Palmeiras inicia contagem regressiva por centenário e volta à Arena
Faltam 365 dias para o 100º aniversário da Sociedade Esportiva Palmeiras. Com o time relegado à Série B do Campeonato Brasileiro, a data cabalística ficou em segundo plano, mas deve ganhar força a partir desta segunda-feira, quando o clube inicia a contagem regressiva para o centenário ao completar 99 anos. Enquanto enfrentam rivais como Boa Esporte e Icasa, os torcedores, ansiosos, sonham não apenas com o retorno à elite do futebol nacional, mas também com a reabertura do Palestra Itália.
Confira galeria de fotos da Arena
O Palmeiras está afastado de sua casa desde 9 de julho de 2010, quando disputou amistoso com o Boca Juniors. A simples possibilidade de inaugurar a remodelada arena durante a Série B do Campeonato Brasileiro preocupou o clube, interessado em receber um time europeu de grande porte para o primeiro jogo e abrigar a seleção italiana em 2014. Oficialmente rebatizado de Allianz Parque, o estádio de 45 mil lugares, orçado em aproximadamente de R$ 500 milhões, será finalizado pela WTorre no primeiro trimestre de 2014.
O Palmeiras está afastado de sua casa desde 9 de julho de 2010, quando disputou amistoso com o Boca Juniors. A simples possibilidade de inaugurar a remodelada arena durante a Série B do Campeonato Brasileiro preocupou o clube, interessado em receber um time europeu de grande porte para o primeiro jogo e abrigar a seleção italiana em 2014. Oficialmente rebatizado de Allianz Parque, o estádio de 45 mil lugares, orçado em aproximadamente de R$ 500 milhões, será finalizado pela WTorre no primeiro trimestre de 2014.
Dias antes do aniversário de 99 anos do Palmeiras, a Gazeta Esportiva visitou as obras do antigo Palestra Itália. De acordo com a construtora, o empreendimento está 67% concluído, mas alguns pedaços da estrutura original ainda são visíveis, como os tijolos que sustentavam o antigo Jardim, hoje ocupado pelo maquinário pesado, e parte da arquibancada vizinha à Avenida Francisco Matarazzo. Jota Christianini, diretor do departamento de Acervo Histórico e Memória do clube, ficou emocionado ao ver o local ao lado da reportagem.
“Embora esteja acompanhando a construção por fotos constantemente, não esperava encontrá-la nesse estágio. É a primeira vez que tenho a noção de como vamos assistir futebol daqui para frente”, disse Christianini, comodamente instalado no camarote decorado pela construtora – os braços das poltronas, de cor preta, devem ser trocados. “Senti a mesma emoção da primeira vez que entrei aqui, há muitos anos, ainda com o campo baixo, e de quando estive na inauguração do Jardim Suspenso”, completou o diretor.
Acostumado a mandar jogos em casa própria – o Palestra Itália comprou o Parque Antárctica em 1920 -, o Palmeiras realizou a maioria de suas partidas durante os últimos três anos no Pacaembu. O campo municipal costuma ser associado ao Corinthians, mas testemunhou muitos títulos alviverdes, entre eles o paulista de 1942, conquistado sobre o São Paulo na chamada “Arrancada Heróica”. Ainda assim, o ar de provisório do estádio é inevitável para os torcedores – os fundamentalistas sentem falta de estacionar no mesmo local e de apertar as mesmas mãos no caminho para o mesmo lugar da arquibancada.
“O Pacaembu é nosso recreio. Ninguém foi campeão tantas vezes naquele estádio como a gente. Vencemos como Palestra e como Palmeiras. Mas aqui é nossa casa, feita com nosso dinheiro, nosso suor. Nunca precisamos de ninguém para comprar ou aumentar. Esse será praticamente o terceiro ou quarto estádio que estamos fazendo no mesmo lugar. O sentimento de casa, ninguém tira. Você viaja o mundo inteiro, mas sempre tem o desejo de voltar para sua própria casa. A saudade só aumenta e não vejo e hora de retornar”, disse Christianini.
O Palestra Itália mandou seus primeiros jogos no Parque Antárctica em 1917, ainda na condição de locatário. Três anos depois, com apoio da família Matarazzo, comprou o campo de futebol e grande parte do terreno da cervejaria por 500 contos de réis, uma fortuna à época. No começo, as arquibancadas eram de madeira. Em 1933, o clube inaugurou o “Stadium Palestra Itália”, com assentos de concreto. Em 1939, instalou a iluminação. No final da década de 1950, já como Palmeiras, a agremiação iniciou uma profunda reforma e, em 1964, terminou o Jardim Suspenso, com os vestiários no subsolo.
Veja curiosidades sobre o estádio
No primeiro jogo como proprietário do estádio, em 16 de maio de 1920, o Palestra Itália venceu o Mackenzie por 7 a 0
Ao longo de seus 99 anos, o clube foi campeão paulista, do Rio-São Paulo, da Copa Mercosul e da Libertadores da América dentro de casa. O estádio abrigou triunfos históricos, como a goleada por 5 a 1 sobre o Santos de Pelé em 1959, os 6 a 1 contra o Boca Juniors em 1994 e os 4 a 2 diante do Flamengo em 1999, entre várias outras vitórias. Ao listar os principais jogos, Jota Christianini, por motivos óbvios, dedica atenção especial aos 8 a 0 do Palestra Itália contra o Corinthians, maior placar da história do clássico, que provocou a saída de Alfredo Schurig, então presidente alvinegro e nome oficial da Fazendinha.
“Naquela época, as preliminares eram muito importantes. Ganhamos por 4 a 0 com o Segundo Quadro e por 8 a 0 com o time principal. Muitos dizem que foi 12 a 0 para o Palestra. Depois do jogo, os torcedores e jogadores se dirigiram à sede do clube, na Praça do Patriarca. Os atletas foram agraciados com uma sopa, esse era o prêmio pela vitória. Dizem que, em uma extravagância, a diretoria serviu vinho a todos. No caminho, os palestrinos gritavam ‘oito, oito, oito’ no bonde. Não dá para esquecer, tanto que esse placar não se repetiu nunca, nem para um lado nem para o outro”, contou.
Marcelo Ferrelli/Gazeta Press
O passado glorioso da Sociedade Esportiva Palmeiras, fundada como Palestra Itália em 1914, parece uma reminiscência no momento atual, em que as ações estão concentradas em reconduzir o time de futebol à elite do Campeonato Brasileiro. No ano do centenário, possivelmente na Série A e certamente no novo estádio, a agremiação espera consolidar sua posição no cenário nacional, abalada por dois rebaixamentos em 10 anos, e reafirmar a condição de potência.
“Série A, estádio novo e quem sabe a Libertadores no ano do centenário”, enumerou Christianini, sonhador. “Quero me cansar de dar voltas olímpicas. Eu quero precisar de oxigênio para dar volta olímpica, uma atrás da outra. O Palmeiras nasceu para vencer. No dia da mudança de nome, o então conselheiro Mário Minervino disse: ‘Não nos querem Palestra, pois seremos Palmeiras e nascemos para ser campeões’. Estão construindo um caldeirão e aqui dentro ninguém vai ganhar do Verdão. O estádio vai voltar a ser o nosso orgulho”, profetizou.
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