11 fatos e personagens do futebol sul-americano em 2015
Para celebrar o desfecho de mais um ano em que oscilamos entre o topo da Cordilheira dos Andes e a sarjeta de alguma metrópole, eis que não restou alternativa se não elaborar um apanhado de personagens e fatos que marcaram o futebol sul-americano em 2015. Um ponto interessante é que, para fazer um recorrido minimamente fiel do que sucedeu, é preciso lembrar de um punhado de técnicos que se destacaram, o que traduz a crescente CÁTEDRA presente nas casamatas espalhadas pelo continente. Obivamente, é apenas uma tentativa de escalação (onde está a festa das torcidas das divisões inferiores, que mostraram como o futebol é nobre? e os craques sudacas que abalam a Europa? e os cães em campo? e os goleiros que fingem desmaios para evitar expulsão?). Para colocar onze em campo, foi necessário cortar na carne, mas não se intimidem: lembrem do que não está abaixo nos comentários. A ordem é aleatória, pois não se trata de um ranking, mas o último tópico é dolorosamente insuperável.
Carlos Tevez
Em tempos de supremacia millonaria nas competições continentais, os torcedores do Boca Juniors receberam um emplastro de ternura ao presenciarem o retorno do ídolo Carlitos Tevez. Saído de uma temporada de esplendor pela Juventus, Tevez poderia escolher praticamente qualquer clube do mundo, mas decidiu pelo retorno ao bairro de La Boca (ainda que ganhando um salário europeu), e em poucos meses conduziu os xeneizes à conquista do campeonato nacional e da Copa Argentina.
(Foto: AP)
Tite
O incontestável campeão brasileiro da temporada teve vários destaques, mas nenhum deles simboliza mais a invejável trajetória do que Adenor Bachi. Não é exagero dizer que o técnico elevou o nível de desempenho do futebol brasileiro e seria extremamente positivo que seu trabalho em 2015 se tornasse uma espécie de divisor de águas para os inquilinos das casamatas Brasil afora. Motivos para acreditar não faltam, pois uma nova safra de técnicos já reivindica seu lugar ao sol, como Roger, a grande revelação entre os treinadores neste ano (e talvez não por acaso discípulo de Tite).
Carlos Sánchez
O meio-campista uruguaio consolidou-se como o principal condutor da equipe multicampeã do River Plate, que em menos de um ano acumulou os títulos da Sul-Americana, Recopa e Libertadores. Na temporada instável vivida pela equipe de Marcelo Gallardo, Sánchez manteve uma impressionante regularidade nas atuações, chegando inclusive a marcar gols decisivos, desempenho que o fez ser apontado como um dos principais jogadores do continente. No final da temporada, tranferiu-se para o Monterrey, do México.
Jorge Sampaoli
De tanto caminhar, Jorge Sampaoli chegou lá. Após três temporadas à frente da seleção chilena, tendo formado uma equipe extremamente competitiva que teve participação contundente na Copa do Mundo, quando ficou a centímetros de eliminar o Brasil nas oitavas, o técnico argentino conduziu La Roja para o primeiro título da sua história ao vencer a Copa América de 2015, disputada em território chileno. Disso resulta que Sampaoli é um dos técnicos mais valorizados do continente, mas apesar de estar na lista de vários clubes importantes, parece que vai continuar comandando a seleção chilena em busca de mais uma participação mundialista.
O homem do apito
Houve um momento do Brasileirão em que a principal pauta das mesas-redondas, balcões de padaria e mesas de boteco não era gols, dribles ou defesas miraculosas, mas sim as atuações calamitosas dos juízes, que se enrolaram a ponto de alterar jogos e murchar sonhos. Neste cenário, as diretrizes da tolerância zero para reclamações e do pênalti em qualquer bola que triscasse num resto de CUTÍCULA só serviram para deixar o cenário mais tenebroso. Mas atentem para a seguinte situação: enquanto se reclamar por um erro contra um gigante do futebol brasileiro e se ignorar que no estadual passado um pequeno foi trucidado pelo apito contra nosso próprio time, todos morreremos misturados na mesma sacola do choro de ocasião.
