Fã de Kimi, italiano ainda sonha com vaga e vê Massa querido na F-1

O italiano Davide Valsecchi passou os últimos três anos lutando por vitórias na GP2, principal categoria de acesso à Fórmula 1, e conquistou o título em 2012, feito também logrado por Lewis Hamilton, Nico Rosberg e Romain Grosjean. Nesta temporada, finalmente chegou à elite do automobilismo mundial, mas sua rotina mudou bastante e ele praticamente não foi à pista.
Contratado como terceiro piloto da Lotus para ser reserva de Kimi Raikkonen e Romain Grosjean, o italiano de 26 anos de idade teve seu sonho de competir na categoria frustrado pelo time, que optou por chamar o finlandês Heikki Kovalainen para substituir o compatriota campeão do Mundial de 2007, ausente das últimas duas corridas do ano para realizar uma cirurgia nas costas.
Fã de Raikkonen dentro da pista, Valsecchi achou peculiar a convivência com o piloto finlandês, apelidado de Homem de Gelo, mas no futuro espera fazer um trabalho diferente. O italiano ainda tentar conseguir uma vaga para correr na F-1 e duelar com alguns dos pilotos que já superou em categorias menores, como contou nesta entrevista à Gazeta Esportiva.net, durante o Grande Prêmio do Brasil da categoria.
O reserva da Lotus de 2013, como a maioria dos italianos fãs de automobilismo, torce para a Ferrari. E acredita que o brasileiro Felipe Massa, que em São Paulo se despediu do time depois de oito anos como titular, é uma das pessoas mais queridas na Fórmula 1, constantemente apontada como um ambiente em que a disputa de egos é quase tão grande quanto a de posições na pista.
Divulgação/GP2
Italiano Davide Valsecchi venceu a temporada de 2012 da GP2 em briga apertada com o baiano Luiz Razia

Gazeta Esportiva.net: Este foi seu primeiro ano como piloto de testes na Fórmula 1. Como foi a temporada com a Lotus? 
Davide Valsecchi: 
Foi um bom ano, obtive muita experiência, fui parte de um time realmente bom que é a Lotus. No último ano eu estava correndo, vencendo provas, lutando contra pilotos brasileiros pelo título da GP2. Estava acostumado a ter aquela boa sensação de lutar pelo topo, então ser piloto reserva é uma pena. Esse foi um problema do lado esportivo.
Gazeta Esportiva: Como é a rotina de um terceiro piloto em um fim de semana de Grande Prêmio de Fórmula 1? 
Valsecchi: 
Eu fico com a equipe, particípio de todas as reuniões. Também trabalho para uma emissora de TV italiana fazendo os comentários do lado técnico nos treinos livres, e faço os trabalhos de marketing e divulgação. Na segunda-feira de manhã, tenho uma coluna na Gazzetta dello Sport, um jornal da Itália.
Gazeta Esportiva: Não parece que você esteja muito feliz com isso. 
Valsecchi: 
Minha situação depende muito do ponto de vista. Só estou dizendo que o lado esportivo está sofrendo um pouco porque gostaria de correr, competir por algo importante, mas estou forçado a ser um piloto de testes e reserva. Não dirijo tanto o carro e durante os fins de semana de corrida eu nunca dirijo o carro.
Gazeta Esportiva: Nos últimos anos você esteve na GP2 e ganhou o campeonato de 2012. Quais são as principais diferenças entre as duas categorias? 
Valsecchi: 
Eu fiquei acostumado do jeito errado. Nos últimos três anos corri na GP2. No primeiro, ganhei a GP2 Ásia, no segundo, o Grande Prêmio de Mônaco, e no último ano ganhei o Mundial. Então me acostumei a lutar pela vitória. A grande diferença é que na F-1 é incrivelmente difícil de entrar, são os 22 melhores do mundo, e há muito mais gente nas equipes. E é isso. Você precisa de um grande apoio e um grande nome. Veja só, eu ganhei no ano passado e não consegui uma vaga. O segundo colocado foi Luiz Razia, que também não está aqui.
Gazeta Esportiva: E o que você acha de toda essa situação? Os dois melhores da temporada passada da principal categoria de acesso não conseguiram vagas na F-1. 
Valsecchi: 
Para mim não é fácil falar isso. Porque há alguns pilotos ótimos, os melhores, como Sebastian Vettel, Fernando Alonso, Kimi Raikkonen e Lewis Hamilton. E então há alguns muito bons, pelo meu ponto de vista, como Nico Hulkenberg, Romain Grosjean e Nico Rosberg. Eles estão chegando ao nível máximo. Mas com os outros eu poderia lutar facilmente. Não facilmente. Mas briguei com eles e os venci em categorias menores. Agora não consegui o apoio certo de um patrocinador. Mas vamos continuar tentando.
Gazeta Esportiva: O que você fará na próxima temporada já está decidido? 
Valsecchi: 
Não está fácil no momento, mas ainda veremos. Espero que meu time possa ter um grande futuro porque ele merece. Talvez no lado financeiro não seja o melhor time do mundo, mas na questão esportiva o carro é sempre competitivo. Eles fizeram um bom trabalho este ano.
Gazeta Esportiva: Neste ano você conviveu com o Kimi Raikkonen, um piloto que pode ser considerado pouco amistoso. Como é sua relação com ele? 
Valsecchi: 
Nós gostamos dele. Agora no fim houve um pouco de discussões dele com o time, mas todo mundo lá o ama. Ele é um cara bem singular pelo comportamento, mas gostamos. Ele é um campeão. Ele não gosta de falar tanto, não quer fazer as reuniões, o trabalho de marketing. Não quer fazer nada disso, mas é um campeão na pista e ficamos felizes por tê-lo conosco.

