Técnico da seleção abre portas para Falcão no Mundial: "Dependerá dele"

Prestes a fazer a sua estreia no comando do Brasil, Serginho Schiochet revela que conversará com o camisa 12 sobre a sua continuidade com a camisa canarinho

Por Rio de Janeiro

Um dos primeiros atos de Serginho Schiochet como novo técnico da seleção brasileira foi promover o retorno do craque Falcão. Afastado do time canarinho desde que decidiu se retirar em protesto contra a má gestão na Confederação Brasileira de Futebol de Salão (CBFS), o camisa 12 foi convocado para o Super Desafio Brasil x Argentina, no dia 7 de setembro, no estádio Mané Garrincha, em Brasília. Aos 53 anos, Serginho "Bigode", como é conhecido no meio, tem o desafio de tentar convencer o melhor jogador de todos os tempos a estender a sua carreira com a amarelinha. Atualmente com 37 anos, Falcão tem dito em entrevistas que não pretende disputar o Mundial de 2016, na Colômbia, embora esteja à disposição da seleção para ajudá-la no processo de transição para a nova geração. Em entrevista ao GloboEsporte.com, Serginho Schiochet revelou que conversará com o craque a respeito da sua continuidade na seleção. A conversa acontecerá na semana do Super Desafio. Nas palavras do treinador, o futuro de Falcão com a camisa verde-amarela depende apenas dele.
Serginho Schiochet técnico Concórdia futsal (Foto: Ricardo Artifon/ACF)Serginho Schiochet substitui Ney Pereira na seleção: "O futsal vem em uma evolução boa" (Foto: Ricardo Artifon/ACF)
- Falcão é a referência, aquele jogador que dá sustento aos mais novos. Hoje, eu conto com ele na seleção. Falcão é um excelente atleta, que continua jogando no mais alto nível no Sorocaba. Sobre 2016, vai depender dele, de como ele vai estar no seu dia a dia - destacou Serginho.
Prestes a fazer a sua estreia como técnico da seleção, Serginho falou também sobre sua filosofia de trabalho, ressaltando que terá menos tempo para preparar o grupo brasileiro para o próximo Mundial, se comparado a PC Oliveira e Marcos Sorato, técnicos do Brasil nas respectivas conquistas das Copas do Mundo de 2008 e 2012. Motivado para o novo desafio, o treinador afirmou que crê que a atual diretoria da CBFS lhe dará autonomia para as convocações, diferentemente do que aconteceu com o antigo técnico, Ney Pereira, que segundo os jogadores, tinha vários dos seus convocados "barrados" por dirigentes.
Por fim, Serginho elogiou a evolução do futsal argentino, lembrando que o Super Desafio do dia 7 de setembro será um evento completamente inovador por ser em um estádio de futebol, com os jogadores atuando a céu aberto.
Falcão aplica uma lambreta no duelo entre Brasil e Croácia pela Copa Intercontinental de Futsal, em Caxias do Sul (RS) (Foto: Luciano Bergamaschi/CBFS)Falcão não joga pela seleção desde a Copa Intercontinental, no fim de 2013 (Foto: Luciano Bergamaschi/CBFS)
- Vamos definir melhor a preparação quando chegarmos lá. É possível que tenhamos que fazer algumas adaptações de treinamentos junto à comissão técnica - disse.
Confira a entrevista na íntegra:
GLOBOESPORTE.COM: Aos 37 anos, o Falcão costuma dizer em entrevistas que está sempre à disposição da seleção brasileira para ajudá-la no processo de transição para uma nova geração. Contudo, ele é categórico ao afirmar que não pretende disputar o Mundial de 2016. Você pretende conversar com ele sobre disputar mais uma Copa do Mundo?
SERGINHO: Na minha visão, o Falcão é uma peça muito importante para a seleção brasileira. Ele é a referência, aquele jogador que dá sustento aos mais novos. Já conversei com ele rapidamente, mas vamos ter uma conversa mais aprofundada em Brasília, onde falaremos sobre o futuro.
Na minha visão, o Falcão é uma peça muito importante para a seleção brasileira
Pretende convencê-lo a mudar de ideia e participar do Mundial da Colômbia?
Hoje, eu conto com ele na seleção. Falcão é um excelente atleta, que continua jogando no mais alto nível no Sorocaba. Sobre 2016, vai depender muito dele e de como ele vai estar em seu dia a dia. Vamos olhar com mais carinho para essa situação a partir de 2015.
O que esperar desse Brasil x Argentina no estádio Mané Garrincha, um evento completamente inovador e com expectativa de maior público da história do futsal?
É um evento diferente de tudo o que foi feito até agora no futsal. É uma iniciativa interessante, que tem tudo para atrair o interesse do público. Sem contar que é um confronto com a Argentina, que desperta toda aquela rivalidade. Espero que a torcida vá e que façamos um grande evento.
