São Caetano, Barueri e Guarani: times de pobres em terras de ricos

São Caetano, Barueri e Guarani amagam as últimas posições de suas respectivas divisões

De um lado, cidades que lideram o Brasil em diversos índices, são potências econômicas e referências em ensino e tecnologia. Dentro delas, clubes de futebol que brigaram entre os grandes no passado e hoje colecionam rebaixamentos e vexames. Essas duas realidades completamente distintas abrigam atualmente a relação entre São Caetano, Barueri e Guarani e suas respectivas cidades.



São Caetano
Dona do melhor IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) do Brasil há três anos, a cidade do ABC Paulista tem números bem melhores que a grande maioria do país. A renda per capita média de 145 mil habitantes supera dois mil reais e está entre as maiores. Na educação, São Caetano está na vice-liderança dos indicadores e investe 35% do seu orçamento no ensino, o que faz com que 76% da população adulta tenha pelo menos o ensino médio completo. A expectativa de vida não fica por menos e gira em torno de 78 anos.
Sediada dentro de todos esses índices, a Associação Desportiva São Caetano, que já foi duas vezes vice-campeã brasileira, finalista da Libertadores e campeã paulista em 2004, hoje amarga o penúltimo lugar do grupo B da terceira divisão com apenas 12 pontos e cinco rodadas em jogo.
Mais do que isso, foram dois rebaixamentos só no ano passado: para a Série A2 do Paulistão e Série C do Brasileiro e, para piorar, a Sapesp (Sindicato dos Atletas Profissionais do Estado de São Paulo) precisou intervir junto à diretoria do clube por conta de atraso de salários neste ano.

Barueri
A cidade é um dos maiores polos industriais e comerciais do Brasil e um dos grandes centros financeiros de São Paulo. Em números, Barueri é a 14° cidade mais rica do país com um produto interno bruto de R$ 26.994.700, superior a 18 capitais estaduais e a sexta maior do estado. Abriga também a Arena Barueri, um dos estádios mais modernos do Brasil, que constantemente recebe jogos dos 'gigantes' paulistas.

Daniel Romeu

Arena Barueri é uma das mais modernas do Brasil

Em contrate com tudo isso, o Grêmio Barueri, que chegou a conseguir seis acessos em seis anos e disputar a primeira divisão do Brasileiro, hoje amarga último lugar no grupo 6 da Série D, a última divisão nacional. O clube, administrado por empresários, chegou a mudar de cidade, voltou, e colecionou rebaixamentos, o último foi para a Série A3 do Paulistão.
A situação se agravou no mês passado, quando os jogadores do Barueri não entraram em campo contra o Operário-MT por conta dos dois meses de salários atrasados e quatro sem receber direitos de imagem, e o time perdeu por W.O. Como represália, a direção expulsou os atletas que lideraram o 'boicote'.

Guarani

Campinas é o terceiro município mais populoso de São Paulo, conta com indústrias e comércios de peso e destaque também no setor de serviços. O índice de desemprego é baixo se comparado se comparado a cidades vizinhas e, com renomadas instituições de ensino, a cidade é o terceiro maior polo de pesquisa e desenvolvimento do Brasil, sendo responsável por, pelo menos, 15% da produção científica nacional.
A história do Guarani não deixa por menos: o campeão brasileiro de 1978 já esteve entre os maiores do país e revelou atletas como Careca, Zenon, Neto, Evair e Amoroso. No entanto, o atual momento do clube é bem diferente. A equipe está no antepenúltimo lugar do grupo B da terceira divisão, flertando com o rebaixamento.
Nos últimos dias, o time voltou às manchetes, mas novamente por questões negativas. O clube chegou a ficar três meses sem pagar salários a jogadores, comissão técnica e funcionários, e o presidente Álvaro Negrão renunciou ao cargo na quarta-feira por meio de uma carta. Fumagalli, um dos ídolos recentes do Guarani, revelou que os jogadores estão sem dinheiro até para pagar gasolina e já recorreram aos próprios parentes.