Grandes zebras finalistas da Libertadores




















Apesar de todo o espanto, especialmente depois da vitória incontestável na Bombonera, o Independiente del Valle não é um pioneiro. Antes do time equatoriano chegar à final, muitos outros franco-atiradores abriram, na base do facão
 e contragolpe, a picada estreita e sinuosa que leva à decisão da Libertadores.Eis, portanto, uma lista das maiores zebras que assombraram o continente e chegaram na última contenda rumo ao topo da Cordilheira. 

Sempre lembrando, é claro, que o conceito de zebra é NEBULOSO. 
Mesmo com tímida tradição na competição, quase todos os times listados abaixo contavam com grandes formações quando decidiram a Libertadores. O critério também é peculiar e não considera azarões os clubes de grandezas nacionais. Por exemplo, Universitário (do Peru) e Barcelona (do Equador) ficam de fora porque desde sempre são gigantes em suas realidades. Bueno, chega de conversa que já está parecendo visita do IBGE. 

Unión Española (Chile) – 1975
Vice, perdendo para o Independiente
A primeira zebra flamejante a se perfilar para tentar levantar a Libertadores foi a Unión Española, ainda que naquela época não fosse exatamente uma surpresa. Los hispanos viviam a melhor fase de sua história nos anos 1970 – das onze vezes que disputaram a Libertadores, cinco foram naquela década, quando também venceram três dos seus sete títulos nacionais. Após uma primeira fase tranquila, no triangular semifinal o time chileno passou pelos peruanos do Universitario e pela Liga de Quito. Do outro lado, mesmo entrando direto na semifinal, o Independiente teve caminho mais complicado, e precisou deixar para trás Cruzeiro e Rosário Central. Na final, após uma vitória para cada lado, o Rojo venceu o desempate e conquistou aquele que já era seu sexto título de Libertadores, o quarto de forma consecutiva (feito jamais repetido).

Cobreloa (Chile) – 1981 e 1982
Vice em ambas, perdendo para Flamengo e Peñarol
Hoje parece loucura acreditar, mas o Cobreloa chegou a disputar duas finais de Libertadores consecutivas. No Brasil, ficaram marcados pela história de Anselmo revidando à volência do zagueiro Mario Soto, na decisão contra o Flamengo, mas é bom salientar que o Cobreloa foi o time mais vencedor do Chile na década de 1980. Embalados pela extração de cobre na cidade de Calama, Los zorros del desierto (maior apelido) viveram ali sua época dourada. Além de quatro títulos nacionais conquistados naquela década, alcançaram um recorde que se mantém até hoje no Chile (e em quase todo o mundo): uma invencibilidade de SEIS anos (ou 91 partidas) jogando como mandante, de 1980 a 1985. Naquela época, o Cobreloa contava com alguns dos maiores nomes de sua história, como Enzo Escobar, Victor Merello e Hector Puebla, maior ídolo do clube, jogador que mais jogou com a camisa naranja, que devido ao fôlego impressionante tinha o apelido de SIETE PULMONES. Em 1981, perderam para o esquadrão rubro-negro e no ano seguinte foram derrubados pelo Peñarol.




















Argentinos Juniors (Argentina) - 
1985
Campeão, vencendo o América de Cali
O modesto time do bairro porteño de La Paternal é uma das maiores surpresas da história da Libertadores e a primeira zebra a realizar o sonho de embalar a copa na garupa. Ainda que, como a maioria nesta lista, fosse uma zebra RELATIVA. O time que revelou Maradona ao mundo na época era bicampeão argentino sob o comando técnico de Cláudio Borghi e esteve a oito minutos de vencer o mundial contra a Juventus de Michel Platini, empatando em 2 a 2 no tempo normal e perdendo apenas nas penalidades. Na final continental de 1986, título já esmiuçado aqui no blog, bateu o América de Cáli, que iniciava ali seu inglório tabu de três finais perdidas de forma seguida.