Em termos técnicos, o que muda em relação ao futsal tradicional praticado em ginásios, já que no Mané Garrincha haverá fatores até então inéditos como vento e sol?
Como disse, vai ser uma novidade. Chegaremos a Brasília na semana do jogo, quando faremos uma avaliação melhor da quadra e do clima. Nesta época do ano, costuma ter muito sol com clima seco em Brasília. Vamos definir melhor a preparação quando chegarmos lá. É possível que tenhamos que fazer algumas adaptações de treinamentos junto à comissão técnica.
Serginho Schiochet técnico Concórdia futsal (Foto: Ricardo Artifon/ACF)Serginho Schiochet dirige o Concórdia, time que levou ao vice-campeonato da Liga em 2013 (Foto: Ricardo Artifon/ACF)
O que falar da seleção argentina, último adversário a derrotar o Brasil em um jogo oficial e campeã das Eliminatórias Sul-Americanas em 2012? Você acha que a Argentina já está no nível das maiores potências do futsal mundial?
Tenho acompanhado de longe a evolução da Argentina. Em 2008, trabalhei com a CBFS no Mundial do Brasil e pude vê-los mais de perto. De lá para cá, eles vieram numa crescente enorme e hoje a Argentina tem uma boa seleção. Só que eu acho que Brasil, Espanha, Rússia, Iran e Portugal estão num patamar mais elevado, embora os argentinos possam jogar de igual para igual com cada um deles.
Você está assumindo a seleção brasileira a dois anos do Mundial da Colômbia, exatamente na metade do chamado "ciclo" entre os Mundiais. Pretende aproveitar algo que vinha sendo feito pela comissão técnica anterior, comandada pelo Ney Pereira?
Comparando as preparações para os Mundiais de 2008 e 2012, estamos atrasados, pois os técnicos anteriores tiveram mais tempo para montar uma seleção. Não estive presente no trabalho da última comissão, então é complicado opinar sobre o que vinha sendo feito por ela. Procurei convocar atletas experientes mesclados com jovens e outros jogadores que estão conquistando certo destaque no Brasil. Ainda não é a seleção principal, porque não posso contar com aqueles que atuam na Europa. Em outubro, teremos o Grand Prix, e aí sim eu espero contar com mais nomes e é possível que tenhamos mudanças em relação à seleção de agora. Estamos mapeando uns 30 jogadores.
 Tenho total autonomia para fazer convocações e creio que não terei problemas quanto a isso
A última comissão técnica ficou marcada pela interferência de dirigentes nas convocações, conforme divulgaram alguns jogadores. Você já conversou sobre isso com a CBFS? Tem receio que também interfiram no seu trabalho?
É complicado falar da comissão técnica anterior, pois eu não participei do seu dia a dia. O que eu posso falar é do novo sistema. Tive uma reunião com o Reinaldo (Simões, supervisor de seleções da CBFS) e com o Renan (Tavares, presidente da CBFS), e eles foram muito transparentes. Montei a comissão técnica com eles, indicando profissionais da minha confiança e estamos trabalhando em conjunto. Tenho total autonomia para fazer convocações e creio que não terei problemas quanto a isso. Havendo divergências, sentaremos sempre para conversar. Estou aberto a sugestões.
No primeiro semestre deste ano, o futsal passou por um verdadeiro turbilhão de acontecimentos. Falcão e vários outros jogadores de nome se afastaram da seleção denunciando desmandos e má gestão na CBFS. Em junho, o então presidente Aécio de Borba Vasconcelos renunciou em meio a diversas acusações, como nepotismo e apropriação indevida de recursos da CBFS. O que você achou desse movimento todo que culminou na volta dos jogadores à seleção e na posse do Renan Tavares como presidente da CBFS?
O que eu posso dizer é que, há muitos anos, o futsal vem em uma evolução muito boa. Fui atleta por 23 anos e vejo o quanto o nosso esporte evoluiu. Houve alguns questionamentos quanto ao modo de se dirigir o esporte, o que resultou em mudanças. Precisamos continuar crescendo e evoluindo, mesmo porque um dos objetivos do futsal é um dia tornar-se um esporte olímpico.
Você foi contratado para dirigir a seleção brasileira, mas continua exercendo a sua função no Concórdia ao menos até dezembro, como fora divulgado no momento da sua apresentação. Em 2015 você continua nas duas funções?
Tive conversa onde acertei que ficaria com a seleção e com o Concórdia até dezembro. Quando chegar o fim do ano, vamos conversar para traçar o planejamento de 2015, que será um ano muito importante. A ideia é que eu fique só na seleção, mas só definiremos isso mais para frente.

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