O técnico hispanohablante em solo brasileiro
O ano que se encerra ficou marcado por experiências relevantes de técnicos estrangeiros no Brasil. O trabalho mais marcante foi o de Diego Aguirre, que conquistou o Gauchão e levou o Inter à semifinal da Libertadores. Também Juan Carlos Osorio teve passagem expressiva no São Paulo. Ambos chegaram com novas ideias de encarar o futebol, o que rendeu elogios de muitos e críticas de tantos outros. Em comum, também o fato de que nenhum dos dois contava com o respaldo de suas respectivas direções. Osorio estava sendo flambado em fogo alto no Morumbi quando saiu para dirigir a seleção mexicana, enquanto Aguirre foi surpreendido com uma demissão três dias antes de um Gre-Nal (que premiaria o timing da direção colorada com um 5 a 0 para o Grêmio). A semente do INTERCÂMBIO da prancheta, no entanto, estava adubada e pelo visto deve continuar sendo regada em 2016, tanto que dois clubes jogarão a Libertadores com técnicos hispanohablantes: O Galo, com o próprio Aguirre, e o São Paulo, com Edgardo "El Patón" Bauza.
(Alexandre Lops / Divulgação)
O investigador do FBI
Tem certos dias em que a casa cai. E ela caiu como se esperava há muito tempo, devido a uma inesperada e PONTIAGUDA investida do FBI que derrubou as cartas há muito marcadas do baralho da cartolagem mundial. Depois de devastar as federações, levando toda a alta cúpula da Conmebol, por exemplo, chegou na tríade brasileira (Ricardo Teixeira, José Maria Marín e Marco Polo del Nero) e fechou o ano com chave de ouro ao afastar Joseph Blatter e Michel Platini do futebol por oito anos. No entanto, no exato momento que começamos a nos empolgar, não é a flor da esperança que surge em meio aos destroços, mas a imagem do coronel Nunes.
Fernando Prass
Remanescente do clube desde a disputa da segunda divisão em 2013, Fernando Prass acabou adquirindo a envergadura moral que o Palestra necessitava neste ano meio caótico. Se alcançou este poder de ascendência que ajudou a unificar um grupo formado na correria, Prass não esqueceu de sua função primordial: suas defesas milagrosas fizeram o Palmeiras avançar do jeito que fosse na Copa do Brasil. E, no desfecho ideal para a construção da mitologia preasseana, ainda lhe coube a cobrança de pênalti decisiva que garantiu o angustiado título da Copa do Brasil.
Uma taça para a Colômbia
Depois de múltiplas tentativas que sempre acabavam em desilusão, eis que o destino voltou a sorrir para o futebol colombiano: o Independiente Santa Fe venceu a Sul-Americana, conquistando o título um título continental, que o país não vencia desde 2004, com o Once Caldas. Nestes mais de dez anos, os colombianos apresentaram times fortes que sempre deixaram as chances escorreram como seu café premium que se esvai pelo filtro - Millonarios, o próprio Santa Fe e especialmente o Atlético Nacional. O título do time comandado por Gerardo Pelusso e eternamente capitaneado por Omar Pérez também é uma forma de espelhar no âmbito clubístico o grande momento do futebol colombiano, que conta com uma das melhores gerações de sua história.
(Divulgação Santa Fe)
El Panadero
O sonho do Boca Juniors de conquistar pela sétima vez a Libertadores acabou torrado pelas mãos de um padeiro. Adrián “El Panadero” Napolitano participou daquela VERGUENZA que mudou profundamente o rumo da Libertadores, quando soltou gás de pimenta no túnel do River Plate, na segunda partida do superclássico válido pelas oitavas da Libertadores. O Boca Juniors estava jogando muito pouco naquela época para almejar qualquer coisa muito grande, mas a dor que vai ecoar pelos séculos entre os xeneizes é a dúvida sobre o que teria acontecido se El Panadero tivesse resolvido ficar assando umas MEDIALUNAS naquela noite, bem longe da Bombonera.
