Brasileiros explicam recusa em voltar à Ucrânia; presidente ameaça
Devido à tensão vivida na cidade de Donetsk, região da Ucrânia bem próxima à Rússia, cinco brasileiros e um argentino não se apresentaram ao Shakhtar depois de realizarem um amistoso contra o Lyon, na França. Alex Teixeira, Fred, Dentinho, Douglas Costa, Facundo Ferrera e Ismaily não arriscaram retornar ao país que vive uma instabilidade política, após um avião da Malaysia Airlines ser derrubado. O presidente do clube já ameaçou os jogadores e pediu bom senso.
“Espero que o bom senso e o coração vençam o mal-entendido e os jogadores não sigam pelo caminho da tentação e do temor. Especialmente porque não há nada para temer. Estamos prontos para garantir segurança. Não vamos correr riscos e de modo algum vamos levar os jogadores para onde seja perigoso. Nós queríamos muito jogar em Donetsk, mas, infelizmente, atualmente isso não é possível”, escreveu o presidente Rinat Akhmetov, no site oficial do clube.
Com a cidade-sede do Shakhtar em uma região de risco, o time dos brasileiros sequer tem um local definido para atuar em seus próximos compromissos. “Nós queríamos muito jogar em Donetsk, mas, infelizmente, atualmente isso não é possível. Vamos jogar apenas nos locais onde nos permitirem: preferíamos Carcóvia, mas a decisão sobre os locais de realização do campeonato é decidida pela Federação de Futebol da Ucrânia”, completou o mandatário ucraniano.
Confira a explicação de três brasileiros que não se apresentaram:
Dentinho - “Em primeiro lugar, gostaríamos de esclarecer, com base nas notícias divulgadas na data de hoje (21 de julho), que em nenhum momento a nossa decisão em não nos apresentarmos, partiu de terceiros, procuradores, ou qualquer outra pessoa. Nossa decisão foi tomada em comum acordo exclusivamente com nossos familiares antes da nossa reunião em grupo com os brasileiros do time. Queremos esclarecer que não temos nenhum problema com o clube. Sempre nos apresentamos em outras temporadas, dentro das datas, respeitando rigorosamente o que havia sido combinado com os dirigentes. Porém, desta vez, em virtude dos conflitos no País, estamos com medo e não queremos colocar em risco a vida dos nossos familiares e as nossas também”.
Divulgação/Facebook
“É
uma decisão individual. Como chefe de família penso em minha esposa e
filhos e por dinheiro nenhum do mundo vou arriscar a vida deles. Só
quero que o clube entenda que pretendo trabalhar, pretendo jogar, mas
não posso permitir que as pessoas que tanto amo corram qualquer risco.
Espero que a decisão do clube vá na direção da melhor solução. Temos
lido que as Embaixadas dos Estados Unidos, Inglaterra, Suíça e também a
do Brasil têm recomendado que as pessoas não viagem para a região. A
pergunta que eu faço é: Você mandaria seu filho neste momento para lá?”.Alex Teixeira - “Neste
momento, a maior preocupação que temos é com a segurança de todos nós e
de nossas famílias. Respeito a decisão daqueles que resolveram se
apresentar. Porém, nós procuramos os dirigentes e pedimos uma posição do
clube. Já sabemos que o aeroporto de Donetsk está fechado. Demos a
sugestão para treinarmos fora do país até tudo se acalmar. Primeiro a
oferta do clube foi de morarmos em Carcóvia, algumas horas depois nos
disseram que a decisão era a de mudarmos para Kiev. Isso nos demonstrou
muita insegurança com o planejamento. Onde iriam ficar nossas famílias,
nossos filhos?”.
Os brasileiros estavam com o Shakhtar Donetsk em um amistoso contra o Lyon, na França, neste domingo
Douglas Costa - “Quero esclarecer que não estou abandonando o clube. Estou com medo. Tudo o que a gente lê, vê ou ouve é de que a situação no país é bastante complicada. Não sabemos em quais condições podemos treinar e muito menos onde jogar. Para jogar precisamos viajar. Como vai ser nossa segurança? Não tenho nenhum problema no Shakhtar. Gosto do clube, das pessoas, da cidade, mas estou com medo de outras situações de conflito e eventualmente numa viagem, quando nos separarmos de nossos familiares, que aconteça algo pior. Lamento que tudo isso esteja acontecendo. Porém, neste momento, todos nós corremos risco de vida se estivermos na região. Conversamos com os dirigentes e nos propusemos a permanecer na Suíça para treinarmos enquanto essa situação seja resolvida. Queremos permanecer no clube só que precisamos ter uma condição de trabalho sem correr riscos”.
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