De Timão a Fla: veja os times do Brasil que já jogaram o mundial de basquete
O futebol se mistura com a história decisão do basquete. Corinthians e Botafogo jogaram o mundial de clubes muito antes da conquista do Flamengo em 2014
Campeão da Liga das Américas no começo deste ano sobre o Pioneros de Quintana Roo, do México, o Bauru será o time brasileiro na Copa Intercontinental da Fiba em 2015. O que pouca gente sabe é que o time bauruense é a única equipe brasileira a disputar a competição sem ter parte de sua história ligada ao futebol.
Alguns dos principais clubes do futebol brasileiro já entraram em quadra representando o Brasil, como Botafogo e Corinthians, muito antes do título de 2014 do Flamengo sobre o Maccabi. O esporte mais popular do mundo também tem relação com outros times pouco conhecidos do público, mas sim clubes tradicionais de São Paulo, como Pinheiros, Sírio e Monte Líbano.
O Bauru é o único time a disputar o mundial sem ter ligação com o futebol (Foto: Agência Estado)
Da "Capital do Basquete", Franca também jogou pelo maior título do basquete – fora da NBA – com a camisa do time de futebol da cidade, a Francana. E o único time que representou o país sem ser de São Paulo ou Rio de Janeiro também tem origem no futebol: o Vila Nova, de Goiás.
O nome da competição e a organização também mudou. Primeiramente, a Fiba foi a idealizadora, mas entre os anos 1987 e 1999, a gestão da federação internacional foi substituída por uma rede de fast food, contando com a participação de equipes da NBA e teve os brasileiros Franca em 1993 e o Vasco em seu último ano. O time Cruz-Maltino foi derrotado pelo San Antonio Spurs, da NBA: 103 a 68. Confira abaixo todos os times brasileiros que chegaram à decisão máxima do basquete e como tudo começou.
A ORIGEM
Wlamir Marques era um dos destaques da geração do Corinthians na década de 1960 (Foto: Divulgação)
A Copa Intercontinental da Fiba está de volta onde tudo começou: São Paulo. Ainda como jogo amistoso, Real Madrid e Corinthians se enfrentaram há 50 anos, com vitória do Timão: 118 a 109.
O duelo ocorreu no dia 5 de julho de 1965, no ginásio do Parque São Jorge. Naquele momento, o Brasil era uma grande potência do esporte e bicampeão mundial, tendo vencido os campeonatos nos anos de 1959 e 1963, com a geração de ouro liderada por Wlamir Marques e Amaury Pasos.
Já o Real despontava com o bicampeonato europeu e tinha o ex-técnico da seleção brasileira, Moncho Monsalve. A festa e a importância da partida foi tão grande, que dirigentes pensaram em fixar um duelo intercontinental para ver quem jogava o melhor basquete. Nascia aí o mundial interclubes.
CORINTHIANS
O Timão teve duas fases distintas na grande decisão do basquete, porém nunca foi campeão. O Alvinegro chegou três vezes à decisão entre os anos de 1966 e 1970, com uma base formada por Ubiratan, Rosa Branca e Edvar Simões, além dos destaques Wlamir e Amaury. A melhor colocação foi o segundo lugar em 1966, ano seguinte ao amistoso contra o Real Madrid, na primeira edição oficial do mundial, realizada em Madri.
20 anos mais tarde, em 1985, a equipe voltaria a um mundial, com equipe que contava com Walter Roese, Marcelo Vido, Eduardo Agra e o norte-americano Rocky Smith, todos liderados pelo técnico Claudio Mortari. O Timão fechou aquela edição em quarto lugar entre oito times.
BOTAFOGO
O clube da Estrela Solitária participou de apenas uma edição do mundial de clubes de basquete, foi em 1968. Liderado pelo pivô Emil Rached, o Fogão perdeu na estreia para o Akron Wingfoots, dos Estados Unidos e ficou sem o bronze ao ser derrotado pelo Milano: 82 a 54.
VILA NOVA
Atualmente na Série C do Campeonato Brasileiro de futebol, o Vila Nova foi o único time brasileiro a disputar o maior título do basquete nas regras Fiba sem ser paulista ou carioca. A equipe venceu a Taça Brasil em 1973, e o Sul-Americano do ano seguinte. Dodi e Marquinhos faziam parte da equipe goiana, que fechou o torneio de 1974 em terceiro lugar.
