Pacote completo: títulos e formação carimbam sucesso da base do Bota

Há um ano no clube, técnico Eduardo Barroca analisa conquistas, comemora bom início dos jovens integrados ao profissional e crê: categoria será o futebol do Botafogo

Por Rio de Janeiro
Eduardo Barroca, Botafogo (Foto: Vitor Silva/SSPress/Botafogo)Há um ano no Botafogo, Barroca acumula conquistas no clube (Foto: Vitor Silva/SSPress/Botafogo)
Quem chegar mais cedo, nesta quinta, no Estádio Nilton Santos, vai acompanhar, a partir de 19h30, Botafogo x Fluminense pelo Carioca sub-20. É uma oportunidade para ver de perto um pouco do sucesso da garotada alvinegra, atual campeã da categoria. É a chance também de acompanhar o trabalho de Eduardo Barroca, treinador do Glorioso.

Não é exagero dizer que ele também é uma revelação. Títulos carioca e brasileiro, oito jogadores revelados e integrados aos profissionais, convocação para a seleção sub-20... Há um ano, quando assumiu os juniores do Botafogo, Barroca fazia planos, mas não imaginava tudo o que aconteceria. O sucesso repentino levou o Alvinegro a tornar-se umas das referências na categoria.

- Foi um ano muito bom, em um ano atingimos objetivos que eu não imaginava que pudéssemos atingir. Ganhamos no ano passado a Taça Guanabara, o Carioca, o Campeonato Brasileiro. Nesse ano terminamos em 5ª na Copinha, melhor colocação do Botafogo nos últimos 20 anos, e lideramos a Taça Guanabara, com melhores defesa e ataque. Além dos bons resultados, promovemos oito jogadores ao elenco profissional, sempre pregando um futebol ofensivo, bem jogado - disse Barroca, em entrevista ao GloboEsporte.com.

Em um ano, a base do Botafogo entregou o pacote completo. Conquistou títulos e revelou jogadores. Oito foram integrados recentemente ao elenco profissional: Marcelo, Marcinho, Yuri, Matheus Fernandes, Bochecha, Pachu, Renan Gorne e o goleiro Diego, que ainda disputa alguns jogos pela equipe sub-20. 

- As pessoas sempre me perguntam o que é mais importante: formar ou ganhar? Os dois têm que andar lado a a lado. Formar bem e jogar bem. Isso a gente fez e continua fazendo. Subimos oito e, mesmo com uma equipe renovada, continuamos bem e lideramos a Taça Guanabara, com os melhores números. Privilegiamos o lado técnico do jogador, com o time competitivo e bons resultados. Tem sido gratificante.

Confira a entrevista

A base é o futuro do Botafogo?

O Botafogo, mantendo esse nível na formação, tem tudo para cada vez mais ter um time com mais jogadores da base em um nível muito alto. O clube já vem fazendo isso de uma forma muito legal. Hoje são 18 ou 19 jogadores que vieram da base no elenco profissional. A tendência é cada vez ir menos ao mercado e usar mais os jogadores da base. O clube está investindo certo, dando as melhores condições à base. Hoje treinamos em General Severiano, com toda estrutura, que levou o time profissional à Libertadores. 
Jogadores como Marcelo e Matheus Fernandes chegaram prontos ao profissional...
No ano passado, o sub-20 do Botafogo jogou 75 jogos. Tirando o período de férias, isso dá uma média de um jogo a cada quatro dias, mais ou menos. Só não fomos às finais da Copa do Brasil e da OPG, quando usamos um time alternativo. É um numero extremamente alto. É importante nesse processo de formação de jogadores. Enfrentamos o Atlético-PR na Arena da Baixada, o Coritba no Couto Pereira, o Grêmio fora de casa, o Corinthians em Itaquera para mais de 10 mil pessoas e jogamos muitos clássicos. Hoje, o calendário sub-20 é muito forte, e isso faz a diferença na fase final de formação. 

