Ex-presidentes pressionam pela queda de Ney Franco no Flamengo
A diretoria do Flamengo decidiu manter o técnico Ney Franco à frente do comando da equipe mesmo após a goleada de 4 a 0 sofrida para o Internacional, resultado que manteve o time na lanterna do Campeonato Brasileiro. A decisão foi anunciada de maneira oficial na manhã desta terça-feira, durante entrevista coletiva concedida pelo diretor executivo do departamento de futebol, Felipe Ximenes.
“A análise do trabalho de um profissional é feita diariamente e não apenas baseada em um resultado. O meu trabalho também está sendo analisado diariamente, não apenas o do Ney Franco. Se ele continua à frente do elenco, é porque analisamos que assim deveria acontecer”, explicou Ximenes.
A decisão de manter Ney Franco contou com o aval do presidente Eduardo Bandeira de Mello, que está cada vez mais isolado. Ele, inclusive, vem se apegando a Ximenes no comando do futebol e o diretor executivo é amigo de Ney, com quem trabalhou no Coritiba e no Vitória. Porém, a pressão pela queda do treinador está mais forte a cada dia e ele dificilmente vai resistir a um tropeço no clássico de domingo, às 18h30 (de Brasília), diante do Botafogo, na partida que reabre o Maracanã após a Copa do Mundo, pela 12ª rodada do Brasileirão.
Nos bastidores do clube, um grupo de ex-presidentes se reuniu na noite de segunda-feira e exigiu mudanças drásticas no departamento de futebol. O grupo, liderado por Márcio Braga, conta com o apoio de Hélio Ferraz e Kléber Leite. A primeira exigência é a demissão de Ney Franco e a colocação de Marcos Brás como vice-presidente de futebol, cargo vago desde a saída de Wallim Vasconcellos. Isaías Tinoco também seria contratado para ser o supervisor do futebol.
Divulgação/Flamengo
Após a reunião um documento foi entregue a Bandeira dizendo que "Uma
grave crise se instalou no Futebol do Flamengo. O estopim foram as
vergonhosas derrotas a que assistimos sem ter como intervir, devido à
total ausência de diálogo com a atual diretoria, agravada pelo
afastamento da torcida dos estádios, por causa dos preços
estratosféricos dos ingressos, e o não comparecimento de nossa equipe à
Gávea para interagir com os associados e torcedores. Verifica-se que
realmente, o Flamengo continua sem uma estrutura e quadros que consigam
reverter este descontrole que afeta o nosso futebol. Ontem, após mais
uma derrota vergonhosa, um grupo de ex-presidentes e sócios importantes
na história do futebol do clube uniram-se para pedir-lhe hoje, a entrega
do departamento de futebol a quem entenda de vitória. O grupo que o
elegeu teve vários ex-presidentes e rubro-negros históricos que estão
sofrendo com a quebra da nossa tradição. Porém, o maior compromisso de
um rubro-negro deve ser a busca da vitória. Agora chega: não mais nos
calaremos ante a incompetência do grupo dirigente de nosso futebol, que
contratou 23 jogadores, dos quais apenas um se mostrou eficaz, mas já se
foi. Ademais, nosso orçamento está entre os 4 maiores do campeonato
brasileiro. É inaceitável que o clube campeão do mundo fique sem
liderança e se encontre sob a direção de pessoas ineptas com relação ao
nosso maior patrimônio. Precisamos reagir, doa a quem doer. No Futebol
do Flamengo não há lugar para incompetentes. Pela indignação visível no
quadro social, ou a diretoria muda, ou este processo caminha para
desfecho que se desenha dramático."
Felipe Ximenes concedeu entrevista coletiva na manhã desta terça-feira, na Gávea. Fla é o lanterna do Brasileiro
Como Bandeira optou pela manutenção de Ney Franco, a tendência é que os ex-presidentes tentem, na Justiça, tirar o presidente do cargo. O mandatário passa por um momento conturbado, já que boa parte desses ex-presidentes formaram a base que o levou ao poder em 2013.
Ney Franco sem comando
Não são apenas os ex-presidentes que querem a saída do treinador. A maior parte do elenco já não sente mais confiança no comandante e o estopim foi a decisão dele de promover o retorno do goleiro Felipe ao time titular.
Felipe havia sido barrado no empate sem gols com o Santos, antes do recesso do Campeonato Brasileiro para a disputa da Copa do Mundo. Naquela ocasião o jogador tinha faltado a um treino, o que irritou o comandante. Durante os trinta dias de treinos no Mundial, Paulo Victor trabalhou entre os titulares. Porém, faltando dois dias para o duelo contra o Atlético-PR, na semana passada, Ney cedeu à pressão de medalhões do plantel para que Felipe reassumisse a posição, em decisão que surpreendeu inclusive os jornalistas que faziam a cobertura do clube.
Quando o elenco foi comunicado da decisão de Ney Franco, a maior parte tomou as dores de Paulo Victor, o que promoveu um racha no plantel. As consequências puderam ser vistas em duas pífias atuações, nas derrotas para Atlético-PR e Internacional.
Comentários
Postar um comentário