FRANCA
A história do ex-armador Hélio Rubens se confunde com a história do basquete na cidade de Franca (Foto: Divulgação / Facebook Hélio Rubens Garcia)
A cidade de Franca foi representada por duas agremiações diferentes: Amazonas e A.A. Francana, mas ambas possuíam um armador em comum: Hélio Rubens García. A primeira participação foi em 1975 e o time francano ficou com o segundo lugar. Carlão, Giannecchini e Marquinhos também faziam parte do time, liderado pelo técnico Pedroca, hoje nome do ginásio de Franca.
Com a base mantida e as adições os jovens Guerrinha e Marcelo Vido, o Amazonas voltou a jogar o Intercontinental no ano seguinte, e ficou em quarto.
Em 1977, o resultado foi o mesmo, assim como a equipe. O que mudou foi o nome, de Amazonas para Francana. E ainda com o nome da Veterana, o clube disputou o título pela última vez em 1980, perdendo o título para o Maccabi, de Israel.
SÍRIO
Fundado em 1917, o Sírio também começou as atividades visando o futebol e jogou o Paulistão 15 vezes, mas a vocação do clube era mesmo o basquete. Com seis participações no mundial, o clube criado pelos imigrantes sírios é o time brasileiro que mais vezes disputou o título. A primeira participação do time aconteceu em 1969, com Dodi, Menon, Succar, Fritz e Mosquito. A equipe ficou em terceiro. O título bateu na trave duas vezes: 1973 e 1981, e finalmente saiu em 1979.
Com Oscar, Marcel e Marquinhos, a equipe chegou à última rodada precisando vencer o KK Bosna por qualquer placar para ficar com o título. Diante do Ibirapuera lotado e uma união de torcidas de futebol, o Sírio conseguiu vencer por 100 a 98, conquistando o primeiro título brasileiro no intercontinental, chamado na época de Mundial Interclubes. A última aparição da equipe foi em 1984, em elenco que contava com Gérson, Joel, Guerrinha e Paulinho Villas-Boas.
O Sírio foi o primeiro time brasileiro a ser campeão mundial de basquete, 1979 (Foto: Divulgação / LNB)
MONTE LÍBANO
Fundado nos anos 1930 por uma dissidência do Sírio, o Monte Líbano também registrou boas aparições pelo mundial, após domínio no cenário nacional na década de 1980. Comandado por Edvar Simões, equipe tinha Cadum, Pipoka, Maury, Gérson e Marcel de Souza. Na primeira participação, em 1985, o time ficou com o vice, perdendo para o Barcelona.
Nos dois anos seguintes, o Monte Líbano terminou em quarto e quinto lugar respectivamente, mantendo praticamente a base do vice-campeonato.
PINHEIROS
Fundado como Germânia em 1899, o clube de São Paulo começou as atividades no futebol e conquistou o Campeonato Paulista uma vez, em 1906. Abandonou os campos após a profissionalização do futebol e mudou o nome para Pinheiros por força da Segunda Guerra Mundial pelo mesmo motivo que o Palestra Itália foi obrigado a virar Palmeiras: para não associar com as fascista e nazista Itália e Alemanha, respectivamente.
O tradicional clube do Jardim Europa foi um dos fundadores da Liga Nacional de Basquete e idealizador da nova era da Copa Intercontinental. Após vencer a Liga das Américas em 2013, o terceiro clube comandado por Claudio Mortari em uma decisão intercontinental enfrentou o Olympiacos, campeão da Euroliga, e perdeu as duas partidas: 81 a 70 e 86 a 69. No elenco pinheirense, destaque para os norte-americanos Shamell e Joe Smith, além do pivô Rafael Mineiro, que jogará este ano pelo Bauru.
O Pinheiros representou o Brasil na refundação da competição, em 2013 (Foto: Luiz Pires / FotoJump)
FLAMENGO
O segundo título mundial do basquete brasileiro demorou 35 anos para acontecer. Para ao já chamado Intercontinental, o Flamengo fez uma grande festa na arena da Barra e venceu o então atual campeão Pinheiros na final da Liga das Américas.
Comandado pelo jovem técnico José Neto, o Fla montou uma grande equipe com dois argentinos: Nico Laprovittola e Walter Herrmann (ouro nos Jogos Olímpicos de Atenas em 2004), além de Marquinhos, figura fácil nas convocações da seleção brasileira e o pivô norte-americano Jerome Meyinsse.
No primeiro duelo, o time não se apresentou bem, mas perdeu para o Maccabi por apenas três pontos: 66 a 69. Já no segundo jogo, o Rubro-Negro fez uma atuação de gala e levou o duelo no saldo de cestas com a vitória por 90 a 77. Os oito pontos de vantagem na soma final foram suficientes para que o Fla fosse o novo campeão mundial (veja mais no vídeo abaixo).
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