Avião não parou para reabastecer por causa de atraso, diz filho do copiloto
Aeronave da Chapecoense colocaria mais combustível na cidade de Cobija, mas plano mudou após demora do voo que fez o trajeto entre São Paulo e Santa Cruz
Avião da Lamia com a Chapecoense seguia rumo a Medellín (Foto: Reprodução Twitter)
Em uma entrevista reveladora ao site boliviano "El Deber", Bruno Fernando Goytia Gómez, filho do copiloto Ovar Goytia, afirmou nesta quarta-feira que o avião da Lamia que sofreu o acidente com a Chapecoense na Colômbia só não parou para reabastecer no caminho porque houve atraso no voo comercial que fez o trajeto de São Paulo até Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia.
Segundo o jovem de 18 anos, o plano inicial era que a aeronave da Lamia parasse na cidade de Cobija, no norte da Bolívia, onde colocaria mais combustível antes de seguir voo para Medellín. No entanto, como o voo da BoA (Boliviana de Aviación) atrasou cerca de 50 minutos para sair do Brasil, optou-se por abastecer completamente o avião e ir direto para o destino final. O motivo seria a impossibilidade do aeroporto de Cobija para receber voos à noite, por falta de iluminação adequada.
- Pelo que eu tinha entendido, haveria uma escala em Cobija. Mas o avião que estava trazendo os jogadores da Chapecoense a Bolívia teve um atraso. Então, não podia aterrissar em Cobija, não há operações noturnas em Cobija, pois não há luz na pista, tomou-se esta decisão de encher o tanque por completo. Além disso, os jogadores tinha que treinar. E dava para chegar até lá, mas colocaram em espera e isso consumiu todo o combustível - disse Bruno.
Segundo informações técnicas do próprio site da Lamia, a autonomia máxima do avião modelo British-Aerospace BAE-Avro 146 é de 2.965km de distância. Ou seja, praticamente a mesma distância de 2.975km em linha reta entre os aeroportos de Santa Cruz de la Sierra e Medellín, deixando o combustível no limite para a viagem. No entanto, um outro avião, da companhia Viva Colômbia, teve vazamento de combustível no mesmo momento, também solicitou emergência para o pouso e ganhou prioridade, obrigando o voo da Chapecoense a dar voltas no ar em espera.
- Tomaram a decisão de encher o tanque por completo, coisa que não se costuma fazer, mas seria possível fazer o pouso, tanto que caíram a apenas 17 milhas do aeroporto, que são três ou cinco minutos. Mas o tráfego de espera acabou consumindo todo o combustível que restava. Mas temos de esperar a investigação das caixas pretas para saber o que de fato ocorreu no acidente - disse o filho do copiloto da Lamia.
Mais cedo nesta quarta, o general boliviano Gustavo Vargas, diretor da Lamia, afirmou que as cidades de Cobija e Bogotá, capital da Colômbia, eram alternativas para o reabastecimento no meio do caso houvesse necessidade. O desastre aéreo da Chapecoense, que iria enfrentar o Atlético Nacional de Medellín pela final da Copa Sul-Americana, deixou 71 mortos e seis feridos, entre jogadores do time brasileiro, membros da comissão técnica, dirigentes convidados, jornalistas e tripulação.
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