Eduardo GaleanoDentre vários êxitos e muitas desventuras, uma perda se ergueu maior que tudo no futebol sul-americano em 2015: Eduardo Galeano partiu rumo a algum potrero etéreo para assistir uma pelada que jamais terá fim. O escritor uruguaio que como ninguém soube transpor para o papel o espírito futebolístico do continente faleceu no dia 13 de abril, aos 74 anos em decorrência de um câncer de pulmão. Pelo menos, Galeano teve a oportunidade de se enclausurar, como dizem que sempre fazia em época de Copa do Mundo, para assistir seu último Mundial, sediado justamente no continente que de alguma forma ajudou a lapidar.
Carlos Tevez
Em tempos de supremacia millonaria nas competições continentais, os torcedores do Boca Juniors receberam um emplastro de ternura ao presenciarem o retorno do ídolo Carlitos Tevez. Saído de uma temporada de esplendor pela Juventus, Tevez poderia escolher praticamente qualquer clube do mundo, mas decidiu pelo retorno ao bairro de La Boca (ainda que ganhando um salário europeu), e em poucos meses conduziu os xeneizes à conquista do campeonato nacional e da Copa Argentina.
(Foto: AP)
Tite
O incontestável campeão brasileiro da temporada teve vários destaques, mas nenhum deles simboliza mais a invejável trajetória do que Adenor Bachi. Não é exagero dizer que o técnico elevou o nível de desempenho do futebol brasileiro e seria extremamente positivo que seu trabalho em 2015 se tornasse uma espécie de divisor de águas para os inquilinos das casamatas Brasil afora. Motivos para acreditar não faltam, pois uma nova safra de técnicos já reivindica seu lugar ao sol, como Roger, a grande revelação entre os treinadores neste ano (e talvez não por acaso discípulo de Tite).
Carlos Sánchez
O meio-campista uruguaio consolidou-se como o principal condutor da equipe multicampeã do River Plate, que em menos de um ano acumulou os títulos da Sul-Americana, Recopa e Libertadores. Na temporada instável vivida pela equipe de Marcelo Gallardo, Sánchez manteve uma impressionante regularidade nas atuações, chegando inclusive a marcar gols decisivos, desempenho que o fez ser apontado como um dos principais jogadores do continente. No final da temporada, tranferiu-se para o Monterrey, do México.
Jorge Sampaoli
De tanto caminhar, Jorge Sampaoli chegou lá. Após três temporadas à frente da seleção chilena, tendo formado uma equipe extremamente competitiva que teve participação contundente na Copa do Mundo, quando ficou a centímetros de eliminar o Brasil nas oitavas, o técnico argentino conduziu La Roja para o primeiro título da sua história ao vencer a Copa América de 2015, disputada em território chileno. Disso resulta que Sampaoli é um dos técnicos mais valorizados do continente, mas apesar de estar na lista de vários clubes importantes, parece que vai continuar comandando a seleção chilena em busca de mais uma participação mundialista.
O homem do apito
Houve um momento do Brasileirão em que a principal pauta das mesas-redondas, balcões de padaria e mesas de boteco não era gols, dribles ou defesas miraculosas, mas sim as atuações calamitosas dos juízes, que se enrolaram a ponto de alterar jogos e murchar sonhos. Neste cenário, as diretrizes da tolerância zero para reclamações e do pênalti em qualquer bola que triscasse num resto de CUTÍCULA só serviram para deixar o cenário mais tenebroso. Mas atentem para a seguinte situação: enquanto se reclamar por um erro contra um gigante do futebol brasileiro e se ignorar que no estadual passado um pequeno foi trucidado pelo apito contra nosso próprio time, todos morreremos misturados na mesma sacola do choro de ocasião.
