Sindicato revela alerta de problema no guindaste antes de acidente na Arena

Segundo presidente do Sintracon, engenheiro de produção avaliou base do equipamento e permitiu que obra seguisse. Odebrecht rebate versão

Por São Paulo
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Antônio de Sousa Ramalho, presidente do Sintracon (Sindicato dos Trabalhos nas Indústrias da Construção Civil de São Paulo), fez uma revelação importante sobre o acidente na Arena Corinthians, que matou duas pessoas na última quarta-feira. Ele disse que, horas antes da tragédia, houve um alerta de problema na base do guindaste. Mas o planejamento da obra não foi modificado. 
Segundo Ramalho, às 8h da manhã da última quarta-feira, um técnico de segurança do trabalho da obra avaliou que havia um problema na base do guindaste e chamou um engenheiro de segurança, que concordou com a avaliação inicial. Por conta disso, este procurou um engenheiro de produção, que não apontou o problema e disse que aquele era um assunto de engenharia civil. Com esta conclusão, a obra seguiu seu planejamento de colocação da última treliça da cobertura da área leste. Quatro horas depois, o guindaste caiu, atingindo três estruturas e matando duas pessoas. Ainda de acordo com Ramalho, os nomes dos envolvidos já estão com a Polícia.
Ramalho explicou ainda que, após o acidente, o Sintracon recebeu uma denúncia anônima relatando a história acima. Procurada pelo GLOBOESPORTE.COM, a Odebrecht, responsável pela construção, disse que vai se posicionar posteriormente, mas já rebateu as acusações, informando que o Sintracon responde por edificações leves, o que não seria o caso da Arena. Ramalho, em contrapartida, alegou que a maioria das empresas terceirizadas, principalmente as empreiteiras da obra, estão ligadas ao Sintracon. Agora, a Polícia Técnica faz uma perícia no local com previsão de duração de quatro horas. O procedimento começou às 10h30 da manhã desta quinta-feira. A Defesa Civil fez nova vistoria e manteve a interdição de 30% da obra.
- Ao que parece, houve um erro de cálculo na estrutura da base do guindaste. É preciso esperar a avaliação da perícia para ver se a obra poderá ser paralisada - resumiu Ramalho, explicando que somente após a perícia há como definir o rumo da obra.
Ramalho acrescentou que, apesar da denúncia, tudo precisa ser avaliado com muito cuidado, pois este tipo de procedimento ocorre o tempo todo. E, especialmente nesta obra, há uma ligação afetiva de muitos trabalhadores que torcem para o Timão.
- Temos de ter muita cautela ao analisar denúncias vindas da obra da Arena Corinthians porque aqui é uma festa. A maioria dos trabalhadores torce pelo clube, muitos trabalham 14 horas por dia sem reclamar e fazem churrasco aos fins de semana. 
Flávio Ferreira, diretor do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria da Construção Pesada, Infraestrutura e Afins do Estado de São Paulo, também rebateu a versão de Ramalho, ressaltando que acompanha a obra o tempo todo e não presenciou qualquer irregularidade. 
- Nós acompanhamos a obra desde o início. Não há nenhuma denúncia documentada. Sempre tivemos uma relação aberta com a Odebrecht. Se algo falhava, pedíamos manutenção imediatamente. A empresa sempre atendeu, o que ocorreu foi uma fatalidade. Nosso sindicato já está em contato com o Ministério Público - retrucou Ferreira.
info acidente arena corinthians - 2 (Foto: arte esporte)

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