A tediosa dança das cadeiras
E é aquela velha dança das cadeiras: o sujeito é demitido aqui, assume ali, cai em seguida pra voltar ao ponto de partida. E o clube paga, ao fim da temporada, por dois ou três treinadores que trabalharam apenas alguns meses. Ou finge que paga, deixando a dívida rolar nos nossos sonolentos tribunais.
Desta vez, a vítima, considerado culpado, foi Enderson Moreira, até outro dia saudado como um jovem e revolucionário professor de futebol. E dizem, lá nos Pampas, que o veterano Felipão, de tantas glórias no Olímpico de de tamanho fracasso na Seleção, voltará ao Grêmio.
Jovens ou velhos, no fim das contas, o resultado acaba sendo o mesmo: um futebol arcaico, sem viço nem brilho, que se arrasta pelos gramados brasileiros há muito tempo, espantando o público dos estádios e os patrocinadores das camisas ilustres, o que reduz a receita e aumenta as despesas dos clubes. Submetido às gordas verbas da tv, que paga pra ter rodadas todas as quartas-feiras e domingos, nem que chova canivete, o que obriga os times à rotina de poucos treinos por semana, nosso futebol se vê encerrado nesse circulo de giz mágico.
Sim, o espetáculo é um tédio não só porque nossos professores passam de ano sem estudar a fundo o seu ofício. Mas, também, porque os clubes não lhes dão respaldo sequer pra desenvolver um trabalho empírico com o necessário tempo para que ousem mudar o braço da viola. O cara não respira, ofega, desde o instante em que assume o time, sempre à espera das trinta e sete punhaladas que reza a velha milonga portenha.
Então, meu, o negócio é o seguinte: pega, pega, pega, marca, marca, marca, que não podemos é perder. Ganhar, se possível. Mas, não podemos perder.
E o espetáculo? Quem quiser ver espetáculo, vá ao teatro, ao cinema, ao circo, ou fique em casa assistindo aos filminhos e novelas pela televisão.
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