Santos explica saída de Jair, descarta estrangeiros e mira dois nomes
O presidente José Carlos Peres e o executivo de futebol Ricardo Gomes convocaram uma entrevista coletiva para explicar a demissão do técnico Jair Ventura nesta segunda-feira, no CT Rei Pelé. A decisão foi de Peres. O diretor gostaria de oferecer mais tempo ao treinador no Santos.
“Ressalto que o Jair teve uma passagem responsável, grande profissional, mas na vida há um ciclo. E às vezes o ciclo é longo e às vezes curto. Tivemos uma retomada já antes da parada para a Copa do Mundo. Sentimos que a equipe não estava caminhando bem no Campeonato Brasileiro, lembrando das classificações para a Copa do Brasil e Libertadores. Time não engrenou, houve a vitória contra o Fluminense e nossa expectativa era muito grande no retorno. Seria uma retomada. Percebemos que o time não engrenou e chegamos à conclusão de fazer essa modificação. Ricardo está conosco há três semanas e eu assumi essa posição. Isso vinha sendo estudado há um bom tempo, em função do desempenho da equipe. Decisão foi minha, preservando o Ricardo. Daqui para frente é dele, ele pode explicar o momento e daqui para frente. Tentei segurar o Jair Ventura, que é jovem e tem futuro muito grande. Só que chegou um momento que nos deparamos com uma decisão”, disse Peres.
“Ou paramos ou vamos enfrentar mais turbulência, até porque o futebol exige tomadas de decisão todos os dias. Tive que rever meus conceitos e saber que o momento era de mudança. Por isso nós decidimos pela não permanência do Jair, ressaltando o profissional de futuro muito grande. Futebol é cíclico e exige resultados. Resultados não estavam bons, torcida fez grande pressão e não foi por isso a decisão. Fizemos nossa análise e achamos que era melhor o Jair seguir a vida e o Santos continuar do lado de cá. Desejo do fundo do coração que o Jair consiga se recolocar o mais rápido possível e seguir a carreira, que poderá ser brilhante. Infelizmente os resultados não vieram. Essa explanação que eu gostaria de fazer a todos vocês”, completou o presidente.
Ricardo Gomes não criou qualquer polêmica e destacou que está há menos tempo no clube e, por isso, a decisão competia mais ao presidente José Carlos Peres.
“Tenho que entender a situação do clube. Eu passei por essa situação como treinador. É triste, mas é a vida. E espero que isso não aconteça mais uma vez. A decisão foi tomada e agora temos que encontrar um nome para ficar um tempo muito maior. Essa cultura do futebol brasileiro, que vocês conhecem melhor do que eu… Eu como jogador vi isso no Brasil e quando volto como treinador, em outra cultura… Cultura mais ou menos, porque isso é novo. Tomara que a gente consiga encontrar dessa vez um nome que fique no Santos por um bom tempo. Algo simples, mas importante para todos nós”, explicou Ricardo Gomes.
“Discutimos na madrugada, manhã… Vim dessa parte na carreira, 22 anos, ponderei com o presidente, mas ele estava convicto da decisão. Algumas frases, mas entendo a posição do clube. São três semanas desde cheguei contra um processo. Vocês estavam questionando a decisão do Jair quando eu cheguei. Lembrei dessa. É a história da cultura. Peço ajuda de vocês porque participei de todo o processo com a pergunta desde a chegada. Talvez possamos mudar dessa forma. Se eu conseguir encontrar um nome para ficar um ano e meio e dois anos, vou sair de cabeça erguida. Três treinadores no ano passado e todo mundo perde”, emendou.
Sem técnico estrangeiro
O Santos não vai atrás de treinadores internacionais neste momento. O pouco espaço para adaptação, em meio a jogos quarta e domingo e decisões, é a justificativa.
“Gosto da modernidade, quero fazer um Santos atuante, moderno e exposto como marca. A vinda de um técnico estrangeiro significa novidade, mas temos decisão na quarta, decisão com Cruzeiro, Libertadores em seguida… Isso exige que tenha algum nome que possa conhecer mais o futebol brasileiro, mais dentro do perfil do momento. Conversamos bastante, Ricardo tem penetração internacional fantástica, conhece os países da Europa e os disponíveis… Mas estamos indo para o lado prático. Começamos a montar uma lista agora há pouco e será escolhido quem mais se adequar neste momento. Adaptação mais rápida e conhecendo bem o futebol brasileiro”, afirmou o presidente.
Perfil desejado e dois nomes na mira
“Clube tem DNA Ofensivo. Mas futebol mudou bastante. Eu ainda sou do tempo romântico, com todos no ataque. Time do Pelé, Coutinho, Pepe, Zito, time ofensivo que tomava e sofria muitos gols. Essa ofensividade pode acontecer de novo, talvez não na mesma intensidade. França é ofensiva, mas marcando e se defendendo também. Técnico ofensivo é difícil no mundo. É inteligência, explorar ponto fraco, jogadas treinadas… Uma série de fatores que acabavam resultado no êxito final”, analisou Peres.
“Resultados. Temos que encontrar um treinador que tenha as características que a torcida pede e resultados, competência no dia a dia. Gestão não é só parte tática, é muita coisa. Vestiário, comportamento diário, muita coisa que envolve o longo prazo. O principal é o resultado. Encontrar um nome que preencha todos os requisitos. Não quero explicar daqui a dois meses o inexplicável. Aconteceu no ano passado e não só no Santos, a grande maioria. É cultura do futebol brasileiro. Santos até tem poucos treinadores passando nos últimos anos. Três no ano passado, mas lembro dos adversários e eu como adversário, poucos treinadores eu conheci. Profissionais gabaritados que podem suprir todas as exigências. Vou apresentar um treinador, contrato de um ano e meio, dois anos e meio, e chega na décima rodada tem uma vitória? Explicarei o inexplicável. Tenho dois nomes e terei grande possibilidade de sucesso”, concluiu Ricardo Gomes.
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