O técnico hispanohablante em solo brasileiro
O ano que se encerra ficou marcado por experiências relevantes de técnicos estrangeiros no Brasil. O trabalho mais marcante foi o de Diego Aguirre, que conquistou o Gauchão e levou o Inter à semifinal da Libertadores. Também Juan Carlos Osorio teve passagem expressiva no São Paulo. Ambos chegaram com novas ideias de encarar o futebol, o que rendeu elogios de muitos e críticas de tantos outros. Em comum, também o fato de que nenhum dos dois contava com o respaldo de suas respectivas direções. Osorio estava sendo flambado em fogo alto no Morumbi quando saiu para dirigir a seleção mexicana, enquanto Aguirre foi surpreendido com uma demissão três dias antes de um Gre-Nal (que premiaria o timing da direção colorada com um 5 a 0 para o Grêmio). A semente do INTERCÂMBIO da prancheta, no entanto, estava adubada e pelo visto deve continuar sendo regada em 2016, tanto que dois clubes jogarão a Libertadores com técnicos hispanohablantes: O Galo, com o próprio Aguirre, e o São Paulo, com Edgardo "El Patón" Bauza.
(Alexandre Lops / Divulgação)
O investigador do FBI
Tem certos dias em que a casa cai. E ela caiu como se esperava há muito tempo, devido a uma inesperada e PONTIAGUDA investida do FBI que derrubou as cartas há muito marcadas do baralho da cartolagem mundial. Depois de devastar as federações, levando toda a alta cúpula da Conmebol, por exemplo, chegou na tríade brasileira (Ricardo Teixeira, José Maria Marín e Marco Polo del Nero) e fechou o ano com chave de ouro ao afastar Joseph Blatter e Michel Platini do futebol por oito anos. No entanto, no exato momento que começamos a nos empolgar, não é a flor da esperança que surge em meio aos destroços, mas a imagem do coronel Nunes.
Fernando Prass
Remanescente do clube desde a disputa da segunda divisão em 2013, Fernando Prass acabou adquirindo a envergadura moral que o Palestra necessitava neste ano meio caótico. Se alcançou este poder de ascendência que ajudou a unificar um grupo formado na correria, Prass não esqueceu de sua função primordial: suas defesas milagrosas fizeram o Palmeiras avançar do jeito que fosse na Copa do Brasil. E, no desfecho ideal para a construção da mitologia preasseana, ainda lhe coube a cobrança de pênalti decisiva que garantiu o angustiado título da Copa do Brasil.
Uma taça para a Colômbia
Depois de múltiplas tentativas que sempre acabavam em desilusão, eis que o destino voltou a sorrir para o futebol colombiano: o Independiente Santa Fe venceu a Sul-Americana, conquistando o título um título continental, que o país não vencia desde 2004, com o Once Caldas. Nestes mais de dez anos, os colombianos apresentaram times fortes que sempre deixaram as chances escorreram como seu café premium que se esvai pelo filtro - Millonarios, o próprio Santa Fe e especialmente o Atlético Nacional. O título do time comandado por Gerardo Pelusso e eternamente capitaneado por Omar Pérez também é uma forma de espelhar no âmbito clubístico o grande momento do futebol colombiano, que conta com uma das melhores gerações de sua história.
(Divulgação Santa Fe)
El Panadero
O sonho do Boca Juniors de conquistar pela sétima vez a Libertadores acabou torrado pelas mãos de um padeiro. Adrián “El Panadero” Napolitano participou daquela VERGUENZA que mudou profundamente o rumo da Libertadores, quando soltou gás de pimenta no túnel do River Plate, na segunda partida do superclássico válido pelas oitavas da Libertadores. O Boca Juniors estava jogando muito pouco naquela época para almejar qualquer coisa muito grande, mas a dor que vai ecoar pelos séculos entre os xeneizes é a dúvida sobre o que teria acontecido se El Panadero tivesse resolvido ficar assando umas MEDIALUNAS naquela noite, bem longe da Bombonera.
Eduardo GaleanoDentre vários êxitos e muitas desventuras, uma perda se ergueu maior que tudo no futebol sul-americano em 2015: Eduardo Galeano partiu rumo a algum potrero etéreo para assistir uma pelada que jamais terá fim. O escritor uruguaio que como ninguém soube transpor para o papel o espírito futebolístico do continente faleceu no dia 13 de abril, aos 74 anos em decorrência de um câncer de pulmão. Pelo menos, Galeano teve a oportunidade de se enclausurar, como dizem que sempre fazia em época de Copa do Mundo, para assistir seu último Mundial, sediado justamente no continente que de alguma forma ajudou a lapidar.
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