Passaporte alvinegro: as conquistas internacionais do Botafogo

Já classificado para as oitavas de final da Libertadores da América, depois da vitória por 1 a 0 sobre o atual campeão da competição em 2016, o Nacional de Medellin, da Colômbia, o Botafogo que se prepara para enfrentar o Estudiantes em Buenos Aires no último confronto da fase de grupos vem mostrando a cada jogo que não está ali por acaso. Mas que tem DNA e pedigree. O alvinegro tem bagagem, fala o idioma das grandes copas, é viajado e já tem passaporte carimbado.


Nas várias folhas de seu passaporte, o carimbo mais importante é o de campeão da extinta Copa Conmebol em 1993. Reunindo 16 times sul-americanos em cada edição, este torneio da Confederação Sul-Americana (Conmebol) foi disputado entre 1992 e 1999, tendo sido um dos precursores da atual Copa Sul-Americana.

Na decisão, em duas partidas, o Alvinegro enfrentou o tradicional Peñarol, do Uruguai. Foram dois empates: 1 a 1 em Montevidéu e 2 a 2 no Rio. Na partida disputada no Maracanã, Eliel e Sinval marcaram para a equipe carioca, e Perdomo e Otero para os visitantes. Nos penais, o Alvinegro foi campeão com gols de Suélio, Perivaldo e André Santos. Da Silva descontou.   

Embora ainda não tenha sido  campeão da Libertadores, o time de General Severiano - e agora do Engenhão - foi o primeiro do Rio a ter disputado o torneio internacional, em 1963, como vice-campeão nacional do ano anterior. Avançou à semifinal. Dez anos depois, graças ao segundo lugar no Brasileirão-1972, foi semifinalista da Libertadores-1973. Campeão do Brasil de 1995, participou da edição do torneio continental do ano seguinte, quando caiu nas oitavas-de-final. 

Em 2014, chegou à competição com a quarta posição no Brasileiro-2013. Na Pré-Libertadores, eliminou o Deportivo Quito (Equador) e chegou à fase de grupos, mas foi eliminado. Na atual edição, superou em seguida dois ex-campeões da Libertadores na fase preliminar - Colo-Colo (CHI) e Olimpia (PAR) - para subir à fase de grupos. Garantido em sua chave e vai disputar pelo menos as oitavas de final.

Além disso, havia se qualificado para a edição de 1969 (através da conquista da Taça Brasil de 1968), mas Brasil e Argentina não inscreveram representantes, por discordarem do regulamento.

A estrela solitária brilhou nos céus e nos campos em uma série de outras competições internacionais extra-oficiais, porém importantes. Em especial nas décadas de 50 a 70, eram muito comuns os torneios internacionais como o Teresa Herrera, o de Paris, o Ramon Carranza e as competições em países como Venezuela, Chile ou México.

Uma das conquistas mais importantes do Alvinegro nesta época ocorreu em 1963, na capital francesa. Um ano depois do bicampeonato mundial da seleção brasileira no Chile, alguns dos astros daquela campanha, como Garrincha, Amarildo, Zagallo e Nilton Santos, construíram a vitória por 3 a 2 sobre o Racing, dono da casa, na final. Quarentinha, Jair Bala e Amarildo assinalaram os gols.

Já em 1967, em Caracas, o time brilhou no triangular Pequena Taça do Mundo, ao derrotar o Barcelona por 3 a 2 na final (o outro participante era o Peñarol). Airton Beleza, Gerson e Paulo Cesar (estes dois futuros tricampeões mundiais no México, em 1970) foram os autores dos gols. No mesmo torneio, o Alvinegro foi campeão em 1968, diante da seleção argentina (1 a 0), e em 1970, contra o Spartak, de Moscou (2 a 1). Há torcedores do clube que consideram estes troféus o seu tricampeonato mundial de clubes oficioso.

Botafogo campeão Tereza Herrera 1996Décadas mais tarde, já nos anos 90, em agosto de 1996, na Espanha, o Botafogo se tornou um dos poucos clubes do futebol do país - juntamente com Vasco, São Paulo, Santos e Fluminense - a já terem erguido o Teresa Herrera, realizado desde 1946, em La Coruña.

Na final, uma curiosidade. Tanto o Botafogo, campeão brasileiro de 1995, quanto a Juventus, campeã da Liga dos Campeões-1996, tinham apenas camisas listradas em preto e branco para vestir. Com o uniforme do La Coruña, mas com seus calções e meias, o time carioca empatou com o italiano em 4 a 4, num jogaço. Pelo Botafogo, marcaram o ídolo e goleador Túlio Maravilha (três) e França; e pelo Juventus, o brasileiro Amoroso (três) e Vieri. Nos pênaltis, o goleiro Wagner foi um paredão, e a equipe levou a melhor por 3 a 0, gols de Wilson Goiano, Gottardo e Souza. Na mesma excursão, os alvinegros levantaram também as taças Nikkon Ham, em Osaka (Japão), e Presidente da Rússia, na cidade russa de Vladikavkaz.

* Cláudio Nogueira é jornalista do SporTV e autor dos livros "Futebol Brasil Memória - De Oscar Cox a Leônidas da Silva", "Os dez mais do Vasco da Gama" e "Vamos todos cantar de coração: os 100 anos do futebol no Vasco da Gama" (e-book)
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