Artilheiro da Copa América, ídolo de Pelé parou no Palmeiras chileno

Zizinho foi o ídolo do maior jogador de futebol todos os tempos. Admirado por Pelé, ele é um dos artilheiros da Copa América e encerrou a carreira com a camisa (verde) do Audax Italiano, time fundado em Santiago do Chile por imigrantes do país europeu no começo do século XX, a exemplo da Sociedade Esportiva Palmeiras.
Pela Seleção Brasileira, Thomaz Soares da Silva marcou 17 gols nas edições de 1942, 1945, 1946, 1949 (único título), 1953 e 1957 do antigo Campeonato Sul-Americano, embrião da Copa América. O argentino Norberto Mendez fez o mesmo número de tentos em 1945, 1946 e 1947.
Tricampeão estadual pelo Flamengo (1942, 1943 e 1944), Zizinho disputou a Copa do Mundo de 1950 como protagonista e foi titular na dramática derrota diante do Uruguai. Enquanto ele era consolado pelo goleiro Maspoli no gramado Maracanã, Dondinho chorava em Bauru.
“Quando eu era garoto, procurava imitar dois jogadores, o Dondinho, meu pai, e o Zizinho. Ele era um atleta completo. Atuava na meia, no ataque, marcava e cabeceava bem. Driblava como poucos e sabia armar. Além de tudo, não tinha medo de cara feia”, disse Pelé em declarações publicadas pelo jornal A Gazeta Esportiva.
Acervo/Gazeta Press
Zizinho (segundo jogador agachado da esquerda para a direita) antes da final da Copa 1950 contra o Uruguai
Zizinho, falecido em 2002, atribuía sua ausência na Copa da Suíça 1954 a um desentendimento com a Confederação Brasileira de Desportos (CBD), ocorrido no Sul-Americano de Lima 1953. Ele ainda dizia ter recusado uma possível convocação para o Mundial da Suécia 1958, perdendo a chance de ser campeão ao lado de Pelé.
“Tomei essa decisão por uma questão de caráter. Eles me chamaram três dias antes do embarque e queriam cortar um garoto (o meio-campista Moacir, do Flamengo, então com 22 anos). Eu iria tirar o lugar de um menino que já estava com o passaporte pronto? Não achava justo”, afirmou Mestre Ziza, anos depois.
Com o Santos, Pelé disputou o Campeonato Paulista pela primeira vez em 1957 – ele encerrou a carreira com 10 títulos do torneio. Então com 36 anos, ao lado de nomes como Poy, De Sordi, Mauro, Gino e Canhoteiro, Zizinho foi campeão estadual pelo São Paulo ao vencer o Corinthians na decisão.
Após defender o time tricolor de forma bem-sucedida, Zizinho teve uma rápida passagem pelo Uberaba e foi para o Audax Italiano. Pela equipe de Santiago do Chile, um dos melhores jogadores da história, maior ídolo de Pelé, encerrou sua carreira no futebol.
Acervo/Gazeta Press
Craques Zizinho, Leônidas da Silva e Jair da Rosa Pinto antes de partida pela seleção carioca, no ano de 1942
O Audax Club Ciclista Italiano foi fundado em 1910 por Ruggero Cozzi, Alberto Caffi e Amato Ruggieri, três jovens imigrantes. Dedicada em seu início ao ciclismo, esporte tradicional no país europeu, a agremiação incluiu o futebol em 1921 e mudou o nome para Audax Club Sportivo Italiano.
Criado para representar a colônia, o clube teve sua primeira sede em uma pequena, modesta e escura sala do Centro Democrático Italiano. No início, a agremiação adotou como escudo a Cruz de Savoia, símbolo da família real italiana, assim como a Sociedade Esportiva Palmeiras, fato lembrado no site oficial do Audax.
Atualmente, além de uma roda de bicicleta em alusão à própria origem, o clube conhecido como "Prima Squadra" tem no símbolo as três cores da bandeira italiana e usa camisas verdes. Diferentemente do Palestra Itália, o Audax não precisou mudar de nome, já que o envolvimento do Chile na Segunda Guerra Mundial foi significativamente menor que o do Brasil.
Divulgação
Brasileiro Sergio Santos defende Audax Italiano
O Audax Italiano foi campeão nacional em 1936, 1946, 1948, 1957. Zizinho não chegou a conquistar títulos pelo time chileno e encerrou a carreira em 1962. Como técnico da Seleção, ganhou os Jogos Pan-Americanos da Cidade do México 1975 e participou das Olimpíadas de Montreal 1976. Já afastado do futebol, se aposentou como funcionário público do Estado do Rio de Janeiro.
“De uma coisa, tenho certeza: não fui melhor que Pelé. Ele era um jogador fora de série”, disse Zizinho, autor de um livro sobre a própria trajetória e amigo dos algozes uruguaios de 1950 até o fim da vida. “Não tem fantasma nenhum. Ao contrário do que muitos dizem, perdemos para uma equipe fantástica”, afirmou.
Radicado em Niterói, Zizinho costumava jogar uma pelada no domingo com outros ex-atletas e frequentar rodas de samba. Ele morreu em 2002, com 80 anos, de enfarte. O brasileiro Sérgio Santos, mais conhecido como Sergi, depois de passar pelas categorias de base do Audax Italiano, hoje veste a camisa usada pelo ídolo de Pelé no final de sua carreira.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Grêmio vence Libertad e encaminha vaga para as quartas da Libertadores 2019.

10 ARGUMENTOS QUE OS FLAMENGUISTAS USAM APÓS PASSAR VERGONHA NO FUTEBOL

Com nipo-africano, clube luta pelo acesso no futebol de São Paulo