a dúvida se valeria mesmo a pena continuar jogando.
No Fluminense, a contratação de Ronaldinho dividiu opiniões. O salário fixo de cerca de R$ 400 mil, que era turbinado com adicionais, era visto como muito alto já com a desconfiança sobre o que ele poderia desempenhar. Um dirigente, que pediu para não ser identificado, opina:
- Acho que ele deveria parar.
Copos de café, cigarros, dor de garganta no Fla-Flu...
Rotina de jogador profissional parecia não mais agradar o craque (Foto: Nelson Perez / Fluminense F.C.)
A postura de Ronaldinho no dia a dia causou seu processo de desgaste no Fluminense. Os hábitos causavam certa curiosidade na comissão técnica. O jogador chegava ao clube já com o uniforme de treinamento e logo ia embora após o término da atividade, ainda de uniforme. Isto foi visto como uma forma de isolamento de um atleta que não se envolvia nas questões relacionadas ao time. Pierre e Wellington Silva eram alguns dos poucos que tinham alguma proximidade com o camisa 10. Depois de um tempo, R10 parecia mais à vontade no grupo, brincando com os mais jovens. Após a vitória passada, sobre o Goiás, Cícero disse que Ronaldo tem boa relação com todos do elenco.
Durante sua apresentação oficial como jogador do Fluminense, no dia 19 de julho, ele já havia deixado claro que não tinha intenção de ser líder.
- Eu não vim para comandar nada, vim para fazer minha parte dentro de campo e ajudar da melhor forma - afirmou.
Diante do pouco que apresentou nos primeiros jogos pelo Tricolor, ficou decidido que Ronaldinho precisaria passar por um trabalho de recondicionamento físico, o que o tirou de algumas partidas para se dedicar aos treinamentos. Mas algumas destas atividades, principalmente durante o período em que o time estava fora do Rio de Janeiro, duravam poucos minutos, o que deixou claro internamente a falta de motivação do craque.
Nos treinos matinais, algumas vezes o meia chegava ao clube bem antes do horário determinado para o restante do elenco, o que gerava a desconfiança de que não estava com o sono em dia. Os copos de café e os cigarros eram fiéis companheiros. Quando outros jogadores ainda estavam chegando, ele já havia ido embora. Apenas mais uma demonstração de que, aos 35 anos, a rotina de atleta profissional já não o cativa mais.
O Fla-Flu vencido pelo Rubro-Negro por 3 a 1 foi um dos principais pontos de atrito envolvendo Ronaldinho nesta curta passagem nas Laranjeiras. O jogador concentrou na noite anterior e no dia da partida reclamou de uma inflamação na garganta, que realmente foi constatada pelos médicos. Internamente, no entanto, a sensação é de que poderia entrar em campo se fizesse um esforço. O que não aconteceu. Até porque R10 sabia que o até então técnico Enderson Moreira já estava decidido a colocá-lo no banco de reservas.
Durante sua apresentação oficial como jogador do Fluminense, no dia 19 de julho, ele já havia deixado claro que não tinha intenção de ser líder.
- Eu não vim para comandar nada, vim para fazer minha parte dentro de campo e ajudar da melhor forma - afirmou.
Diante do pouco que apresentou nos primeiros jogos pelo Tricolor, ficou decidido que Ronaldinho precisaria passar por um trabalho de recondicionamento físico, o que o tirou de algumas partidas para se dedicar aos treinamentos. Mas algumas destas atividades, principalmente durante o período em que o time estava fora do Rio de Janeiro, duravam poucos minutos, o que deixou claro internamente a falta de motivação do craque.
Nos treinos matinais, algumas vezes o meia chegava ao clube bem antes do horário determinado para o restante do elenco, o que gerava a desconfiança de que não estava com o sono em dia. Os copos de café e os cigarros eram fiéis companheiros. Quando outros jogadores ainda estavam chegando, ele já havia ido embora. Apenas mais uma demonstração de que, aos 35 anos, a rotina de atleta profissional já não o cativa mais.
O Fla-Flu vencido pelo Rubro-Negro por 3 a 1 foi um dos principais pontos de atrito envolvendo Ronaldinho nesta curta passagem nas Laranjeiras. O jogador concentrou na noite anterior e no dia da partida reclamou de uma inflamação na garganta, que realmente foi constatada pelos médicos. Internamente, no entanto, a sensação é de que poderia entrar em campo se fizesse um esforço. O que não aconteceu. Até porque R10 sabia que o até então técnico Enderson Moreira já estava decidido a colocá-lo no banco de reservas.
Em sua única coletiva pelo Flu, antes de um jogo contra o Corinthians, Ronaldinho disse: "vai que eu faço dois gols, a paciência da torcida volta". Mas ele não jogou... (Foto: Agência Estado)
Ronaldinho foi com a delegação para o Maracanã, mas nem ficou até o fim. A postura do jogador incomodou Fred, que estava vetado pelo departamento médico mas permaneceu no estádio e, inclusive, deu um forte sermão na equipe no vestiário após a derrota. No discurso, o capitão disse que quem tivesse comprometimento com o clube deveria remar junto com o ele para a recuperação no Brasileiro.
Na rodada seguinte, contra o Coritiba, no Couto Pereira, Fred ainda não tinha condições de atuar. Mas, para dar o exemplo, viajou com a delegação e ficou no banco de reservas para ser um "auxiliar" de Enderson Moreira.
No período em que permaneceu nas Laranjeiras, Ronaldinho foi poupado em seis partidas, sempre com a justificativa de que estava aprimorando a parte física. No total, disputou nove jogos com a camisa do Flu: oito no Brasileirão e um na Copa do Brasil. Não balançou as redes nem deu assistências.
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