A Culpa é Nossa




Por Thiago Pinheiro

Há muitas coisas que nos impedem de avançar, seja lá qual for a situação. Em geral, acabamos por ser os nossos principais adversários. Impomo-nos dificuldades em superar desafios, quando não é a própria incapacidade de avaliar o que está acontecendo que atrasa tudo, já que, assim, não há condições de entender os erros e efetuar as mudanças. E ainda há a pior característica de todas que é imputar a culpa a fatores externos ou a terceiros.

Assim, seguimos. Seja no futebol, seja na vida, imaginando andar em linha reta, quando, de repente, a bússola aponta para o Oeste ou mesmo para o Sul, enquanto, na nossa mente, o Norte pareça estar à nossa frente.

Olhe para o Giaretta e Renan Fonseca. A discussão é se eles formam a pior zaga da história do Botafogo. Não que sejam apenas lentos, posicionam-se mal e tem dificuldades de ganhar por terra e pelo mar. Não duvido que sejam péssimos na chuva também. Imputar apenas aos dois os problemas defensivos do time é injustiça, ainda mais que é sabido que o Carleto não tem nenhuma predileção pela marcação e que aguarda ansioso o início da temporada da NFL para que possa ser confundido com um kicker. 

A falta de volantes é um problema grave no Botafogo. Embora a proteção à zaga tenha evoluído alguma coisa com o Serginho, o time vem caindo demais na parte defensiva nos últimos jogos. É inegável que o setor ofensivo melhorou, mas muito disso deve-se à chegada do Neilton - o mérito do Ricardo Gomes vem ao deixar Daniel Carvalho mais na lateral direita, onde pode triangular com Arão e o Luis Ricardo, aumentando as chances de êxito das jogadas. O problema é que isso transformou o Botafogo em uma espécie de 4-3-3, o que acabou com o meio-campo. E pior: o espaço entre os setores é gigante, fazendo com que o Botafogo perca demais as chamadas "segundas bolas", multiplicando o perigo dos ataques adversários.

Vejam a foto abaixo:


Sim, sei que é um momento isolado do jogo no segundo tempo. Mas tal situação se repetiu várias e várias vezes ao longo do jogo. Um imenso buraco no meio, o que força o time a tentar jogadas com menores chances de sucesso, como cruzamentos longe da área (tivemos 32 errados e 4 certos) ou lançamentos em um time que não jogou no contra-ataque (erramos 21 e acertamos 14).

E O RICARDO GOMES?


Hoje, dia 23 de agosto de 2015, celebra-se o início do segundo mês de Ricardo Gomes como técnico do Botafogo. Basicamente, as mudanças nesse período foram as saídas do Gilberto, Pimpão e Marcelo Mattos. Chegaram Neilton, Serginho e o Navarro. Acredito que o Neilton seja uma evolução em relação ao Pimpão, mas Serginho, apesar de tudo, perde do Marcelo Mattos. E a perda do Gilberto é grande, principalmente por o seu substituto ser o muito irregular Luis Ricardo - hoje foi um belo exemplo disso. Uma única jogada boa do lateral e fizemos o primeiro gol. Antes disso, ele havia sido um horror em todos os aspectos.

Vejam, abaixo, os números do Botafogo de Ricardo Gomes contra os do Botafogo de René e a média do time no campeonato.



Passamos a chutar menos ao gol e a trocar mais passes, sejam eles certos ou errados, enquanto a nossa posse de bola caiu. Temos cruzado mais, com bem menos qualidade e também houve uma ligeira piora nos cruzamentos. Os adversários finalizaram menos, com uma pequena melhora na posse de bola. Os passes certos diminuíram consideravelmente e os errados aumentaram. E os oponentes têm acertado quase o dobro de cruzamentos.

Claro que números jogados assim podem dizer qualquer coisa. Mas me preocupa demais o crescimento no número de cruzamentos certos dos adversários, temos sofrido demais com isso, basta ver a infantilidade do segundo gol.

E AS SUBSTITUIÇÕES?

  
40' - Diego Jardel no lugar do Elvis 
31' - Sassá no lugar do Neilton
14' - Camacho no lugar do Serginho

Talvez, mais do que a derrota, a minha preocupação maior hoje foram as substituições. Não acreditei em nenhuma delas e os gritos de "BURRO" para o Ricardo Gomes na saída do Neilton provam que eu não estou sozinho. O atacante ainda declarou que não entendeu a saída, o que comprova que foi uma escolha tática. A entrada do Camacho por si só é inexplicável, já que costuma ser uma nulidade em qualquer aspecto no campo. E manter o cansado Daniel Carvalho o tempo inteiro, bem como o Luis Henrique que não se achou em campo (com exceção do pênalti cancelado), foi inacreditável. 

E a entrada do Diego Jardel só pode significar que o treinador não viu uma única partida do Botafogo antes de ser contratado.

OS NOSSOS ERROS


A Avenida Carleto já virou ponto turístico. Todo time que nos visita faz questão de trafegá-la em alta velocidade e hoje, claro, não foi diferente. O primeiro gol surgiu no lado esquerdo, em um bote errado do lateral que ainda teve a participação do fiel escudeiro Giaretta.

No segundo gol, uma bobeira incrível do Luis Ricardo que ficou parado pedindo impedimento e acabou cedendo o escanteio. Na cobrança, mais uma pane no nosso lado esquerdo e dois jogadores deles receberam o cruzamento sozinhos na área. Gol.

O terceiro, confesso, nem vi. Estava ainda comemorando o nosso gol e, quando fui ver, tinha um jogador de branco comemorando. Em casa, no replay, vejo que conseguimos levar um contra-ataque de SAÍDA DE BOLA. 

No ataque, perdemos várias chances, principalmente o Elvis, sem goleiro, já quase na pequena área. Claro que demos azar em duas bolas na trave, mas isso não é desculpa para o time chutar 23 bolas e fazer apenas dois gols.

E A ARBITRAGEM?


O lance do Neilton, no estádio, pareceu pênalti para expulsão do zagueiro. Em casa, no replay, já não tive tanta certeza assim. Mas se você somar com o absurdo que foi o impedimento no lance do Luis Henrique, tem alguma coisa errada. Isso não pode acontecer dentro da nossa casa.

A TORCIDA


Parabéns à torcida do Botafogo, mais uma vez. Fez a sua parte, só que, para variar, o Botafogo não fez a dele. Que essas pessoas possam voltar em outra oportunidade.

LIÇÃO DE HOJE


A culpa é nossa. Só nossa.


RAPIDINHAS


1 - Como assim, ele tirou o Neilton?

2 - Daniel Carvalho, que eu pedi a saída em outro jogo, foi sensacional. Queimei a língua. Mas vai errar cruzamentos assim no treino. Foram DOZE errados.

3 - Sei não, acho que o Jefferson saiu mal no primeiro gol.

4 - Outro sensacional hoje foi o Arão. Correu bastante e voltou a chegar mais na frente. 

5 - E que passe foi aquele do Elvis para o Neilton no lance do pênalti que não foi marcado?

6 - Diego Jardel, Sassá e Camacho. Tem combinação pior para substituições?

7 - OK, legal ver o estádio cheio. Mas acordar cedo no domingo para ir ao estádio é bem esquisito. 

CRÉDITOS


Foto do campo: Fernando Lôpo

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