Brasil faz do Paraguai a sua nova vítima e garante vaga na Copa

A cada rodada das Eliminatórias Sul-Americanas para a Copa do Mundo, o técnico Tite ganha um novo motivo para se preocupar com a euforia em torno da Seleção Brasileira. Nesta terça-feira, por exemplo, a sua equipe foi a Itaquera e não tomou conhecimento do Paraguai. Venceu por 3 a 0, com gols do meia Philippe Coutinho no primeiro tempo e do atacante Neymar (que ainda perdeu um pênalti) e do lateral esquerdo Marcelo no segundo.
Agora matematicamente classificado para o Mundial da Rússia, em 2018, o Brasil alcançou os 33 pontos ganhos, na liderança disparada das Eliminatórias após ganhar os oito jogos que disputou com Tite à beira do campo. Os próximos serão contra Equador, dentro de casa, e Colômbia, fora, entre o final de agosto e o início de setembro.
Já o Paraguai permanece fora da zona de classificação para a Copa do Mundo, com os seus 18 pontos. Ainda sonhando com uma vaga, o time dirigido por Arce receberá o Chile e visitará o Uruguai nas rodadas seguintes.
O jogo – A Seleção Brasileira já havia amansado o sempre exigente público paulista antes mesmo de entrar em campo. A série invicta sob o comando de Tite fazia até quem não é corintiano idolatrar o treinador minutos antes de a partida contra o Paraguai começar em Itaquera. Para os torcedores do clube proprietário do estádio, a festa se estendia a jogadores como Marquinhos, Fagner e Renato Augusto – e mesmo para um adversário, o atacante Ángel Romero, reserva da equipe paraguaia.
Quando a bola rolou, o Paraguai pareceu sentir a pressão. Jogou a bola bizarramente para a lateral logo na saída de jogo, no meio-campo. Do outro lado, o Brasil contava com a tranquilidade mostrada em compromissos recentes – como quando teve paciência para alcançar uma goleada por 4 a 1 sobre o Uruguai, de virada, em Montevidéu – para superar o estilo de jogo pouco corajoso dos visitantes.
A ordem de Tite era fazer a bola rodar de um lado a outro do gramado, à procura de espaços na fechada defesa paraguaia. O capitão Neymar se mostrou a principal válvula de escape brasileira, levantando o público com as suas fintas e sendo ele próprio erguido pelos paraguaios, que o brecavam com faltas. Nas cobranças, quem aparecia bem era o goleiro Antony Silva.
O outro goleiro em campo, Alisson, permanecia com o seu uniforme verde limpo. Com somente 25% de posse de bola, o Paraguai não representava uma ameaça quando avançava à base de chutões e da velocidade de Derlis González. Sem se assustar, a torcida brasileira era mais estimulada pelos tiros de meta cobrados por Antony Silva, marcados pelos berros de “bicha”. O furor homofóbico era tamanho que fez o animado locutor de Itaquera pedir “respeito” ao oponente – e ser repreendido com vaias.
Como o placar permaneceu zerado durante mais de meia hora, os gritos de “bicha” passaram a se alternar com o silêncio quando o Brasil estava com a bola, com entusiasmo esporádico com algumas jogadas de efeito (como em um chapéu aplicado por Fagner). Aos 33 minutos, porém, Philippe Coutinho fez o público recobrar a vibração. Ele carregou a bola da direita para o meio, tabelou com Paulinho, que devolveu de calcanhar, e finalizou no canto para anotar 1 a 0.
Ao coro de “o campeão voltou”, os torcedores brasileiros só voltaram a se manifestar negativamente outra vez depois do intervalo, quando o experiente zagueiro Thiago Silva (marcado pelo choro na Copa do Mundo de 2014) substituiu o ex-corintiano Marquinhos. No Paraguai, Arce apostou no meia Óscar Romero, o irmão gêmeo de Ángel Romero, na vaga de Almirón.
Com duas peças diferentes no gramado, o jogo seguiu o mesmo. Ainda superior, a Seleção Brasileira teve a grande chance para ampliar o marcador aos cinco minutos. Neymar foi com a bola para dentro da área, passou por Paulo da Silva e caiu ao encontrar a perna de Rodrigo Rojas. Pênalti. O próprio astro do Barcelona cobrou – mal – e parou na defesa de Antony Silva.
“Neymar! Neymar! Neymar!”, apoiaram os torcedores, sem se importar por terem sido frustrados ao gravar o pênalti perdido com seus telefones celulares. O atacante justificou o voto de confiança. Aos 18 minutos, ele voltou a avançar pelo lado esquerdo da área paraguaia, deu um drible de corpo no seu marcador e chutou. A bola desviou no meio do caminho e entrou.
Pouco mais tarde, Neymar recolocou a bola na rede mais ou menos daquela distância, com uma conclusão cruzada, após dar sequência a uma jogada em que ele mesmo pareceu acreditar estar em impedimento. Com atraso – o astro brasileiro já comemorava com a bandeirinha de escanteio –, a arbitragem invalidou o que seria o terceiro gol da equipe de Tite.
Aos 30 minutos, a torcida local esqueceu o protesto contra o árbitro para ovacionar um adversário. Ángel Romero, atacante do Corinthians, substituiu Cecilio Domínguez e foi ovacionado pela parte do público mais habituada a frequentar o estádio da Zona Leste paulistana. Não muito tempo depois, todos os brasileiros já estavam unidos outra vez para gritar “olé”.
Embora a Seleção não diminuísse o ritmo, Tite resolveu mexer nos minutos finais, com as entradas de Diego Souza e Willian nas posições de Roberto Firmino e Philippe Coutinho. Segundos antes disso, houve tempo de marcar o terceiro gol. Aos 40, Marcelo foi outro a receber uma assistência de calcanhar de Paulinho e completou por cima de Antony Silva para fechar a contagem em Itaquera.
FICHA TÉCNICA
BRASIL 3 X 0 PARAGUAI
Local: Estádio de Itaquera, em São Paulo (SP)
Data: 28 de março de 2017, terça-feira
Horário: 21h45 (de Brasília)
Árbitro: Víctor Carrillo (Peru)
Assistentes: Jonny Bossio e Coty Carrera (ambos do Peru)
Público: 44.378 pagantes
Renda: R$ 12.323.925,00
Cartões amarelos: Bruno Valdez, Rodrigo Rojas e Cecilio Domínguez (Paraguai)
Gols: BRASIL: Philippe Coutinho, aos 33 minutos do primeiro tempo; Neymar, aos 18, e Marcelo, aos 40 minutos do segundo tempo
BRASIL: Alisson; Fagner, Marquinhos (Thiago Silva), Miranda e Marcelo; Casemiro, Paulinho, Philippe Coutinho (Willian), Renato Augusto e Neymar; Roberto Firmino (Diego Souza)
Técnico: Tite
PARAGUAI: Antony Silva, Bruno Valdez, Paulo da Silva, Dario Verón e Junior Alonso; Cristian Riveros, Rodrigo Rojas, Hernan Perez e Almirón (Óscar Romero); Derlis González (Federico Santander) e Cecilio Domínguez (Ángel Romero)
Técnico: Francisco Arce

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