O dia em que os jogadores do Botafogo vibraram (pelados) com a eliminação do Fla diante de Cabañas


Baita história apurada pelo cracaço Diego Rodrigues especialmente para o blog.
O clássico Botafogo x Flamengo acaba de completar 100 anos de vida. Um jogador pode traduzir muito bem o espírito de rivalidade. Aos 36 anos, o volante Túlio, hoje no Sobradinho-DF, ainda guarda lembranças dos dias difíceis contra o Fla. Se acostumou a ouvir o quase apelido de “chororô” Brasil afora. Em 2008, após perder a Taça Guanabara para os rubro-negros, jogadores e comissão técnica do Bota se reuniram em entrevista coletiva para reclamar da arbitragem. Alguns se emocionaram e choraram.
- Vai ficar marcado. Até hoje acho que foi necessário tomar alguma atitude. Não foi nada planejado, foi instantâneo. Se tivesse planejado seria de uma forma diferente. O que a gente queria era chamar a atenção para o que, a meu ver, estava visível. Estávamos sendo prejudicados pela arbitragem. Nosso time era muito superior, mas chegava em campo e as coisas se igualavam. Ao meu ver, mais pela arbitragem que pela força do Flamengo – ainda reclama o jogador.
Mas no mesmo ano foi pela televisão que o troco veio. Pelas oitavas de final da Taça Libertadores, a vantagem era do Flamengo contra o América do México. Fora de casa os cariocas venceram por 4 a 2. Em casa, poderiam até perder por 2 a 0 ou 3 a 1 que estariam com a vaga garantida. O problema é que não combinaram com o carrasco Cabañas, autor de dois gols naquele dia 7 de maio. Ao fim do jogo, os atletas rubro-negros não contiveram as lágrimas. E os botafoguenses, acompanhando tudo pela televisão em um hotel em Minas Gerais onde estavam concentrados, caíram na gargalhada.
- Na hora que saiu o terceiro gol do América-MEX e acabou o jogo, a primeira coisa que vimos foi o Bruno (goleiro) dando a entrevista. Ele começou a chorar. A maioria do nosso time não se conteve. Uns saíram gritando no corredor. Estávamos sendo sacaneados durante um tempo, e ele (Bruno) começou a chorar. Nego saiu pelado pelo corredor. Era um hotel em que todos os quartos tinham um vão no meio, com todo mundo de frente para o outro. Dava para todo mundo ver, todo mundo gritando. Uns chamavam o Bruno de chorão – conta às gargalhadas.
O volante era tão avesso ao rival que foi capaz de contar uma história assombrosa para a filha não cair na tentação de torcer para o Fla. Nos contos, sempre tratou a equipe da Gávea como uma bruxa. A lição de casa foi aprendida. Hoje com oito anos, ela é botafoguense. E passa adiante os ensinamentos do pai.
- Com certeza a história serviu muito. Ela é botafoguense, e hoje não suporta falar do Flamengo. A história que contei foi porque ela ia para a escola e muitas amiguinhas eram flamenguistas. Ela chegava falando que era Botafogo e via que a maioria era Flamengo. Eu tinha que fazer alguma coisa. Aí tive que contar a história para mostrar para ela. Não queria passar pelo constrangimento de ter uma flamenguista em casa.
Túlio torcia para o Santos na infância. Virou botafoguense. E as lembranças do episódio do choro, somadas a rivalidade contra o Flamengo não vão sair da memória. Mesmo que ele tente.
- Aqui em Brasília, os torcedores do Flamengo quando me encontram lembram dos episódios contra o time deles. Sou tratado pelos botafoguenses muito bem e os flamenguistas dão uma sacaneada. Sempre em relação ao chororô. Um dia tinha um cara na arquibancada enchendo o saco: “Túlio chororô”. Levei com bom humor. Aí vem o cara no fim do treino e pede para tirar foto comigo. Falei: “Tu me enche o saco o treino inteiro e pede para tirar foto?” Mas tirei numa boa. Eu levo na brincadeira. O torcedor faz parte do futebol. Dentro do limite, claro. Se levar para a violência, aí não.

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