Dirigente da Uefa aponta crescimento de receitas dos clubes brasileiros

Sefton Perry, que veio ao Brasil para falar sobre licenciamento, acredita em 
mais organização e mais investimentos, e disputa com portugueses e franceses

Sefton Perry, da Uefa, durante palestra na CBF (Foto: Martín Fernandez)Sefton Perry, da Uefa, durante palestra na CBF (Foto: Martín Fernandez)
O inglês Sefton Perry é o dirigente da Uefa que há 15 anos trabalha com licenciamento, série de regras impostas aos clubes que participam de competições da entidade. Ele veio ao Brasil para fazer uma apresentação na CBF, que agora começa a implantar o licenciamento no Brasil. Antes de dar sua palestra, Perry falou rapidamente ao GloboEsporte.com. E considerou que os times brasileiros podem competir com equipes de Portugal, França e até Itália.
GloboEsporte.com: A realidade do futebol brasileiro é de muita desigualdade. Isso pode ser um problema na hora de aplicar regras rígidas?
Sefton Perry: Não sou um especialista em futebol brasileiro, mas sei que há muito desequilíbrio. Isto não é um problema. É muito similar ao que acontece na Europa. Na Europa nós temos o Real Madrid, que é cinco vezes maior que o Corinthians, São Paulo ou Palmeiras, financeiramente, e na outra ponta nós temos as Ilhas Faroe. Onde há milhares de ovelhas, muitas pedras, e todos 12 clubes de futebol profissional e semiprofissionais. E eles conseguiram o licenciamento deles. Não importa quão grande você é, o importante é ser organizado.
Cristaldo Zé Roberto Palmeiras título (Foto: Marcos Ribolli)Dirigente da Uefa acredita no crescimento financeiro dos clubes brasileiros nos próximos anos (Foto: Marcos Ribolli)

Quais são os principais obstáculos que os clubes vão enfrentar?
- Uma coisa que os clubes precisam entender é que um prazo é um prazo e ele precisa ser cumprido. E os clubes estão acostumados a isso, porque todo domingo às 16h eles estão lá no campo, prontos para jogar. Agora, quando se trata de extracampo, eles precisam entender que 9h não pode ser 11h, que 31 de janeiro não pode ser 6 de fevereiro. Isso vai ser muito difícil, é uma questão cultural, os prazos estão lá para serem cumpridos.
Essa é uma característica do Brasil, não só do futebol brasileiro.
- Exatamente, é uma questão da sociedade. Mas, de novo, na Europa também temos essa questão. Na Grécia, na Turquia, talvez em Portugal, há países em que a cultura é mais desse jeito, e eles têm que adaptar a essas diferenças. Há dezenas de federações de futebol que estavam atrás do Muro de Berlim até 20 anos atrás. Há clubes que até pouco tempo eram do Estado, do governo, e também há clubes que têm ações na bolsa de valores. Então tivemos que achar um sistema que contemplasse todas diferenças, e isso pode ser feito no Brasil. É algo que precisa acontecer para melhorar a credibilidade do esporte, atrair patrocinadores. Você precisa convencer as pessoas de que você é profissional. Foi o que fizemos na Europa. O futebol será melhor para todos no Brasil. 
A cada ano a diferença entre clubes brasileiros e europeus só aumenta. O licenciamento vai ajudar a reduzir a distância?
- Olha. Posso responder sim e não. Certamente pode ajudar. Mas, vamos ser claros, há 12 clubes europeus que financeiramente já se descolaram de seus rivais no continente. Eles duplicaram, triplicaram, quadruplicaram suas receitas. Isso não vai mudar, porque a globalização permite que eles consigam receitas e patrocinadores no mundo inteiro. Então vocês (brasileiros) não vão competir com esses grandes, mas sim, vocês vão conseguir competir com clubes de Portugal, França, clubes médios da Itália, por que não?

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