Divulgação
Valsecchi assinou para ser reserva da Lotus, mas só andou em sessões de testes
Gazeta Esportiva: A Itália, um dos países que mais acompanha a Fórmula 1, não possui pilotos correndo na categoria. Isso adiciona pressão a sua busca por um carro para competir? 
Valsecchi: 
Não é exatamente minha culpa que não esteja correndo na Fórmula 1. Nas categorias menores, eu obtive grandes resultados, ganhei um Mundial. Acho que eu fiz por merecer. Mas talvez meu nome não seja grande o suficiente e eu não mereça um apoio financeiro que me permita estar na Fórmula 1, então sou reserva da Lotus.

Gazeta Esportiva: Como italiano fã de automobilismo, você torcia para a Ferrari quando não estava na Fórmula 1? 
Valsecchi: 
Sou italiano, torcia um pouco para a Ferrari. Um tanto mais ou um tanto menos, todo mundo na Itália ama um pouco a Ferrari e torce pelo time. Agora apoio a Lotus, mas se tem algum outro que eu quero que vença é a Ferrari.
Gazeta Esportiva: Felipe Massa ficou oito anos na equipe e agora será substituído por Kimi. O que acha dele? 
Valsecchi: 
Eu gosto do Massa. Ele é melhor do que nós. Seu comportamento é perfeito, é um verdadeiro cavalheiro. No paddock, todo mundo gosta dele. Ele tem algo especial no comportamento para ser um homem assim. Podemos dizer se ele é campeão ou não na pista, mas no paddock todo mundo te falará que ele é um grande homem. Como brasileiro, você teve o prazer de torcer por ele por muitas temporadas. Posso dizer que é um grande homem, realmente gosto dele.
Gazeta Esportiva: Na última temporada você foi companheiro de equipe na GP2 do brasileiro Felipe Nasr, que também está buscando um lugar na Fórmula 1. O que você pode dizer dele? 
Valsecchi: 
Ele é quase um amigo para mim. Não posso dizer nada ruim porque realmente gosto dele. É um piloto muito talentoso, muito forte, vi no último ano que ele tem muito talento. Acho que pode ter um bom futuro, mas antes de chegar à Fórmula 1 precisa vencer algo na GP2. Espero que ele possa brigar pela vitória na próxima temporada, como fez este ano em que acabou perdendo o título nas últimas corridas. Acho que ele é um grande piloto e pode ser o futuro da Fórmula 1 para vocês depois de Massa. No momento, acho que sou um pouco melhor do que ele, mas ele é muito mais novo e pode ter uma grande carreira na F-1. Talvez não agora, mas em algum tempo.
Gazeta Esportiva: Esta foi sua primeira visita ao Brasil. Que impressão leva daqui? Valsecchi: Para mim seria um prazer correr aqui na Fórmula 1, é um circuito maravilhoso e gosto muito das pessoas brasileiras. Me parece que elas têm a mentalidade parecida com a dos italianos. Falar português não é fácil, mas eu falo espanhol, então quando eles me ouvem falando espanhol tentam me ajudar.

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