São Caetano (Brasil) - 2002
Vice, perdendo para o Olimpia
Para desespero e taquicardia dos fanáticos vovôs da Bengala Azul, aquele São Caetano que assombrou o Brasil no começo dos anos 2000 parou na marca dos pênaltis na decisão da Libertadores. Após peregrinar pelo continente batendo equipes do porte de Cerro Porteño, Universidad Católica, Peñarol e América do México, o Azulão encontrou na final ninguém menos que o Olimpia, que vivia o ano de seu centenário, fato que gerou desconfiança extrema em relação a algumas decisões da arbitragem a seu favor ao longo da competição. Na final, o time brasileiro, treinado por Jair Picerni e que tinha um trepidante ataque formado por Somália e Anaílson, não apenas venceu o primeiro jogo, no Defensores del Chaco, como saiu na frente na segunda partida, mas sofreu a virada, naufragou nas penalidades e viu o gigante paraguaio levantar sua terceira Libertadores, a última conquistada.


Once Caldas (Colômbia) - 2004
Campeão, vencendo o Boca Juniors
Talvez a maior surpresa da história da Libertadores, a zebra blanca de Palogrande pisou forte no relvado em 2004. Deixou estropiados pelo caminho gigantes como Santos e São Paulo e na final enfrentou o Boca Juniors, embalado por eliminar o rival River Plate nas semifinais. E percebam que era o auge DAQUELE Boca Juniors de Carlos Bianchi, que havia vencido três Libertadores nos últimos quatro anos. Sem qualquer pudor, o Once Caldas avançava graças a um estoico FERROLHO: na fase de mata-mata, a partir das oitavas, foram SEIS empates e apenas duas vitórias, seis gols marcados e apenas quatro sofridos. Enfrentou três campeões mundiais e não perdeu um jogo sequer, até vencer um título histórico e imprensável. Elkin Soto e Amulfo Valentierra eram destaques do time e marcavam gols decisivos e, quando tudo mais falhava, o arqueiro Juan Carlos Henao brilhava nas penalidades como jamais voltaria a brilhar na sua vida, desde então justificada.



Atlético-PR (Brasil) - 2005
Vice, perdendo para o São Paulo
A melhor fase da história do Furacão, coroada com o título Brasileiro de 2001, marcou também a ascensão do clube paranaense no cenário continental. Das quatro Libertadores que participou, três foram naquela época (2000, 2002 e 2005, além da última, em 2014). A edição de 2005 foi aquela em que a glória esteve mais próxima e até hoje a sensação de QUASE ecoa entre as araucárias. Depois de passar por Cerro Porteño, Santos e Chivas nos mata-matas, deparou-se com o São Paulo, que desde 94 estava apartado das finais libertadoras. Então, deu-se o famoso perrengue com a Conmebol, que vetou a utilização da Arena, inaugurada apenas seis anos antes, porque não dispunha da capacidade mínima exigida, 40 mil torcedores. Assim, a primeira partida decisiva teve o BEIRA-RIO como insólito palco. O Furacão apenas empatou o primeiro jogo e na volta digamos que foi, para usarmos de certo academicismo, um pouco SOVADO pelo São Paulo, que venceu por 4 a 0 e levou o tri.

Nacional (Paraguai) - 2014
Vice, perdendo para o San Lorenzo
A edição de Libertadores mais UNDERGROUND de todos os tempos reservou as quatro vagas nas semifinais para ninguém menos que Bolívar, San Lorenzo, Defensor e Nacional QUERIDO. Liderada pelo mitológico arqueiro NACHO DON, seis anos com a camisa 1 de “La Academia”, e contando com bons jogadores, como Piris, Orué, Benítez e Bareiro, a esquadra paraguaia perfilou-se para uma onírica final diante do San Lorenzo. Foram dois jogos encardidos (e até feios, diriam os desprovidos de coração), com empate em 1 a 1 no Defensores del Chaco e vitória azulgrana por 1 a 0 em Buenos Aires. Por muito pouco, cerca de meia cuia de tererê, o furor nacionalófilo, eternamente em nossos corações graças aomelhor site de clubes disponível na internet em todos os hemisférios, não tomou conta da América. O sentimento tricolor e a tormenta de pixels que surra as retinas, no entanto, jamais serão apagados da memória.

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