Receita
 
Qualquer equipe que perde oito jogadores naturalmente terá uma queda de qualidade. Mas conseguimos manter o nível porque encontramos uma forma de jogar. Hoje jogamos com atletas nascidos em 1997, 1998 e 1999. Os jogadores que subiram agora, que nasceram em 99, têm menos espaço. Por isso marcamos jogos para eles contra as equipes profissionais da Série A do Rio, como Madureira, Volta Redonda, Nova Iguaçu... No próximo ano já estarão adaptados, com intensidade alta de jogo, e adaptados à nossa forma de jogar. 
Marcelo Botafogo (Foto: Vitor Silva / SSpress / Botafogo)Sensação na Libertadores, Marcelo foi o capitão de Barroca em 2016 (Foto: Vitor Silva / SSpress)
Sucesso no profissional
 Vai depender do momento da equipe profissional. O Marcelo teve oportunidade e foi muito bem. O Marcinho vai ter mais espaço agora. O Matheus também foi. Vai depender muito das oportunidades que aparecerem. O Botafogo tem um grupo mais experiente, mas uma hora vai surgir espaço. 

Manoel Renha
Meu contato maior é com o Renha (coordenador da base). Ele é nossa referencia. É um cara extremamente serio, com credibilidade, e lidera esse processo na reformulação da base do Botafogo. Uma vantagem muito grande é que ele tem coerência e age de uma maneira muito correta. O Eduardo Freeland (gerente da base) foi para o Cruzeiro, e o Renha olhou pra dentro e promoveu o Bruno Lazaroni. Ele não foi ao mercado. O Botafogo está formando em casa seus treinadores, como foi com o Jair. Muitos profissionais da atual comissão profissional foram formados na base Eu tenho uma percepção de que o Renha é muito importante nesse processo. Estimula muito quem está dentro, valoriza. Quando as coisas funcionam bem nesse triângulo (diretoria, comissão e jogadores), as coisas tendem a dar muito certo. 

Renan Gorne

O Botafogo tem jogadores experientes na posição. Tenho certeza que o Jair olha pra ele com carinho. É um processo de transição, precisa ter paciência. O Sassá, em 2014, teve poucas oportunidades quando subiu. O Gorne tem que continuar amadurecendo. Ele fez uma base muito boa, foi artilheiro no ano passado, mas agora está em outra realidade. O Jair certamente terá sabedoria para saber o melhor momento de usá-lo. 

Contato com Jair
Falamos com frequência sobre jogadores e jogos. Ele sempre acompanha quando pode. Temos uma relação muito próxima. 

Próxima safra
Temos um grupo muito bom de jogadores. Atletas que participaram da campanha do Brasileiro do ano passado, e agora assumiram o protagonismo, como Kanu, Alisson, Jordan. É muito importante maturar. Ainda estamos no início do ano, em março, e eles vão ter jogos importantes pela frente e vão ganhar experiência. O Jair estará observando. Todos têm condições igualitárias de ter oportunidades.
 Eduardo Barroca (o entrevistado da matéria) com o "chefe" Rogério Micale (Foto: Lucas Figueiredo / CBF)Sucesso no Botafogo levou Barroca a trabalhar com Micale na Seleção sub-20 (Foto: Lucas Figueiredo / CBF)


Clássico contra o Fluminense
Vai ser uma preliminar interessante. O Botafogo tem a melhor campanha, enquanto o Fluminense é o único time invicto da competição. O Botafogo é o líder do Grupo A, e o Fluminense o Grupo B. O Fluminense sempre vem forte pelo investimento. Acredito em um bom jogo. Quem puder chegar mais cedo ao Nilton Santos, certamente assistirá a um grande jogo. 

Auxiliar de Micale na Seleção sub-20
Foi uma experiência muito grande, muito importante. Eu já tinha ido à outra convocação no Chile. No Sul-Americano, fizemos uma primeira fase muito boa, nos classificamos antecipadamente. No hexagonal final, foi determinante o empate com o Equador numa bobeira. Depois com o Uruguai, ganhamos bem o primeiro tempo, mas tivemos um jogador expulso e tomamos um gol no final. Isso causou um peso grande. Contra a Argentina sofremos um gol aos 49 minutos do segundo tempo. Comprometeu a classificação. Mas foi uma experiência muito boa conviver com jogadores que são referências na categoria. 
Nota: em quinto lugar, o Brasil não conseguiu a classificação para o Mundial. O técnico Rogério Micale foi demitido pela CBF após o torneio. 

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