Presidente vê São Caetano injustiçado por morte de “filho” Serginho


A Justiça comum arquivou o caso, mas o São Caetano foi duramente punido pelo STJD por causa da morte do zagueiro Serginho, no dia 27 de outubro de 2004, durante uma partida contra o São Paulo, no estádio do Morumbi. O duelo era válido pela 38ª rodada do Campeonato Brasileiro, competição pela qual o clube do ABC perdeu 24 pontos, dando adeus às possibilidades de título ou vaga na Libertadores. O veredicto é visto até hoje como uma injustiça do tribunal.
“Perdemos, deram esse tipo de suspensão e tiraram 24 pontos do São Caetano. Isso foi muito mais pra mostrar alguma coisa para o povo brasileiro, do que julgar o caso em si. A função do São Caetano era fazer os exames e isso foi feito. O Paulo (Forte) era o médico, assistido pelo Incor (Instituto do Coração), então que culpa teve o São Caetano? Se nada disso tivesse sido feito, poderiam nos julgar, mas o clube cumpriu todas as obrigações”, disse o presidente Nairo Ferreira de Souza.!

O mandatário do São Caetano em 2004, que está no cargo até hoje, baseia sua reclamação no entendimento da Justiça comum, já que o clube foi absolvido fora da esfera esportiva. “Não havia um pingo de motivo para fazer esse tipo de julgamento, isso era um problema da Justiça comum. Teve um exagero do STJD de pegar um clube para fazer sensacionalismo e mostrar alguma coisa para o futebol brasileiro, mas não mostrou nada, até porque fomos absolvidos”, completou Nairo.
Na 38ª rodada, na qual o confronto foi realizado no Morumbi, o São Caetano ocupava a quarta colocação e ainda sonhava com o título do Campeonato Brasileiro de 2004. O clube figurou nas primeiras colocações até a reta final, quando houve o julgamento do STJD confirmando a perda dos 24 pontos. Ainda assim, o clube conseguiu evitar o rebaixamento à segunda divisão, algo que aconteceria dois anos mais tarde.
Marcelo Ferrelli/Gazeta Press
Poucos dias depois, o São Ceatano foi obrigado a voltar a campo para jogar os 30 minutos restantes
A punição na Justiça desportiva, aliás, não foi o único motivo de irritação do São Caetano na ocasião. Sem tempo para assimilar o falecimento de Serginho, o clube precisou voltar a campo uma semana mais tarde para disputar os 30 minutos restantes da partida contra o São Paulo, que havia sido interrompida aos 15 do segundo tempo, com um empate sem gols. O clube do Morumbi aproveitou a falta de concentração dos jogadores do Azulão e venceu por 4 a 2.Após a trágica temporada em 2004, o clube não conseguiu mostrar a mesma força. O rebaixamento à Série B do Campeonato Brasileiro ocorreu em 2006, e o São Caetano não voltou mais à elite, se afundando no cenário nacional. A equipe do ABC caiu para a terceira divisão em 2013 e vai disputar a Série D na temporada de 2015. No Estadual, o panorama não é muito diferente: apesar do vice-campeonato em 2007, o Azulão está atualmente na Série A2 do Paulista.
A coincidência entre a tragédia envolvendo o zagueiro Serginho e o início da derrocada da equipe, porém, é completamente rechaçada pelo mandatário do clube. “Não tem nada relacionado com a morte do Serginho. O futebol mudou muito de lá para cá, o São Caetano também mudou bastante, teve os seus erros. Ainda assim quase fomos campeões paulistas em 2007. Não justifico isso com a morte do Serginho”, garantiu o presidente.
Djalma Vassão/Gazeta Press
Serginho (esq.) ao lado de Anderson Lima durante um treinamento do São Caetano na temporada de 2004
Tratamento de pai e filho
As lembranças do trágico 27 de outubro de 2004 ainda estão presentes na memória de Nairo Ferreira. O presidente acompanhou o jogador até o hospital São Luiz, na região do Morumbi, e foi o responsável por noticiar a morte do atleta ao elenco. Ao recordar os momentos vividos ao lado do jogador, o mandatário rasga elogios, alegando que considerava o zagueiro como um filho.
“Era um cara maravilhoso, alegre, que agitava o vestiário, tinha sempre uma piada diferente. Tratava o Serginho como um filho. Então, até hoje, quando falamos sobre o assunto, eu me emociono, pela pessoa, pelo caráter que ele tinha. Era bom pai, bom marido, bom profissional, uma pessoa maravilhosa que não tinha maldade nenhuma. Uma pessoa que a gente tinha o respeito muito grande”, lamentou o mandatário.
Como recordação, Nairo guarda ainda nas dependências do clube a chuteira usada por Serginho em seu último jogo. “Estava ao lado dele e ele estava morto com o uniforme do São Caetano. Fui tirar a chuteira do pé dele, a roupa estava totalmente rasgada pelos médicos de tantas massagens que fizeram. Eu só tirei a chuteira do pé dele e acabei deixando aqui no São Caetano, dentro de um quadro, para fazer uma homenagem a ele”.
Djalma Vassão/Gazeta Press
O mesmo Anderson Lima precisou ser consolado por Emerson Leão ao saber da morte do amigo no gramado

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